Poesia e pensamentos livres

Mostrar mensagens com a etiqueta prosa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta prosa. Mostrar todas as mensagens

Tenho-te aqui, para mim, a tempo inteiro, neste espaço como qualquer outro, mas especial para nós. Um lugar sem mascaras, sem tabus, onde libertamos a mente e o corpo, onde abríamos a nossa alma aos sonhos e nos deixamos invadir por sensações que experimentamos sem hipócritas vergonhas, falsos pudores ou dispensáveis medos.
Tenho-te aqui, perdida nessa fronteira entre consciente e inconsciente, de alma despida entregando-te a mim como te entregas a ti própria, enlouquecendo uma anatomia que não se importa com mais nada, com absolutamente mais coisa nenhuma.
AH! Se pudesses por um momento viajar em mim, entrar no âmago do meu pensamento, percorrer as minhas fantasias, nesse momento saberias! Não! Não quero a tua alma – esse ser invisível que nem sempre entendo –. Quero o teu corpo! Esse retiro de sensualidade, no qual renasço e com o qual sempre experimento o mais perfeito dos entendimentos.
Quero ser esse viajante que trespassou os céus, cruzou os desertos, enfrentou a profundeza dos oceanos, e agora descansa. Descansa sem pressa de nova partida, descansa num corpo que tocará como tocou as nuvens, que trespassará como trespassou os oceanos, que beberá saciando a sua sede como o fez nesses oásis que o mantiveram vivo no deserto.
Observo o teu corpo despido, prostrado nesse leito mágico onde se fundem as almas. Sussurras algumas palavras num tom suave, pausado, não escuto, mas os meus lábios fazem esses gestos de quem tudo entendeu (sorrio para ti), mas continuo com os olhos fechados, imaginando-te como se não estivesses ali, procurando-te no infinito, sonhando-te antes de te ter. E nessa clarividente cegueira, fundo-me no teu corpo com a mesma intensidade com que o sol aquece a madrugada, perco-me na tua pele como uma frágil abelha se perde à procura do mel nas pétalas da mais preciosa flor. Fico sem reacção quando me tocas como quando somos apanhados por uma tempestade inesperada que nos imunda até a alma. Percorro as tuas entranhas como um rio que desagua no mar e nele se funde como parte de um todo inseparável e sou essa peça de um puzzle que encaixa perfeita nas outras, sem espaços, sem brechas por onde possa passar um pequeno raio de luz.
Abro os olhos, e vejo o teu corpo, sou invadido por essa necessidade de partir, de cruzar essa ponte entre a angústia e a evasão. Iniciar essa viajem onde esquecemos o tempo lá fora, esse tempo que agora é o ritmo dos meus dedos deslizando sobre a tua pele macia, das palavras sussurradas, da paixão que flúi de um ser para outro ser, de energias que se esgotam lentamente no interior de dois corpos.
Tomo-te minha. Elevo os teus seios a colinas, onde o prazer se reclina dócil e desço as minhas mãos suavemente no teu corpo trémulo, ofegante, que se entrega numa rendição Incondicional nesse espaço de suada eternidade. Deixa-me perder-me devagarinho na maciez do teu corpo como se entrasse num palácio forrado da mais fina seda. Sente os aromas do meu desejo a impregnar todos os pontos que toco do teu corpo. Quero sentir a implosão do universo nessas paredes que tremem e pulsam como se conquistadas por um exército silencioso. Serás minha nesse vislumbre de infinito, e nesse momento parado, sem tempo, seremos: conquistador e conquistado, rei e servo, vencedor e vencido, senhor e mendigo, predador e presa, singular e plural, tudo e nada, todos os seres do mundo e apenas nós.
Arranca-me às minhas próprias entranhas para te verter nas tuas, como o fruto que penetra na terra feita semente de todos os inícios. Toma-me! Liberta-te em mim como se todos os teus átomos se desagregassem no teu grito de libertação, descanso desta guerra confinada a esse exíguo espaço onde só existimos tu e eu e o desejo de esquecer a realidade lá fora.
Dá-me! Sim quero receber o que de mais belo me podes dar. Liberta-te! E descansa com o que de melhor existe em mim percorrendo as profundezas do teu ser. Entrega-te, e abraça-me no teu grito, porque nesse momento eu serei a noite última e primeira do teu destino, o teu verso de eternidade, o teu silêncio de liberdade o teu instante de profunda paz.

Não! Não vou partir, não vou escapar deste leito encharcado onde descansamos. Quando o teu primeiro suspiro se pronunciar suave pela manhã, partirei, levantarei a âncora das memórias do vivido, mas será tarde demais, estarei para sempre prisioneiro da esperança de me perder outra vez em mim mesmo e em ti.

29-07-2008



As palavras são de facto uma arma poderosa, eu sei, como elas podem ter o poder de enaltecer ou destruir, já proferi e já escutei. Agora, dizer apenas aquelas palavras que se sentem e que dão um sentido e um proveito, isso é toda uma arte completamente diferente, que dificilmente alguém dominará por completo, ou não fosse por vezes o silêncio de ouro. Sempre respeitei o poder que podem assumir em quem as leia e lhes dê algum valor, mas não consigo resistir-lhes, são a amante secreta a quem confidencio todas as minhas paixões, essa amante que me faz explodir como um vulcão libertando-me dessa lava abrasadora que necessito expelir para o exterior como sussurros de vida.

Estas palavras que agora vos deixo, são esses sussurros, gritos amordaçados de múltiplos seres coexistentes na mesma alma, gemidos inaudíveis de corpos suados pelo êxtase de orgias num leito de sonhos.

Que vos posso dizer que já não saibam e que eu saiba com toda a certeza? Absolutamente nada! Quem pensa que tem respostas para um assunto, descobrirá na aurora de um novo dia que apenas deu alguns passos na periferia da sua ignorância.

Unicamente vos posso transmitir o que hoje tenho por certo e seguro, que não existem sonhos impossíveis, que o impossível é um conceito inventado por todos os que um dia deixaram de sonhar, que os verdadeiros obstáculos à felicidade vivem quase sempre dentro de nós, e que espero que o fluir do tempo nunca me dê razões para questionar esta certeza.

Podemos ser esse sol que morre diariamente no horizonte, mas que renasce no dia seguinte como símbolo do contínuo fluir da natureza, se deixar-nos que a luz que oriente os nossos passos resulte da erupção desses “vulcões” interiores que julgamos extintos. E na sua lava incandescente encontraremos a arma para a aniquilação do nosso adormecimento, a força de um corpo renascido em cujas veias corre o sangue dos sonhos que ninguém ousará impedir-nos de concretizar na direcção do nosso destino.

Tantas vezes me cruzei com almas que no limite do desespero me referiram o quanto desejariam libertar-se das amarras inibidoras que a sociedade coloca à expressão individual das nossas vontades. Que vivem uma vida diferente daquela que desejam, uma existência monótona sem uma faísca que acenda o rastilho da esperança, e permita essa explosão que será a génese da libertação do seu verdadeiro eu. Crianças presas em corpos adultos, amputadas na sua capacidade de ser crianças, corações congelados presos numa jaula onde não choram para não demonstrar o que pensam ser fraqueza.

Ninguém nesta vida está imune a este tipo de sentimentos, eu também os experimentei, até que entendi que existem presos que de facto o são porque foram condenados, e outros porque não querem ser livres com medo das consequências duma liberdade que temem usar.

Atingi nesse momento a perfeição da “minha loucura”.

Descobri que errar é inevitável quando se está vivo, e que isso só representa um problema quando paramos para viver a amargura do erro e deixamos de caminhar até que a vida nos leve a cometer outro. Que a essência da vida não está na continuidade duradoura da sua excelência, mas nesses efémeros momentos em que a nossa harmonia e paz interior parecem capazes de parar o tempo, em que saímos dessa jaula onde nos colocamos em exílio voluntário e mais uma vez ousamos assumir o fantástico risco de errar.

É errado não errar, uma dia descobriremos (e quem sabe tarde demais) que enquanto nos preocupamos em não chorar com medo de “demonstrar fraqueza”, enquanto ambicionamos a continua excelência, deixamos ir os segundos, as horas, os dias, e com estes o que perdemos é a própria vida.

Isso descobri porque a vida apesar de ser um bom professor, nos envia contas terríveis, porque apesar de muitas vezes ter tentado e não ter conseguido, muitas foram as vezes em que valeu a pena tentar, e nessa ponte entre erro e erro, vou acumulando memórias, plantando palmeiras e acrescentando gotas de água cristalina a esse oásis interior onde me refugiarei aquando da partida para a aventura de uma outra qualquer vida seja ela qual for.

