Poesia e pensamentos livres

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Cada dia me dispo das vestes gastas de mim.
Esqueço o que fui para lembrar-me de quem sou.
Nada me chega completo porque nada procuro.
Experimento tudo vestido desse nada que carrego.
Sou realidade entre o momentâneo e o eterno.
Memória de encontros fortuitos coloridos de eternidade pelo pincel do acaso.
Transfiguro-me todos os dias com rituais tipificados na irrealidade confusa das coisas, num equilíbrio desequilibrado, na ânsia de mim no universo dos erros que cometo.
Mas sei que em mim tudo tem que ser assim.
Consequência de solidão imperfeita que arrisca na perfeita espontaneidade.
Nada será meu que eu não sinta e nada terei que não me construa.
O que disso poderia ficar é um nada de um erro clandestino.
Memórias! Só as que não matam o presente por comparação.
Memórias! Só as que não matam o presente na ânsia de futuro.
Nunca me perdoaria a angústia de pensar em corrigir erros.
Cometo outros.
As possibilidades são infinitas.
Sou maravilhosamente imperfeito e estupidamente momentâneo.
Tenho corpo para sentir o vento e uma alma para admirá-lo.
E só quero continuar a deslumbrar-me fora de mim, sem palavras inúteis, com todos os silêncios de um sorriso de admiração.
E no meio da confusão das coisas, que já não questiono, quem sabe tocar uma outra imperfeição que me complete.
Estou vivo e tudo é consequência.
E só assim me pertenço por destino meu.
Nada mais me interessa!
O meu dia chegará!
Sempre chega!
Por esse lado certo de todo o errado que existe em nós,
A vida.
06-11-2010





I – Tudo é temporário

A vida é o palco onde interpretamos um papel permitido pela vastidão da nossa ignorância. O que acreditamos ser do domínio conhecido num determinado momento, constituirá o vasto universo da dúvida no momento seguinte. A linha que divide o compreensível do incompreensível é definida por segundos que separam o passado, presente e futuro. De estação em estação tudo se renova, reveste-se de nova forma de novo sentido. As árvores que contemplamos perderão as suas folhas e no seu renascer ganharão outra forma e dimensão. Na natureza não existe duas criações iguais, e quando nos deitamos à sombra dessa árvore pensando que a conhecemos desde sempre, já esta nos observa com nova roupagem e nos abraça com novos braços. Nada existe eternamente mas coexiste temporariamente. Qualquer conclusão sobre a realidade ficará vazia de conteúdo pela sua não existência na mesma forma no momento seguinte. Na natureza o único permanente é a mudança. Um universo em movimento fruto da confluência entre o aparente e o concreto, a ideia e a materialização, o vazio e o preenchido, o existir e o não existir, o ser e o ser transformado. A nós, pura matéria também em transformação, cabe-nos a inevitável convivência com o incompreensível, aumentando a nossa consciência da sua vastidão. Essa é a nossa insignificância mas também a nossa grandeza. Aumentar a consciência do mutável, expandir o domínio do que nos é incompreensível, é o único papel que nos encaixa na perfeição. Interagir com a vida, adaptando-nos, utilizando a sua imprevisibilidade para proveito da experimentação, do usufruto da beleza do incerto, da inevitabilidade do erro ou da surpresa do acerto. Tudo no tempo que nos é concedido (embora por vezes lhe chamemos outras coisas…), não é mais que a consequência da luta de uma vontade ignorante na ambição da sabedoria efémera.

II – A incompreensão compreensível

A ignorância e o conhecimento têm uma relação directa. É sempre mais ignorante quem aumenta o perímetro da sua sabedoria. Tudo compreende quem nada viveu. Não tem dúvidas quem nada experimentou. A verdade é uma estrela temporária que sempre morrerá para dar lugar a outra e perpetuar a luz. É um universo de subjectivismo contextual, uma adaptação das circunstâncias, o eco da voz que se gera no subconsciente à medida que caminhamos na estrada do desconhecimento. Atravessamos a vida na periferia da ignorância, trespassando em cada aurora o universo do incompreensível, com a insignificância do que vivendo compreendemos no seu momento. Na verdade a incompreensão que nos domina é completamente compreensível. Desde logo porque a nossa construção foi planeada por arquitectos da “roda” num momento em que o homem já tinha pisado a lua. Começam nas escolas por nos incutir valores de uma sociedade que não existe. Formam-nos nas universidades para ciências que não existirão no futuro. Vendem-nos valores de respeito pelo igual, pelo aceitável, e não nos ensinam a disciplina da convivência com o diferente. Devíamos ser formatados como agentes da mudança mas pintam-nos com as cores da perpetuação do existente. Ensinam-nos e esquecem sempre que nos devem educar. Entramos com a vista turva, tementes do incerto para este processo em que nos formatam a uma realidade. Quando saímos somos completamente invisuais para a realidade que encontramos. Somos o produto de uma educação, que se tivesse a oportunidade, ensinaria um esquimó a viver do consumo de carne de vaca. Como seria ideal que nos levassem a desenvolver a nossa intuição, a potenciar a nossa unicidade, ela sim, capaz de ser alavanca da mudança. Como seria ideal que nos incutissem, não simplesmente a aceitação do estado das coisas, mas a por em questão tudo o que existe em função da sua efemeridade. Como seria uma sociedade que forma pessoas não para perguntar “que horas são” mas para questionar “que raio é o tempo”? Somos meros robots programados por uma ideia quando ao mesmo tempo a sociedade se transformou e exige outra.
"Dêem-nos o supérfluo da vida, e dispensaremos o necessário”, alguém o disse e não foi eu. E basta sair para a rua para estar rodeado das mais banais manifestações deste desconhecimento compreensível. Ideais “pret-a-porter”, procura do normalizado, ambição do superficial. A luta sangrenta pelo “ter” pelo “ser” mesmo que à custa da total aniquilação do “sentir”. A veneração do efémero em ignorante detrimento do eterno.
Quero continuar a acreditar, que esta realidade é consequência de uma ilusão imposta, vendida ou ensinada. E que todos os seus actores regressão a casa depois da sua brilhante interpretação desejando uma realidade diferente, ou simplesmente – acrescentaria eu -, uma realidade. Manipulando com liberdade a frase “Dêem-nos o supérfluo da vida, e dispensaremos o necessário” eu diria “ Formem-nos com a consciência do necessário e dispensaremos o supérfluo”.

