Poesia e pensamentos livres

Em cada dia percorro
Por onde a vida levar
Em cada dia eu morro
para a vida regressar

entro nela devagar
Sem o cansaço da pressa
Sou criança a sonhar
que ao jardim regressa

acordo e desejo o começo
caminho seguro de mim
se o começo tem preço
abraço um novo fim

Meu amor é verdadeiro
Caminha com a verdade
Sinto tudo por inteiro
Nada quero por metade

Cada dia uma aventura
Nada tenho por seguro
A vida é a minha cura
Enquanto tenho futuro

Espero sem desejar
Vivo sem querer pensar
Amo sem nunca ter
Uma alma em que viver

Não quero estar parado
Porque a vida assim me fez
com um passo acelerado
vivo um dia de cava vez

adormeço sossegado
por tudo o que vivi
acordo sempre curioso
pelo que não descobri

cada dia um despertar
um eterno recomeço
tanto pelo que lutar
para ter o que mereço

e sei que é tão pouco
que caminho no incerto
um dia eu sei que encontro
a vida com rumo certo

no dia em que parar
tenho certo e seguro
nada mais posso dar
a morte não dá futuro

A mudança é movimento
Não tem sucesso ou fracasso
que nos tire o encantamento
de viver a cada passo.

Regresso sempre devagar
Sem o cansaço da pressa
Sou criança a sonhar
que ao jardim regressa

Passa o tempo e a vontade
Passa a vida e a razão
Passa tudo quanto queremos
Na palma da nossa mão

















Habito em destinos cujos passos não entendo.
Rostos de solidão indiferentes carregam o desencanto.
Sou verdade, e o mundo não me vê.
Nada espero, simplesmente observo.
Esperanças prostadas diante do medo.
Revolta pronta a explodir ao mais pequeno incentivo.
Emoções hipocritamente desatentas.
Ignoram-me por todos os motivos inúteis,
E eu nem tento disfarçar o quanto não me importo.
Sim!
Existe um mundo lá fora, que não me vê.
Não sou fruto do óbvio nem produto do correto.
Nada me devem e dentro de mim devo-me tudo.
Não me revejo no alheio incompleto.
Nem sofro desse desassossego.
Existimos em horas diferentes.
Eu sou pontual no meu tempo.
Eles esperam por um tempo que possam chamar seu.
Vou continuar aqui!
Noutro qualquer lugar nada seria diferente.
Só o lixo abandonado segue as correntes do mar.
E o errado nunca poderá dar certo.
Não sou a culpa que carregam.
Não sou a saudade que escondem.
Não sou o remorso que lhes mata a consciência.
Não sou o tempo perdido que lhes carrega a face.
Não sou o rosário onde depositam a esperança.
Continuarei cantando o meu fado em silêncio.
Não quero medidas, proporções, chaves ou chavões.
Sou pássaro livre que se aventura em céus desconhecidos.
Sou alma nua e só assim me conheço.
Se me querem sentir,
Libertem todos os rostos que escondem.
Dispam-se das roupas incertas e inexatas do medo.
Adormeçam ao vento com a lucidez dessa escolha.
E celebrem comigo um dia que não morreu.
A minha sombra não tem cor diferente de todas as outras.
Talvez a encontrem.
Quem sabe, agora.

24 - fevereiro - 2019

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