Não tenhamos qualquer dúvida que em períodos mais ou menos duradouros o ”amorfo” fará parte da nossa existência. Eu acho que "apenas" um milhão de pequenas coisas me podem fazer feliz (talvez mais), não as quero todas de uma vez, óbvio, quero que a vida as vá trazendo e que eu as consiga achar sempre que puder. Felicidade às prestações, em pequenas doses de consumo imediato, sob mil e uma formas diferentes... em que algumas serão importantes percepcionar, experimentar mais do que uma vez. A felicidade não tem certamente a mesma expressão aos 10 anos, aos 20, nem aos 30, 40, 60, etc... a felicidade tem de ser mutável e flexível, cada dia repensada e transformada.
É quase impossível que o nosso caminho não se torne numa rotina, mais cedo ou mais tarde, e infelizes daqueles que não se conformam com isso ou pensam que o quotidiano repetitivo implica uma mente adormecida. O escape, a recolha, as sensações vêm sim, não de múltiplos caminhos percorridos (a vida nunca chegará para tudo isso), mas de inúmeras formas de "alucinação" que se podem obter, ou não fosse a música, a literatura e as imagens, dos bens mais preciosos que alguém pode ter e experimentar, tal como sentir, ver, ouvir e cheirar nos trazem o mundo para dentro de nós.
É essencial, vital acrescentar a tudo isso, sem escassez, amizades e amores, algumas graças e desgraças, alguns risos e algumas lágrimas: miríades de hipóteses sensoriais para os nossos cinco sentidos - “...não viver a monotonia sem convulsões (...), que o teu rosto anónimo não esconda as almas de quantos de ti estiveram perto...” – não cair na apatia nem na ignorância.
Convém que a nossa sede do que não temos, não nos leve a um labirinto, que no fim não sejamos a dor de ninguém, que o nosso perfil não seja uma máscara e que a nossa luz não tenha trejeitos torpes. A busca do “eu”, deverá ser apenas até ao horizonte visível, “elusiva e discretamente altiva”, para que o sabor que dela tenhamos não traga um pasmo silencioso, mas sim o esplendor de um diamante em eterna lapidação

Não viver a vida de ninguém nem fazer ninguém viver a nossa vida, guardar e preservar o espaço que cada um deve, pode, tem de ocupar.

“...Por mais que a vontade de pequenos deuses pálidos e fulvos talhe em profusas lápides o contrário, e a sua persistência os tenha por Senhores, o sangue que impele estas veias é MEU....”

A todos aqueles que ainda não descobriram o seu rumo, que ainda não se aperceberam que só têm uma oportunidade para a realização dos seus sonhos, tenho sempre a mesma mensagem - nunca é tarde para ser feliz -, a felicidade não é uma opção é uma obrigatoriedade, e só depende de nós mesmos e de mais ninguém.
Tudo aquilo que não fizermos por nós ninguém o fará, e a melhor altura para tocar o “Clarim da Revolta” é o dia de hoje porque ontem seguramente não foi possível escutar o maravilhoso som que dele sempre emana.
O conformismo gera tristezas e desilusões, a revolta sempre foi a alavanca da mudança, e por vezes o único caminho na direcção à felicidade.
Por vezes não entendo aqueles que dizem “não tenho tempo”, a maior parte das vezes esta expressão disfarça uma cobardia tremenda para aquilo que gostávamos mas não conseguimos fazer, como se a culpa para todos os nossos males fosse o tempo que passa, quando o que devemos é estar gratos por cada dia em que temos o privilégio de estar vivos.
É pena contudo que por vezes deixemos para trás o que poderiam ser os mais belos momentos da nossa vida. Olhamos para o que já é passado e nos interrogamos sobre o que perdemos! nesses instantes a nossa lucidez cria uma sucessão ilimitada de imagens, lapsos temporais que perdemos porque os inevitáveis erros do passado, e o medo do futuro, não nos deixaram ser livres para experimentar um maravilhoso presente.
Retumbantes êxitos de grandes homens devem-se a pequenos mas raros momentos em que puseram de lado a razão e entregaram-se à arte de viver, errando o mais possível e acertando outras tantas vezes. Acredito que um dos segredos da vida está em aproveitar a ocasião quando ela se nos apresenta e não pensar, porque quando pensamos estragamos o momento e com isso a excitação e a magia que é estar vivos.
É necessário nunca perder a esperança, porque onde não existe esperança não existe qualquer esforço que resulte.
Acredito na vitória de qualquer ser humano (quaisquer que sejam as lutas que desejem travar), como acreditei na minha, porque ela existe no coração de todas as pessoas, “porque quem acredita sonha, quem sonha vive, e quem vive pode mudar o seu mundo e ser feliz”.

Não queiram ver um dia na vossa campa a seguinte inscrição:

“Morri, não chorem, não me chamem, eu estarei longe e tudo o que fizerem e disserem será em vão, vocês foram a causa da minha desgraça, da minha solidão, mas onde quer que eu esteja eu ficarei bem e perdoarei o que me fizeram sofrer e serei sempre aquilo que vocês me fizeram ser.......”

Abracemos as oportunidades sem medos, porque se virarmos as costas à luz que nelas se encontra, a única coisa que veremos é esse corpo inerte a que chamamos de sombra. Cada vez que mentimos a nós mesmos para evitar um esforço, a manta sob a qual nos escondemos torna-se um pouco maior, até esse dia em que sucumbiremos à sua escuridão. A pior coisa que se pode fazer na vida é fugir de nós mesmos, mais cedo ou mais tarde encontramo-nos, e quem sabe já tão cansados, que não vamos ter forças para entender que

“nas montanhas da felicidade nunca se faz uma escalada inútil”.

Revoltem-se! Deixem essa jaula “virtual”, soltem a criança que existe em vós para que possa outra vez correr atrás das borboletas e não deixem apagar dos vossos lábios a pureza de um sorriso, afastar dos vossos olhos a serenidade de um olhar, escapar do vosso coração a ânsia pela vida.

E se nada mais resultar entreguem a vossa alma à poesia, porque neste mundo das palavras ninguém nos pode colocar algemas e afastar–nos da nossa paz.

Neste lapso de tempo em que escrevi estas singelas palavras, a vida aconteceu, convivi com um passado que não se repete, um presente que já passou, e um futuro que desejei quando escrevia no presente. A magia deste lapso de tempo nunca dependerá das palavras que aqui deixo, mas do facto de, mais uma vez,o ter vivido com a paixão de quem a ele se entregou.

23-06-2008


Ah! Se as palavras me ajudassem…

Não! Não vou dar-te um qualquer objecto atado por fitas da cor dessa hipocrisia purificante, de quem embrulha materialismos esperando comprar o que nunca estará à venda.
Neste papel em branco, sem vida, irão fluir pinceladas de sentimentos, serão aniquiladas barreiras que impeçam a minha alma de voar até ti, nas asas de um poema que desejo fazer em mim.
Talvez não tenha o génio necessário para criar "esse poema", mas inicio esta viagem com a força de todos os sonhos do mundo, desejoso que a luz do sol me oriente no caminho, e que a paz da noite me traga a esperança de poder dar um sopro de vida às palavras que te quero deixar num papel eterno.
QUERO dar-te algo que SEJA REALMENTE TEU! Que nasça DO MELHOR QUE EXISTA EM MIM!

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Tudo começou um dia, numa sala dolorosamente ruidosa, onde o tempo parou.
Não existia mundo lá fora! Passado presente e futuro confinado a quatro paredes com cores de dor e esperança. Senti, como nunca tinha sentido até aí, a mais devastadora impotência e soltei todos os meus medos em gritos de silêncio. Entre lágrima e lágrima deixei-me viajar na memória, viagem que fazemos sem nos ausentarmos donde estamos e que tão longe nos leva entre lembranças e instantes vividos.
Revisitei todos os momentos que antecederam aquele momento, A RAZÃO DE ESTAR ALI.
E de repente tudo ficou claro, à minha frente o brotar de uma semente, o desabrochar de uma flor, a doce melodia da inocência nos mais belos olhos que só em sonhos imaginava. Na minha mão senti dedos frágeis, desenhados num sonho de eternidade, e no meu coração ecoava a beleza dos primeiros sons de quem rompeu com coragem as fronteiras de um corpo, abandonou o divino sangue maternal e se fez CRIANÇA.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Recordo a emoção do momento em que nos meus braços senti a fragilidade desse corpo acabado de nascer, a surpresa dos primeiros passos toscos e desequilibrados e a celebração aquando da libertação definitiva da fralda.
Revivo a alegria dos primeiros dentes nascidos e a manifestação de coragem por cada um que tombava como guerreiro morto em campo de batalha, merecedor de um memorial especial honrando a sua bravura… não fosse a fada dos dentes aparecer!
Revisito os tempos em que cantou, dançou e representou, subiu às árvores, magoou os joelhos, sujou o mais possível as roupas rebolando no chão como qualquer criança com direito a sê-lo.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Deixo-me voar nas memórias desse tempo de partilha dum universo infinito, um mundo sem impossíveis coberto por um céu da mais harmoniosa paz.
Construímos palácios encantados, nos seus jardins colhemos flores mágicas que se convertiam em amuletos contra bruxas malvadas que congeminavam para aniquilar a nossa felicidade. Mas não existia magia eficaz contra os nossos superiores poderes e nada impedia que qualquer história tivesse um final feliz, O NOSSO.
Inventávamos brincadeiras! Naves espaciais construídas de esquecidos e velhos jornais partiam para os planetas mais distantes, lá dentro, dois intrépidos astronautas desafiando esse céu desconhecido. Na dispensa, esse espaço sem vida que existe em todas as casas, vizinhos partilhavam problemas e trocavam objectos, e quando partiam, eu, era esse "touro mecânico", onde desafiavas a gravidade e o equilíbrio.
Lembras-te de quando o poder da nossa mente fazia aparecer os objectos que não sabias onde tinhas deixado? - Vamos puxar forte pai! - Dizias. E quando duas pedras eram os dardos velozes e certeiros – bem... às vezes nem tanto! - que atingiam uma qualquer árvore escolhida na natureza, essa natureza amiga que nos fornecia as personagens necessárias à construção de um universo mágico.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