III – A inversão da pirâmide

Mas como tentar dominar a constante mutação do real, e dessa forma aumentar o perímetro da fantástica ignorância? Como? Não sei! Vivo com isso apesar disso e por isso. Tomei consciência e aceitei que nada do que somos seremos! E nada do que fomos continuamos a ser. Somos hoje consequência do ontem vivido, seremos amanhã o reflexo do hoje construído. Um misto de realismo e alquimia, de sonho e realização, de romantismo e pragmatismo, de luta e submissão, de rebeldia e conformismo, de certeza e experimentação, de displicência e reflexão, de dúvida e compreensão. Somos e seremos! Do tudo que é nosso um pouco, do muito que é de outrem outro tanto.
A minha única convicção é saber que jamais saberei, que todas as minhas dúvidas se perpetuarão mesmo que num determinado momento me pareça o contrário. Compreendo a minha passageira condição neste mundo, e somente me dedico ao deleite da surpresa com todos os seus mistérios. Deixei de tentar compreender o incompreensível e simplesmente sinto. Não desejo um futuro de saudades do não vivido, enquanto tento compreender as razões de o não ter feito. Não desejo porque não tendo uma métrica para a saudade desvalorizaria o seu tamanho, qualquer que ele fosse. Alimento cada dia a capacidade de sentir o encanto da imprevisibilidade de um palco em transformação. Vivo esfomeado pelo sentir e aceito as consequências dessa fome. Nesta vida muito ganhei e outro tanto perdi, em proporção igual ou diferente que interessa! Perder e ganhar será sempre uma consequência! Sejamos parte activa ou meros espectadores. No primeiro caso perderemos por arriscar ganhar, no segundo por nada ter a perder. Sempre perderá mais, quem aumenta dúvida à ignorância pela vivência da realidade. A ignorância não é mensurável “ad-eternum “, diminui para quem só existe, aumenta inevitavelmente, para quem arrisca viver. A dúvida é compreensível e justificável. Muito existe na vida que não necessita de qualquer explicação, simplesmente é assim. Somos mentes temporárias que exploram um universo eterno. Uma luta tão desigual quanto fantástica. É exactamente na nossa temporalidade que reside a nossa beleza. O que é eterno nada valoriza, porque é isso mesmo, eterno! Para os mortais tudo embora temporário, pode durar uma eternidade numa consciência com lembranças. É na experimentação activa da constante transformação, que ficamos com esses quadros estáticos que imortalizaram um momento, aos quais chamamos de memórias.
Memórias!
Sorrisos que damos à vida quando esta não sorri para nós.
Memórias!
A nossa vitória sobre o tempo, a bandeira de eternidade na colina do efémero. Tudo o que fica quando tudo resto passa. Por elas vivemos por elas experimentamos, lutamos, sonhamos e erramos.
Memórias! A vitória da ignorância humilde sobre a mutação.
E se hoje for um desses dias em alguém acha que tudo acabou, que o tempo já enferrujou o que antes era um sorriso fácil, saia para rua! A vida fala, sussurra, anuncia e realiza. Tantas vezes este processo é alheio à nossa realidade, não porque não exista! Porque existe e sempre existirá! Mas porque na ânsia dos dias ou das horas não observamos os segundos. Na surdez imposta pelos barulhos dos nossos medos, perdemos a capacidade de escutar a sua voz.
Saia para a rua! Perca-se, seja ignorante e escute os sons da natureza. Valorize as horas alimente-se dos segundos. Alguém disse, ”temos direito na vida a um erro grave, a um vício inofensivo e a um amor verdadeiro”…. Seja os três, “Contemple os dias passados mas tenha os olhos voltados para a eternidade”. Decida aceitar que devemos viver pelo que nos mata e morrer pelo que nos faz estar vivos.
Não! Não sou um lunático que ou entrou no limiar do desespero, nem me rendi aquelas substâncias que o organismo não expele de forma natural. Não tive mais remédio que aceitar a inversão da pirâmide dos valores da minha existência. O que nos mata é exactamente o mesmo que nos dá vida. O tempo! A vida é em si mesma um hábito que mata. E é na forma como com ele lidamos que reside um dos segredos da felicidade abraçada ao incompreensível. Vivamos sem pensar nele, mas com ele e para ele. Sejam quais forem as circunstancias sempre teremos o poder de mudar o nosso tempo e a forma como as estações se vão apresentado aos olhos da nossa insignificância. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Aparência e vazio existem simultaneamente. Viver é a única maneira que conheço para poder sonhar. E sonhar a única forma que conheço de me sentir vivo.
Que seja eterno tudo o que de temporal em mim existe.
Que eu atinja a eternidade por tudo aquilo que em mim não é visível.
Enquanto vivos tudo é despedida e por isso agora me despeço com todos os sonhos do mundo que faço meus, e com este sorriso que é vosso.
Que me faz sair agora? Neste dia de sol onde agarro a vida com a força dos sonhos.
Que me faz sair agora? Nesta noite, onde a ultima lágrima secou pelo calor de todos os meus sorrisos?
Que me faz sair agora?
A certeza de que só lá fora morrerei experimentando a vida, e só com esta poderei alterar o rumo do efémero vencendo o que me mata.