A vida não pára! Enquanto eu trilhava os caminhos deste mundo, já tu tinhas a mochila às costas e partias com passos decididos em direcção à escola.
Agora, é-me impossível ter outro pensamento que não o mesmo de sempre: CRESCESTE! Ainda há pouco tempo habitavas outro corpo, depois o meu colo, as discussões de quem já diz existo! Agora começas a construir o teu espaço, esse pedaço de “terra” marcada pelos teus passos cujas pegadas construirão a tua história.
Mas és e serás sempre aquela menina doce que dizia – “Caixolixo”, “Cocholate” –,
a minha ETERNIDADE.
A filha que qualquer pai desejaria ter.
A Chuca, Peterpanzinha, Pintarolas, Pitufinha, Furinhos ...
A MINHA FILHA.


Ah! Se as palavras me ajudassem…

Continuarás a ser essa criança ávida de vida que deseja encher o mundo de animais e os campos de flores. Essa criança que contagia com a sua transparente alegria, cativa pela sua inteligência curiosa, assombra com a sua perspicácia, encanta com a sua vaidade e que nos orgulha por tudo isso e pela natureza meiga, amiga e humanamente generosa.
Nada temas! A tua essência irás descobrindo, cultivando, nessa incessante procura pelo teu espaço, pela concretização dos teus sonhos.
Aparecerão pedras no teu caminho, obstáculos e dificuldades – a vida não é o mundo encantado que tantas vezes construímos – mas nunca estarás sozinha nessa luta.
Preserva essas características que são a tua diferença, a impressão digital do teu carácter.
Trilha as tuas estradas ao ritmo de um passo depois do outro, não vivas na ânsia do “partir” e desfruta em cada dia o prazer do “estar aqui”.
A vida não é uma corrida rápida.
A beleza sempre começa na simplicidade das pequenas coisas, a árvore mais bonita brotou de uma frágil semente, as palavras que aqui te deixo foram escritas letra a letra, os oceanos são formados por gotas de água que lutaram nos caudais dos rios para chegarem ao seu destino. Da mesma forma, os sonhos serão construídos com luta, persistência, coragem, sofrimento, compreensão, solidariedade e muitas vezes perdão.

Ah! Se as palavras me ajudassem...

Um dia desabrocharás para a madrugada e partirás...
E nós que te demos a vida, assistiremos a esse “bater de asas” com orgulho e essa tristeza interior que nos chega através do manto da saudade.
Ficaremos como esses veleiros nos portos silenciosos, esperando uma nova partida, uma nova aventura com essa pequena célula que se transformou numa tão bela flor que nos fez viver numa constante primavera.
Mas hoje, aqui, sentado nesta cadeira sem alma, és apenas:
A OUTRA PARTE DE MIM!
Agora é tempo de continuar, falamos amanhã! Quero escutar todos os segredos e novidades que trazes da escola, abraçar-te e dar-te um beijo
Esta folha que começou em branco, foi preenchida com palavras que gritam um nome e um sentimento...
O nome é JOANA, o sentimento AMOR.

08/07/2008



H! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Agigantastes uma pátria adormecida com o sonho da universalidade. Conquistastes o desconhecido e chegastes ao topo dessa colina sagrada onde vivem os imortais, e do seu cume decidistes que parte do mundo era vosso.
Nem sempre as velas de vossas naus se moveram por ventos de nobres motivos, mas ecoarão eternamente hinos aos vossos gloriosos feitos.
A vossa herança são hoje páginas de histórias de um povo visionário que construiu um império.
De um David que ousou ser Golias.
Esta terra que hoje pisamos, tão longe está daquela construístes, viveste e pela qual destes a vida.
Somos vítimas de um processo de extermínio promovido pela ausência de consciência. Derramamos agora lágrimas em locais sem “sangue de guerra”, lágrimas feitas gotas de água de um mar que dominastes, mas no qual nos sentimos exilados, atirados à tragédia do nosso próprio destino.
Nas suas areias, debaixo de um manto de vergonha, já não sonhamos com outros horizontes, e simplesmente nos escondemos à sombra como almas do outro mundo tementes do sol.

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Não queremos ser esses cobardes que simplesmente esperam, que vêm a vida a passar pintada de cores e não lhe podem tocar.
Queremos correr e saltar, tocar o arco-íris.
As nossas feridas, são lancinantes marcas de uma luta que não ocorreu, de uma guerra sem palco que nos mata.
Vivemos na incerteza atordoados por carrosséis de imposturas.
Não nos deixam entrar no campo de batalha
– Cobardes –
Não desejam o corpo a corpo.
Os escudos são forjados na hipocrisia.
As lanças untadas na sua ponta com o veneno da indiferença.
As Flechas construídas de mediocridade, voam certeiras e trespassam corpos que ecoam cânticos de libertação ao se verem mortalmente atingidos.
As espadas já não têm código de honra, são empunhadas por esses carrascos que nos leitos das suas concubinas, nesses lençóis acetinados que alimentariam uma aldeia completa, se deleitam com sentenças nascidas em orgasmos de poder.
A justiça é agora de facto cega, tapada pela venda da mais infame cobardia que não ousa olhar de frente os condenados.

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
No nosso sangue já pouco resta do vosso.
Mas ainda somos soldados!
Soldados sem rosto.
Sem exércitos.
Sem monumento.
Heróis anónimos.
Tombamos numa guerra surda pelo direito a ter um pedaço dessa terra adubada com o vosso sangue.
Pelo direito a andar e não estar sempre no mesmo lugar.
Temos que vestir o fato do guerreiro, não para conquistar os mais longínquos oceanos, mas para defender o nosso charco enlameado e a pele dos homens como nós.
Não lutamos para ampliar impérios, mas contra as ambições desmedidas, de quem nos quer tirar a capacidade de sonhar o sonho, de quem nos obriga a partir porque nos asfixia na nossa própria terra.
Conquistaremos cá dentro o que vocês procuraram nos quatro continentes.
Somos o que sempre fomos na nossa história, Destemidos Soldados, e lutaremos contra esse Golias que nos quer confinar aos lugares onde a luz da nossa harmonia nunca estará presente.

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Voltemos a desfraldar essas velas da liberdade e sonho, que um dia partiram no desconhecido.
Voltamos a ser pequenos mas existimos e não desistimos.
Não temos as tuas ”Tágides “ oh Camões venerado
mas temos a força dos humildes, herdada da fúria desses Oceanos que trespassaram com a vossa ousadia.
Não temos armas, mas temos a força de corações oprimidos que tocam o tambor da justiça.
Não temos hinos grandiosos, mas temos a coragem de não ser hipócritas nos prazeres que buscamos.
Não temos bandeiras, temos a força da revolta de quem se senta numa mesa imposta, adornada pela decadência de quem serve esmolas de hipócrita humanidade.
Nunca seremos história, mas temos a honra da humildade
A alquimia da felicidade
A febre da vida
A ânsia da beleza
A visão de quem sonha.
O desejo de querer mais
A AMBIÇÃO DAS DESCOBERTAS

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Desejamos o repouso destas guerras, não queremos ser donos do céu ou senhores da terra. Queremos ancorar nossos barcos num pedaço de terra em que possamos por fim tirar esses sapatos de soldado e encontrar a paz.
Queremos viver num qualquer lugar que seja nosso e ser cobertos na morte por uma terra que trabalhamos com a força das nossas mãos.
E se para isso tivermos que morrer lutando como o fizestes outrora, se tivermos que nos afogar nas ondas forjadas na raiva de um qualquer Adamastor,
ao menos morremos num mar de sonhos e não viveremos morrendo por os não ter.
Unam-se a nós os que já desistiram, ainda estão a tempo de desistir da desistência.
Não nos restam quaisquer duvidas de que, como para todos esses gloriosos conquistadores,

A MORTE SERÁ UMA AVENTURA
A MORTE SERÁ QUASE COMO A VIDA

09-06-2008












Tão longe estou do que de mim sempre esteve perto.
Quantas estradas percorri para me afastar donde nunca parti.
Quantos voos num céu feito de nada para ter coisa nenhuma.
Quantos passos em terras distantes ao som de outras músicas, umas com ritmos de uma abundância que nada valoriza, outras com a musicalidade fascinante de quem é extremamente feliz na ausência de quase tudo.
Mas ironia da vida! - É quase sempre nos sons da simplicidade que me deixo viajar dentro do meu universo à procura de mim. Dessas gentes retenho a alegria dos rostos, a transparência do olhar, a nobreza dos corações, a incrível - praticamente em extinção… - alegria do “dar” sem esperar receber.
E nesses momentos, quase sempre me sinto regressar à minha cadeira da escola primária, para mais uma vez aprender uma lição: assumir com realismo o que temos e não temos, e apesar disso viver em perfeita harmonia dentro e fora de nós.
Nesses momentos sinto o quanto somos privilegiados em poder “caminhar descalços” sentindo o pulsar da terra, porque tenho diante de mim quem caminha “sem pés”.
E nessas viagens recordo a criança que brincava no meio da natureza com um qualquer pedaço de madeira caído no chão e desse objecto fazia a mais mortífera das espadas contra inimigos imaginários a vassoura veloz de uma bruxa que amaldiçoava todos os que impediam qualquer história de ter um final feliz; o motor de uma roda de metal invencível em todas as corridas; o perfeito barco que velejava em qualquer caudal de água por mais seco que pudesse estar; com umas panelas furadas ou amassadas que sempre se encontravam nos lixos de outros lixos, tinha a mais perfeita das baterias e sentia-me o maior baterista do mundo….
Não tinha nada, e nada era impossível para ter tudo.
Recordo-me do quanto era feliz nesses momentos. O que a vida não me dava, a imaginação e a criatividade compensavam, e por isso compreendo (creio que com alguma autoridade ….) a alegria dos rostos estampados daqueles cujo passado, presente e futuro é esse simples “pedaço de madeira”.
Sou assim - imagino que como muitos outros… -, “réu” da vontade de aventura, adito terminal da experimentação, e alienado por esta droga, experimento tudo e por vezes regresso mais vazio do que quando parti. No fundo talvez seja esta a essência de “viajar”, nunca saber o que encontrar, deslumbrar-se com o que de nós se afasta, na ânsia de dessa forma enriquecer o baú da “experiência".
Mas tanto já viajei, tantas aventuras já vivi, que me pergunto qual a razão porque nisso penso agora?
Se a minha essência me impele a fugir do que é meu, porque me castiga agora, com a necessidade de compreensão das razões dessa consciente “fuga”?
Talvez nunca consiga entender esta necessidade silenciosa, mas ao tentar faze-lo, entro numa espécie de aventura mais perigosa e difícil que todas as outras. Perigosa porque não tenho bem claro que a obter respostas as mesmas me agradem, difícil porque não existe nada mais imprevisto que viajar dentro de nós para chegar ao nosso mais profundo “eu”.
Mas quem sai sempre há-de chegar e quem foi sempre há-de contar, para quem ficou, que o importante é viajar, seja a bordo de uma jangada ou num sonho colorido.
É no fundo como que entrar no mundo da poesia, que tanto gosto de dizer que é parte importante do sangue que me corre nas veias.
Porque a POESIA é dar luz à alma quando a escuridão desfila! Deixar que o sonho penetre no calor do um corpo adormecido e esquecer-nos do mundo!
Cada viagem é tempo que não se repete, vida que não mais teremos, gente que se cruza nas nossas vidas de uma forma efémera ou para sempre. É tudo aquilo que consciente ou inconscientemente vai mudando a nossa visão do mundo, e a forma como com ele lidamos.
É um fluir de emoções, sentimentos, momentos e situações, que vão construindo o nosso carácter, a nossa real essência ou nos seus efeitos mais preversos, somos transformados noutro qualquer ser, que se não nos dermos conta a tempo, começamos a acreditar ser o nosso verdadeiro "eu".
Partir de nós, para chegar a nós, não é infelizmente como realizar uma viagem à volta do mundo em 180 dias, é um périplo tão eterno quanto o seja a própria vida. Nunca conseguiremos chegar ao perfeito conhecimento de quem realmente somos, e as razões porque de certa forma vivemos.
O porquê sentimentos “cinza” num dia colorido, solidão por vezes acompanhada, tristeza isoladamente sentida sem razão aparente, alegrias que se desvanecem no segundo anterior ao primeiro sorriso, passos em estradas que terminam em becos sem saída, dificuldades ultrapassadas que aparecem sobre outras formas e que nos fazem pensar que para nós nada é fácil, lágrimas que não saem porque nos recusamos a exteriorizar a desolação que em nós habita.
E por isso, continuaremos sempre a sair de dentro de nós numa constante “alquimia” pela procura da nossa real natureza.
Mas um destes dias que felizmente ainda vão passando por nós, num qualquer espaço longe dos turbilhões mundanos, voltamos a pegar nesse “pedaço de madeira” mágico e regressamos ao inicio de todos os inícios. No nosso sangue corre outra vez a verdadeira substância de que somos feitos, nosso coração volta a sentir a perfeita harmonia de quem não pode sonhar maior tesouro para ter do que o seu barco, a sua vassoura, a sua espada e bateria.
E chegado esse dia, talvez seja o momento de - antes de desejar fortemente uma coisa - perguntar primeiro a quem a tem o quanto é feliz por isso?
Nesse dia compreenderemos que o nosso maior erro foi ter esse “pedaço de madeira”, e na sua ponta colocar um lança para lutar pela valorização do efémero em detrimento do eterno.
Entenderemos que as nossas lágrimas são (não raras vezes) o resultado da frustração hipócrita de quem tanto deseja o que não tem, e que nunca aprendeu a valorizar e apreciar o muito que já conseguiu.
Compreenderemos que sempre tivemos a capacidade de olhar, mas nunca conseguimos efectivamente “ver”.
Que procuramos sempre longe de nós o que sempre esteve perto, que todas as riquezas do mundo não nos pertencem, e que o único “ouro” exclusivamente nosso é o que brilha dentro da nossa alma.

E nesse dia regressaremos outra vez à nossa cadeira da escola primária, fecharemos os olhos e partiremos outra vez para a floresta com esse “pedaço de madeira” em busca da nossa paz.

11-11-2010



Talvez as relações amorosas devessem vir acompanhadas de um manual de instruções em varias línguas, porque na era do amor sem barreiras geográficas tal seria importante.
Todos dedicamos ao tema do amor muito tempo das nossas vidas, quer em conversas nos mais díspares espaços e com os mais diversos interlocutores, quer nos momentos em que isoladamente tentamos (pobres que nunca compreendemos que é impossível…) definir o seu conceito.
Desistimos sempre desse desígnio de qualificar o inqualificável, e contentamo-nos -quase sempre - em listar uma séria de factores que o mesmo deverá incluir seja qual for a sua definição.
Tanto tempo dispendido com esta temática, que deveríamos num determinado momento das nossas vidas ser apelidados de “gurus” do AMOR, e ser convidados a dar palestras nas universidades da vida.
A verdade é que sabemos sempre começá-las, agarramo-nos aos inícios com a sabedoria dos mágicos, operámos transformações milagrosas em nós próprios e no objecto do nosso amor, de repente tudo nos é fácil e grato, sentimo-nos com asas de falcões, nas nossas costas cresce uma capa encarnada e carregamos no peito o símbolo do Super Homem, tudo é óbvio visto assim, o mundo aparece aos nossos olhos como um jardim florido.

Não há nada melhor do que começar uma relação.

O novo é irresistível. Descobrem-se coincidências que vão desde a mesma colecção de cromos, às músicas que escutamos, aos gostos culinários (o sushi que detestávamos até que nos começa a parecer o melhor petisco dos deuses…). Descobrimos o prazer que não tínhamos numa saída com gente que nada nos diz, e drogamo-nos com todas as palavras que escutamos, e que sempre pensamos merecer.

É a primeira vez, outra vez em tudo.

Descobrimos o outro em nós e nós no outro.
Descobrimos que afinal sabemos cozinhar e até uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos (antes entediante) nos parece de um imenso romantismo.
No início de todos os inícios sentimo-nos tão estupidamente felizes que seríamos capazes de morrer a seguir, porque achamos que atingimos o ponto máximo da felicidade.
Mas o pior, o pior mesmo, vem a seguir, como dizia o Picasso "…bom mesmo é o início porque a seguir começa logo o fim…". E quando o fim chega já é tarde demais para voltar atrás. (e como faria falta o tal manual para saber como com ele lidar)
É sempre tarde demais, porque isto do amor é mesmo uma coisa complicada, começa-se do nada, vive-se na ilusão que se tem tudo, mas o que fica quando o amor acaba é um nada ainda maior.
E o pior (dizem os comuns mortais) é que na primeira oportunidade repetimos os mesmos erros à espera de resultados diferentes (o que até me agrada pois é um bom sintoma de demência).
Aos poucos vamos vendo o amor perdendo-se, acabando...sentindo a cada dia mais distância do outro.
O seu sorriso já não é o mesmo, já não aceita a rotina como antes, já não nos olha com tanta ternura, e já não faz questão de esconder o descontentamento...
Sentimos uma grande saudade do que fomos, do que juntos sonhamos, de tudo o que com felicidade construímos. Não sabemos nada dos sentimentos da alma que um dia julgamos gémea da nossa, sabemos apenas do nosso coração, que sente medo, que foge dos sentimentos, que não se entrega mais e que vive atormentado de culpas a perguntar:
Porque?
Num determinado momento compreendemos que: o que mais nos dói é saber que o nosso “eu” e outro “eu” nunca construirão o “nós”.
E quem se considere imune a tais disparates e nunca tenha passado por estas avarias sentimentais, que atire a primeira pedra…
Alguém (desses eruditos que estão sempre seguros de tudo.....) escreveu "… primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que aparece onde antes estava a intimidade …."
E pronto, já está tudo estragado. Acaba-se a festa, o delírio, o fogo de artifício, o sabor da novidade e onde vamos parar? Ao vazio. Ao abismo. Ao grande buraco negro dessa coisa horrível e inevitável que se chama depois, DEPOIS DE SE APAGAR A CHAMA.

Mas esta é a condição humana, doa a quem doer.

Ou então, a ironia da vida separa os amantes para sempre e o fim do amor é o início do mito do amor eterno. Pedro e Inês foram sepultados de frente um para o outro, para que se pudessem ver, caso regressassem ao mundo. Romeu e Julieta nunca mais se separaram no imaginário Ocidental. Dante viveu para sempre ao lado de Beatriz, a Penélope recuperou o seu guerreiro depois de 20 anos de espera.
O amor esse mistério que antecede a vida e sobrevive à morte, reina como um tirano por cima de todas as coisas, mas poucos são os que o conseguem agarrar. É mais difícil de alcançar do que o Olimpo, porque não está nem no céu nem na terra, paira como uma substância invisível, mais leve que o ar, mais profundo que toda a água dos oceanos.

Pode até ser apenas uma invenção dos homens para fugir à morte, ou uma realidade para dar razão à vida.
Mas! Ilustres e comuns cortais, tudo o que é belo é digno das nossas lutas, e por isso fujamos dessa terra sem esperança, onde habitam os crentes de que na vida não existe sofrimento, esses que ainda não descobriram que nos caminhos do amor qualquer sofrimento vale a pena.

“ …ainda pior a convicção do não, ou a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase….”

É o “quase” que nos deve entristecer, "...que nos mata trazendo tudo o que poderíamos ter sido e não fomos. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam entre os dedos, nos momentos que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no Outono. Perguntamo-nos às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna, a resposta está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços na indiferença dos “bons dias”, quase que sussurrados. Sobra a covardia e falta de coragem até para sermos felizes..." (Sarah Westphal)

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
De nada adianta economizar a alma, um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Ah! Ânsia de amar Febre bendita...É Inevitável! Um dia perderei outra vez a lucidez e voltarei a amar.

11-11-2010


Muito desejaria ter a capacidade de por palavras expressar-te a minha gratidão
Aproveitar este verso simples para te dizer o que por vezes para mim guardei
Recordar a criança frágil que um dia descobriu o mundo agarrada à tua mão
Imaginar-te bem perto de mim, sussurrar-te ao ouvido que nunca esquecerei
Aquilo que pelos que amas tens feito e que para sempre guardarei no coração

Em teus braços que se abrem para mim encontro o amor e a amizade mais pura
Nesses braços meigos repletos de amor, esqueço a vida e volto a ser uma criança
Grande a força que me dá tua presença tua coragem e sabedoria sempre madura
Razão pela qual te imagino sempre a entrar pela minha porta cheio de esperança
Ainda não sei como sarar a saudade de tantas horas passadas sem te sentir e ver
Como espero o momento em que sentindo ao longe tua voz, já não estejas distante
Imaginar-te não é sentir-te, é estar sozinho é sonhar-te procurando-te para te ter
Acalmando minha alma, abraçando-te como se o mundo acabasse nesse instante

Como é linda aquela a quem dedico estes momentos em que o meu coração chora
Apertado por saber ser impossível com palavras exprimir o que me vem na alma
Bendito o destino que me deu esta pessoa bela, tanto por dentro como por fora
Respeito-a pela sua luta, perseverança, amizade desprendida e natureza calma
Amo-a pelo que é, por ser única e especial, por sua alma de pureza transparente
Lamento e perdoa-me, se algum dia de uma forma consentida de ti estive ausente

Por me ter adormecido em muitas noites, em que nunca sentia vontade de acordar
Intensos os dias em que me ajudou, a encarar a imaginação como outra realidade
Resolvendo sempre os meus problemas com a nobreza de sempre os saber escutar
E agora que penso em ti minha mãe, sinto honra, carinho e uma enorme vaidade
Saber-te sempre minha para juntos partilhar-mos a vida para toda a eternidade

Farei o impossível para que na vida das minhas conquistas só te possas orgulhar
Imaginaste para mim caminhos e percursos, que nem sempre escolhi para viver
Guiaste-me num caminho difícil a lapsos injusto, e ensinaste-me a o enfrentar
Um caminho chamado de vida que se moverá com os sonhos que juntos iremos ter
Estas não são palavras escritas na areia seca de um imaginário e longínquo mar
Inventadas por alguém desejoso que as ondas depressa cheguem para as apagar
Resolvi escreve-las porque não posso deixar que os dias passem e nunca te dizer
Esta saudade que senti enquanto estive escrevendo o que espero venhas a ler
Dolorida como toda a saudade sentida por quem se ama, é verdadeira e irás ver
O que na vida farei para humildemente provar que o teu amor mereço sempre ter

Sei desde sempre que nunca existirá na vida uma forma mais pura e bela de gostar
Imagino-me transformado em vento, e dessa forma chegar até ti como brisa suave
Levaria uns segundos até tocar de leve na tua janela e se tu me permitires entrar
Vou o teu corpo abraçar, te embalar nos meus carinhos e baixinho dizer-te a verdade
Amo-te hoje mais que ontem, e nunca na vida poderei deixar algum dia de te amar

Por saber que nunca poderei ser vento, só me resta isso imaginar no pensamento
Estou escrevendo os meus sentimentos e enquanto escrevi lágrimas de alegria chorei
Refugio que encontrei para exteriorizar a alegria que me acompanhou neste momento
Em que por fim te digo o que por inexplicável cobardia nunca disse e sempre pensei
Imagino agora que amanha será outro maravilhoso dia em que a tua presença me traz
Razão para a minha vida, luz para os meus passos, amor e carinho puro onde beberei
A agua da minha felicidade, a cura da minha saudade e como sempre a verdadeira paz

Para ti minha mãe, um forma de dizer AMO-TE...

11-11-2010



Os sonhos são a procura do oásis esplendoroso
Onde absorvemos uma agua de vida sem parar
São o refúgio do guerreiro nobre e valoroso
Que não recusa uma causa pela qual deva lutar

São as esperanças que teimosamente guardamos
Num recanto especial dentro dos nossos corações
E que despertam sempre que na vida desejamos
Partir numa aventura em busca de emoções

São a possibilidade de experimentar outras vidas
Quando a que vivemos nos causa tanta frustração
De construirmos castelos com as ilusões perdidas
Onde encontramos a paz e aniquilamos a solidão

São a flor que regamos e que não deixamos morrer
Cujo perfume absorvemos sempre que necessitamos
Cuja magia nos embala e nos ajuda a compreender
O mundo por vezes desumano onde nos encontramos

São uma fonte de tesouros de valor incalculável
Porque não são efémeros como a vida nos faz crer
Brotam do interior qual fonte pura e inesgotável
E não devemos imaginar maior tesouro para ter

Com eles descobrimos a nossa verdadeira natureza
Quais alquimistas procurando o precioso tesouro
Experimentamos alegrias e aniquilamos a tristeza
São a nossa forma livre de converter metal em ouro

24/08/2009


Sabes, pensei em escrever-te com o coração, mas entendi que as palavras que brotassem dessa forma pura do meu interior, não serão importantes para ti, seriam ridículas e fora do teu contexto actual, seja ele qual for.
Em vez disso vou escrever-te com uma racionalidade que tenho para mim, e de ti retinha o mesmo, contrária á vida. Vou escrever-te o que não sei se algum dia lerás, uma auto apelidada conversa com minha sombra, palavras nascidas de uma razão da qual não conheço a nascente.
Terei eu perdido o amigo de outrora com o qual palavras desprovidas de razão, eram o ópio que se queimava horas a fio em lugares sem rosto?
Terei eu perdido o guerreiro com o qual travei batalhas para a compreensão do universo onde nos encontramos?
Terá sido fumado por ultima vez o cachimbo dessa paz interior, que permitia o renascer todos os dias da inspiração para uma dialéctica partilhada na busca da pureza e da verdade?
Não!
Recuso-me a admitir que tudo esteja perdido, e por isso aqui estou a travar esta ultima batalha, mesmo que num monólogo condenado a ficar no esquecimento.
Porque terás tu meu amigo que fazer parte de um “jogo” de escolhas?
Por que terás tu que ser uma estrela num céu de alguém, quanto a tua luz brilha isoladamente neste firmamento?
Será que ainda não compreendeste que nesse jogo onde te encontras, se está a perder algo inesquecível, algo maravilhoso, algo único que ainda não encontrei em qualquer outro ser humano, tu meu amigo, sim tu.
Falas do medo de amar, mas tu bem sabes que a vida é composta de tudo isso: perder, ganhar, dor, felicidade, alegria, lágrimas, beleza, paz e guerra, sempre tiveste a clarividência para me ensinar que a vida contém tudo isso, e da mesma forma me ensinaste a com isso conviver e aprender a seguir o meu caminho.
Agora vejo-te a ti a tentar iludir essa realidade que tantas vezes enfrentaste, dentro de um castelo virtual cujos muros são tão altos, que nem deixam ver a luz que tu irradias.
O amor sempre incluirá posse, mas como definir “possessão”?- meu mestre orienta-me no caminho desta definição-, sem a tua ajuda eu só posso dizer que se tu não te pertences como podes pertencer a alguém ou esse alguém a ti?
Se tu não és o dono de ti mesmo, como podes ser de alguém ? nunca estarás preparado para o amor dessa forma meu amigo.
Concluímos em tempos que a nossa ânsia por tudo no seu correcto lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo adequado, não era um prémio para uma mente ordenada, mas pelo contrario, um completo sistema de simulação por nós inventado ainda que inconscientemente, para esconder a fantástica desordem da nossa natureza.
Descobrimos que não éramos disciplinados por virtude, mas como reacção natural à nossa desordem interior, e que tentávamos quase sempre ser prudentes sempre que éramos pessimistas.
E no final, meu mestre, descobrimos que não existe pior escravidão que ser escravos de nós mesmos.
Quantas vezes me ensinaste que a maior descoberta desta vida é a do nosso verdadeiro "eu", e como criticávamos as maneiras que o mundo e as pessoas inventam para se defenderem da dor.
Inventam papeis, mascaras, palavras, faces, sempre com o mesmo objectivo, não sofrer.
Aprendem infelizmente muito cedo que o sofrimento começa quando se expõem diante dos outros como são, e que essa exposição os converte em almas vulneráveis.
Mas tu meu mestre, ensinaste-me uma grande lição, ensinaste-me que tudo isto não passa de uma grande mentira para satisfazer espíritos débeis, ensinaste-me que não existe forma de evitar a dor nesta vida.
Ensinaste-me que quando isso fazemos tornamo-nos reféns de nos próprios, e o nosso coração numa prisão, vivemos numa ilusão de segurança que definitivamente não existe, e perdemos a oportunidade de experimentar inesquecíveis emoções.
Que saudades tenho de ti meu amigo e dos teus sábios ensinamentos.
Amar e outras coisas na vida tem os seus riscos, incluindo o risco de sofrer, mas tu próprio me disseste um dia, que existem outros riscos na arte do amor, o risco de ser amado, respeitado, correspondido sem limites, desejado e tudo o mais que resultar da sublime realização de amar.
Vive a tua vida meu querido amigo e mestre, a tua!, a que sempre desejastes, e que comigo partilhas à muito tempo, ama quanto puderes, quanto sentires, e fica certo que nunca serás menos por isso, bem pelo contrario serás aquilo a que um dia designaste por: o mais bravo guerreiro do amor á face desta terra.
Volta a ser verdadeiro contigo próprio
Eu estarei sempre naqueles lugares sem rosto à espera de fumar uma vez mais contigo o ópio da verdade
Tua sincera amiga
A tua sombra

24/08/2009

Acredito que momentos mágicos teremos
Para que sejamos nós mesmos de verdade
E na loucura da vida a fonte encontraremos
Para beber os sabores da plena felicidade

Embriagados pelos aromas de querer viver
Sem limites e com jovial loucura viajamos
Para a vida que merecemos e exigimos ter
E não a que nos impõem e nunca desejamos

Seremos livres para nos céus voar
Para outros mundos belos e risonhos
E aprenderemos dia a dia a disfrutar
Viver nos ventos dos nossos sonhos

Este futuro que imagino no meu pensamento
Não é um lamento por derrotas já acumuladas
É um grito interior de ânimo e grande alento
Pelas vitórias que ainda temos destinadas

É que se a prisão onde nos obrigam a respirar
Não tem os aromas que perfumam a nossa vida
Não deixemos que a velhice nos faça acreditar
Que não existia uma outra qualquer alternativa

Esta revolta que agora convosco quero partilhar
É uma esperança para que todos no seu cansaço
Possam algum dia ter forças para poder lutar
Pela felicidade forjada ao ritmo do seu passo




Toco as sombras que me tocam na distância do sentir real.
Ouço vozes que me calam na vontade de falar.
Acordo e durmo, em alternada teimosia de quem insiste em ficar...
Somo todos os meus receios na conclusão que rejeito.
Oh céus...
A quem roubei estas palavras que alguém escreveu por mim?
Que deuses me venderam esta aventura, sem entusiasmo, sem retorno?
Começo a sentir a degradação do meu juízo e temo, pelo requiem da lucidez.
Sobram arrependimentos e pretextos de fugir...
Crescem cortinas e máscaras à intenção dos excessos que não quis!
Os últimos demónios de mim mesmo, brigam entre si na disputa do seu fim.
Vem o luar e a brisa em compassos de aflição...
Vai a maré e o tempo no desperdício da razão!
Fragmentos do meu medo, que se unem em metástase de pavor.
As portas sussurram as saídas e o corredor...
Branco e estreito insinua com timidez o que não vi!
Momentos de dignidade, sopros de alma em saldo!
Senti e corri....
Sorri...
Vivi, fugi...
Perdi...
Sonhei, chorei...
Berrei...
Amei, voei...
Lutei,
Gozei, passei...
Sobrei...
Fui burla,
Logro...
Fui um só momento: a versão humana de um mau investimento.
Olho-me!...
Quem somos, nesta saudade do que não tive?
Neste ciúme do que não fiz?
O ultimo lixo dos outros lixos.
Desperdício do lixo que se diz ser gente...
...e faz da gente, o seu lixo!
Pensar, deixou de ser um exercício de existência...
Passando a ser um verbo do meu passado.
...e a vassalagem que presto à noite, tornou-me súbdito do vazio e do nada.
Sinto-me chamar-me...
Lamentando o facto de não me lamentar.
Sinto-me em volta de mim mesmo...
Querendo beijar-me e fazer-me dormir.
Sinto-me possuir-me na minha própria mente...
Ensinando-me de novo a sorrir!
Sinto-me arder na ânsia de te tocar...
Sinto-me chamar-te ao teu mundo, já sem mundos e sem mim!





Quando alguém parte sentimos uma grande tristeza
Um sentimento de total perda e nada que nos alegre
Mas no nosso coração deve ficar a alegria da certeza
Que a despedida não é um adeus mas um até breve


Não tenhas tristeza na despedida, porque na verdade
Quem agora parte fica eternamente guardado no coração
Daqueles que agora ficam com eterna e sentida saudade
Até que numa outra qualquer vida se retome essa união.

Este adeus que agora pronuncias num silêncio apagado
É querida amiga uma tão simples e efémera saudade
Existira uma nova oportunidade do reencontro esperado
Onde com quem agora parte viverás toda a eternidade



Longe das paisagens rasgadas pela firmeza dos meus passos
Trilho outros caminhos, construo novas histórias
Outras vidas, outras gentes, outros sons ritmos e compassos
Enriquecem e vão enchendo o baú das minhas memórias

Meu imaginário, aglomerado disperso de frágeis existências
Amadurece pela dura visão daqueles a quem falta quase tudo
Seres habituados a iludir com pura alegria infindas carências
Num palco onde a vida é “ontem” e “agora” o único futuro

Mar revolto e tormentoso, este onde meu barco tenho velejado
Ondas feitas crianças deambulando na rua de mãos estendidas
Ventos fortes , feito gritos de quem vive do lixo abandonado
Correntes feitas sons de canções de ilusões há muito já perdidas

Sorrisos que se escondem em corpos marcados pelo tempo
Aparecem de todas as direcções, cruzam-se no meu caminho
Nostalgias efémeras aniquiladas pela inocência do momento
Em que num frágil e tímido cumprimento mostram seu carinho

Estas raízes plantadas no meu ser de uma forma doce e pura
Lutam, resistem à erosão do tempo para que no fim só fique
A memoria, o sonho, o sentimento da saudade feita ternura
Dos caminhos percorridos neste país chamado Moçambique




Que nestes momentos de introspecção, induzidos por uma época de sentimentos que vagueiam num espaço de magia e criação individual, possamos desejar que nada seja como até aqui, se o “até aqui” não é o desejado.
Que os sons desta época, sejam de cânticos de liberdade e revolta contra o que dentro de nós nos sufoca .
Que o despertar de cada um destes dias revele um “arco-íris” de alegria, e nele vejamos as cores de uma felicidade partilhada.
Que o frio que sentimos seja esquecido pelo calor dos corações daqueles que nos enchem de amor e carinho.
Que todos os que nos rodeiam nesta vida, possam ser relembrados pelo belo, eterno, justo, verdadeiro e puro.
Que os que já partiram sejam lembrados pelo contributo que tiveram para o que hoje somos.
Que saibamos ser humildes para valorizar o simples que conseguimos, e não nos deixemos navegar em oceanos de tristezas efémeras, motivadas pelo que não conseguimos ainda ter.
Que o olhar do futuro não nos faça esquecer que o presente exige todo o nosso empenho e dedicação.
Que não tenhamos esse sentimento de oferecer, porque assim está escrito, mas porque isso desejamos e sentimos.
Que sejamos essa criança que recebe um boneco, e com ele constrói um milhão das mais belas histórias.
E não os tiranos da hipocrisia sempre com palavras circunstanciais que não sentimos.
Que a alegria dos que nos perfumam a alma, seja a transcendente glória isoladamente sentida sem a necessidade de ser descoberta.

Porque se nestes tempos existem dias, na vida existe toda uma eternidade que pode, e deve ser vivida, como se em cada momento fosse natal.
E se o devemos fazer sempre, nestes dias não nos esqueçamos de dizer áqueles que o merecem, quanto os amamos e deles necessitamos para viver.

Porque não existe melhor prenda de natal que um verdadeiro abraço caloroso, um sussurrar daquelas palavras com corpo e alma que não tivemos coragem de noutros momentos proferir.

Um abraço de corpo e alma
natal de 2006




Em tempos já saudosos de uma convivência sadia
As palavras surgiam de forma partilhada e pura
Momentos adoçados por uma contagiante alegria
Sentimentos nasciam forjados pelo aço da ternura

As palavras eram vida e despertavam emoções
Maravilhosos pareciam todos os breves silêncios
O Som era o bater alegre de dois jovens corações
Vibrando ao ritmo de embrionários sentimentos

Como tentei ser verdadeiro e o meu ser entregava
Tentei com humildade compreender outras realidades
Mas num mar de inocência meu frágil barco navegava
Ao sabor de ventos oriundos de outras verdades

Essa vida feita imagem de mulher que desejei poder ter
Vivia e agia ao sabor de outras emoções e necessidades
Eu longe da sua linda presença não via nem queria ver
O abismo que existia entre a minha e as suas vontades

Desejei nesses tempos em que só vivi um sonho profundo
Sentir-me seu e do seu natural prazer fazer minha alegria
Desejei ter asas e com ela voar em direcção a um mundo
Idealizado pela minha sã loucura e inesgotável fantasia

Mas rapidamente a vida uma vez mais se encarregou
De provar que afinal neste mundo é quase sempre infeliz
Quem a alguém todo o seu ser sem reservas entregou
Sem perceber a diferença entre o que se faz e se diz

Como é triste verificar nas memórias desses tempos
Que aquela a quem dei minha alma e todas as ilusões
Em quem depositei infindáveis e puros sentimentos
Abraçava com todo o seu ser outras mentes e paixões

Continuarei alquimista não sonhar é deixar de viver
Morre um sonho outros renascem e lindos florescem
Acredito no amor e em dar sem nada esperar receber
Acredito na vida e em momentos que não se esquecem

Quando um dia as dificuldades me obrigarem a sentir
Saberei serenamente as adversidades enfrentar
Porque não existe qualquer vergonha em um dia cair
A vergonha existe quando não nos sabemos levantar




Estou nos meus sonhos a voar nos teus sentimentos
Tenho na memória cada mensagem sentida enviada
Todos os pequenos mas mágicos e alegres momentos
De uma efémera alegria e partilha nunca imaginada

Cada sorriso silencioso cada suspiro de pura alegria
O corpo que treme invadido por uma serena calma
Desejo que a distância nunca aniquile esta magia
De te sentir ausente e tão perto da minha alma

E se um dia lado a lado na vida pudermos contemplar
E no calor inocente de um abraço sentir tua presença
Quem sabe o momento não será para sempre recordar
Quando no silêncio do meu ser sinta a tua ausência

E quando esta loucura for um sublime acto de amor
De pontes atravessadas à descoberta de um caminho
Conhecerás finalmente o mais belo e nobre sabor
Das formas em que desejo dar-te todo o meu carinho




Solidão, palavra tão isoladamente proferida, sentimento tão profundamente experimentado, por vezes conveniente “álibi” para a incompreensão da nossa realidade, do nosso caminho e da fragilidade no domínio da nossa existência.
Ninguém nega que em momentos essa palavra não seja consistente com o sentir da nossa alma, nem questiona a sua intermitente existência, mas poucos conseguem entender a sua essência, e ver nela um universo de ensinamentos sobre quem de facto somos.
É que, quase sempre, não entendemos que a nossa solidão, ou pelo menos o que julgamos como tal, tem o seu embrião em nós mesmos, nos mares profundos do nosso ser.
Cresce protegida pelo facto de em determinados momentos, mais ou menos prolongados da nossa vida, em vez de construirmos “pontes” mais não fazemos que construir “paredes”, onde recriamos com uma excelência que até desconhecemos que existe, o micro clima ideal para a sua sobrevivência.
E é aqui que quase sempre tudo começa, principio e por vezes fim de nos mesmos, causa e efeito, dia e noite de uma existência que poderá nunca mais vir a ser a mesma.

Porque nessas “paredes” douradas onde nos refugiamos vivemos uma existência…
…… Perdidos na comodidade da ignorância.

Rodeamo-nos do que nos surge, não pensamos, estamos cansados demais para esse processo que acreditamos não nos dar a chave da saída.
Agimos sem intenção de construir, e destruímos sem nos apercebemos do efeito dessa destruição (na verdade até acreditamos nada ter para destruir).
Existimos sem preocupação de viver, mas pensamos que vivemos existindo, acreditamos que descobrimos a nossa essência na facilidade do fluir do tempo, sentimo-nos superiores a todos os que não podem realizar tal proeza de viver a despreocupada magia do efémero.
E nunca compreenderemos que a verdadeira nobreza esta em trilhar um caminho que nos leve sempre a sermos superiores ao que éramos antes.
Valorizamos o conjuntural esquecemos o eterno, rendemos homenagem ao acordo fácil e nunca à palavra discordante mas pura, preocupada e amiga, e vivemos com aqueles que pensamos nos privam da solidão, mas que nunca nos farão “companhia”.

Vivemos um mundo de não verdade, qual “Matrix” revisitado, e cometemos o erro de não compreender que essa verdade é a que desejamos ver, mas não a que de facto existe.
Desculpamo-nos com o que a vida nos vai dando, nunca assumimos a nossa responsabilidade, tudo é culpa de terceiros - da vida, das pessoas, dos amigos, dos conhecidos, da sociedade, da conjuntura - mas nunca! Mesmo nunca assumiremos que “não são as ervas daninhas que matam as boas sementes, mas sim os erros de um desleixado agricultor”.
E como o lento caminhar das águas de um rio até ao mar, perdemo-nos nas curvas, evaporamo-nos no percurso, chocamos contra as rochas e caímos na terra.
Caímos de precipícios, por vezes somos desviados para alimento de outras terras férteis, outras vezes prendem-nos em muralhas construídas para não nos deixarem seguir.
Em todo este percurso experimentamos tudo e por vezes perdemos completamente a esperança, e dessa forma a possibilidade de chegar ao tão desejado mar da liberdade.

Mas se um dia estivermos num sítio onde as águas de um rio desaguam num qualquer mar, verificaremos que existem gotas de água que todas juntas formam um belo rio, e que conseguem chegar ao seu destino apesar de todos os obstáculos colocados no seu caminho.
E assim fizeram porque nunca perderam a esperança, qualidade que adquiriram com a verdade, constância e coragem, com repetidos esforços e uma longa paciência.
É que para manterem a esperança, essas aguas sabem que têm conviver com o desespero e ir para além dele, perderão muitos amigos nesse percurso, mas também têm presente que nas nuvens negras que por vezes avistam, existirão chuvas de agua pura que trarão outros para ajudar nessa batalha.
E no seu fluir continuo pelos caudais aos quais estão confinadas, têm a certeza que no final de uma noite vencida, existirá uma aurora, e quem sabe a deslumbrante vista de uma mar puro e eterno para viver.
Estas águas dão-nos uma lição de vida! Sabem que não podem desistir, esse é o seu destino.
Sabem que não podem cair nessa doença de carácter que tem por sintomas a falta de firmeza para tudo, a leviandade no agir e no dizer.
Essa leviandade com a vida, que torna os nossos planos de cada dia tão vazios, que se não reagimos a tempo fará de nós bonecos mortos e inúteis, qual marioneta que só ganha vida impelida pelos movimentos que alguém lhe quiser dar.
E se assim pensarmos, talvez compreendamos que é diferente tentar ser alguém de intrínseco valor, do que alguém com efémero sucesso.
Que primeiro na vida temos que decidir o que queremos para obter isso mesmo, que à beira de um precipício só há uma maneira de andar para a frente: dar um passo atrás, que tudo o que fizermos hoje tem consequências e pode condicionar o nosso futuro.

Nunca existirá esquecimento para as pegadas que escrevemos na alma, e sempre que nos enganamos a nós mesmos cometemos a maior fraude possível na vida, e a partir daqui, todo o pecado é fácil.
E só saberemos quanto estamos perdidos, no momento em que verificamos que já não conseguimos suster-nos com os dois pés na profundidade do rio onde navegamos.

Recompensem com uma fonte inesgotável quem vos presenteou com uma gota de água.

Se fizerem um favor, não o recordem; se receberem um favor, nunca o esqueçam”.

Façam um favor a vocês mesmos convertam-se nessa gota de água que conseguiu desaguar num qualquer mar, e que hoje é tão cristalina, pura e forte, que sempre que aparece, nos perdemos na admiração da sua beleza.

11-11-2010




Nunca sabemos quando é a altura indicada para o fazer, mas deve existir sempre um momento em que devemos parar para fazer um balanço da nossa vida.
Que caminhos já percorremos?
Que objectivos já alcançamos?
Que pessoas se cruzaram na nossa vida e ainda a partilham seriamente?
Que dificuldades sentimos e fomos capazes de ultrapassar?
Porquê elas se nos colocaram?
As paixões e amores que vivemos?
Como nasceram como cresceram, como se mantiveram e morreram?
Que sonhos não fomos capazes de realizar?
Que mundo é o nosso?
Quem temos á nossa volta em que depositamos confiança para trilhar outros caminhos seja qual a for a relação que nos une?
Somos felizes?
Gostamos de nos ver como somos actualmente?
Estamos conformados ou continuamos a lutar?
Temos força para alterar o que achamos que esta mal?
É possível fazer melhor e modificar a nossa vida?

Este exercício é fundamental para entender o nosso presente e mentalmente verificar se existe um grande abismo entre o que somos, o que temos e onde estamos, relativamente aquilo que gostaríamos de ser, que desejaríamos ter e como queríamos de facto ver-nos.

É este o desafio que vos proponho, quem sois?
o que desejais de facto ?
Com quem de facto contais?
Que sentimentos fazem mover os vossos passos e trilhar caminhos nem sempre fáceis?
No fundo da vossa alma por quem chora o vosso coração?
Qual o nome ou nomes que quando fechais os olhos surgem no vosso subconsciente?
Que vida desejais?
Que necessitais para alcançar a felicidade?
Que é necessário para que quando olhem para o espelho tenham um infinito orgulho no que vêem?
Como se imaginam no futuro que desejam?

Todas estas perguntas deverão ter uma resposta na vossa mente, essa resposta gerará necessidades, estas necessidades resultarão em sonhos, estes sonhos na vossa luta quotidiana, este luta no vosso carácter, este caracter no vosso futuro.

Não podeis levar este momento de reflexão com leviandade, é a vossa vida que esta em jogo.
Não temos o direito de desperdiçar a nossa vida com incertezas, superficialidade, amores e paixões efémeras, egoísmo e hipocrisias, ódios sem sentido.

A vida não é um tudo de ensaio onde fazemos provas esperando encontrar a poção mágica para os nossos problemas.
Sente-se, imagina-se, inventa-se, sonhasse, alcançasse.

É sério este desafio.
Não desperdicem a oportunidade de que a vida seja consistente com os vossos lindos sonhos.









Faz hoje em silêncio o balanço de mais um efémero tempo
No horizonte murmúrios de uma vida nem sempre partilhada
Confundem-se com momentos que geram o nobre sentimento
De que esta vida é curta mas uma bela e fantástica caminhada

Retrato singelo de ser humano pintado em aguarela intemporal
Com cores de sonhos resistentes à guilhotina do esquecimento
Pinceladas com simplicidade e espontaneidade sempre natural
Numa moldura dourada em que a beleza é o único elemento

Aquela luz que irradia e que pela vida fora a irá acompanhar
Brilha à sua volta iluminando os caminhos que irá percorrer
E através dela conseguirá com toda a naturalidade encontrar
O que nesta jornada finita ainda continua a desejar poder ter

Lá no íntimo do seu ser encontramos uma natureza já perdida
Onde tudo coexiste de forma pura que na nossa alma nos toca
Neste dia uma saudação sentida de quem como ela ama a vida
E todas as emoções e sentimentos que esta sempre provoca

Nos tempos em sinta que a noite teimosamente não desfalece
E em que nela se instalem angustias e desmedidos lamentos
Sentirá a presença da amizade preocupada que não adormece
Pelas insónias nascidas no sentir amigos em difíceis momentos

Hoje pedimos simplesmente que escreva no seu diário secreto
A quem cada momento mágico vivido isoladamente confidencia
Que em cada dia que o seu ser se sinta sozinho e incompleto
Seremos nós a provar-lhe quão lindo é o raiar de cada dia


Sonhando...
Sonhando pedir-te aceitares um sonho, ou um manuscrito.
Podias continuar aqui, podias mesmo ser minha recordação,
Estou recordando o que nunca existiu,
As letras que não te escrevi, jazem de arrependimento...
Abortadas na paixão que não te confessaram.
Aqui,
Na ilusão duma imagem desfeita e sem passado,
Uma espiral sem fim no fumo do meu cigarro...
Conclusão de nadas ressurgidos e vividos,,,
Síntese de um sonho inacabado...
Interrompido no seu começo,
E eu sonho sonhando contigo...
Os teus lábios,
Feitos de um tom cativante,
De uma sensualidade desejada...
Brincam com o desejo,
Da noite que não tiveram,
Ou somente...
Das noites que inventaram!
As tuas palavras...ou não!...
Não!
Não eram as tuas palavras, nem as minhas,
Era apenas a abundância de dizê-las...
Olho-me e pergunto,
De onde te conheço?
Angustia tornada alma, e em pecado por redimir...
Olho-te,
Numa manhã fria...
Fria a manhã...
Fria a cor...
Fria a certeza do inabalável...
Fria a minha alma a cristalizar-se, no frio,
No meu olhar, fria é a frieza dum futuro...
Porque estivemos nós ali?...
Ali,
Naquele bar ao dobrar a esquina,
Impondo caminhos aos nossos destinos...
Mudando trajectos na viagem da vida!
Beleza inimaginável…….
Sim,
E se estivéssemos lá fora?
Na rua...do lado de fora da cela da vida...
Desenvolvem-se nos restos que sobraram
Imagens gravadas na alma
Cenários irreais ou realidades feridas de morte……
Olho-me
...E é nas minhas letras de um diário que ainda não tenho,
Que talvez preencha as minhas recordações antecipadas,
Ou pensamentos...
Ou sentimentos...
Ou, quem sabe...
Previsões nascidas e embaladas!
Sobre o meu incerto futuro



Popular Posts