11-05-2010



Sou vítima de um vírus extremamente doloroso! As Ideias.
Aquelas a que não concedemos quaisquer visto no passaporte, mas que se dedicam a fazer turismo em nós, no nosso espaço, no nosso território, e nos absorvem por completo. Dominam o tempo, apertam a alma. Controlam-nos! E por mais horizontes diferentes que procuremos, sempre vamos dar a esses becos sem saída onde nos esperam sem nunca de nós terem saído. Absorvem os vazios da mente, multiplicam-se e deixam-me com aquela sensação de que nada mais existe que não seja reflexo da sua existência.
Atacam-me sem piedade!
Confundem-me!
Desorientam-me!
Cansam-me obrigando-me a efectuar périplos de vida dentro da minha vida, a escalar as montanhas da memória, a correr nas planícies verdejantes dos momentos em que a minha alma aprovou os meus actos, a queimar-me com o sol dos oásis que não vi, a molhar-me com a chuva das lágrimas que nunca deixei nascer.
Transfiguro-me!
Visto-me de verão em pleno Inverno, choro a nostalgia do Outono em plena primavera, mato a normalidade e a anormalidade, num fluir de estações sem estação, de destinos sem partida, de chegadas sem saída.
E aqui estou!
Irremediavelmente condenado a ser hospedeiro de forças que não controlo, a ter que dar vida e deixar sair para o mundo sopros da minha doença.
O pensamento dói, e quem nunca foi vítima deste vírus, nunca entenderá esta dor.
Como um mendigo que abre as mãos para o céu esperando que chova esperança, abro os meus olhos para o mundo e espero pacientemente pelo momento da cura, da libertação. O momento da retirada destes organismos que em mim habitam e que só me deixarão em paz quando voltarem a existir numa outra qualquer forma, ser ou espaço.
É tempo de expulsar os invasores, tempo de libertação!
Tempo de “cuspir” palavras e contagiar o mundo com a minha doença.
Mas que palavras?
Atacam-me dentro do meu corpo, exigem que dê vida a qualquer coisa, e eu não tenho a menor ideia do que desejam. Não sei se tenho que dizer algo ao mundo ou se sou mero hospedeiro de algo que pretende pôr-me em frente ao espelho e mostrar-me qualquer coisa. Estou perdido nos corredores da dúvida, desespero pela cura e não sei qual é a doença!
Mas avanço!
Cada minuto que passe sem nada fazer, só agravará a infecção que me contamina.
Invadem-me pensamentos sobre o Natal e o Ano que teima em entrar, e penso! Escrevo! Para mim ou para outros. Que Importa! Sei que nunca me curarei se não deixar sair os “gritos” de quem me mata o silêncio e me aniquila a paz. Começo por aceitar que a solidão que penso sentir, é a natural consequência de estar efectivamente só num momento que sempre pensamos necessitar de espectadores.
Estou só neste Natal!
E neste momento em que muitas outras solidões se disfarçam com a mascara da hipocrisia, Pergunto-me! Será que o Natal necessita de uma plateia calorosa, aplausos e risos a interromper o silêncio?
Não! O natal é algo que vive no nosso coração e como tal não necessita audiência para ser vivido. Mas entre dúvida e dúvida vou construindo palavra a palavra a minha mensagem de natal, que acabarei por enviar para quem me tocou a vida.
Penso!
Natal! Tempo de encontro de magia de viagem ao que de mais belo existe dentro de nós.
Natal! Tempo de encontro com a esperança, o belo, o tradicional, com a história da nossa história.
Natal! Uma mão que se estende, um pensamento deixado sair, uma lágrima que não soltamos mas que teimosamente quer sair nas recordações dos tempos em que nos deitávamos com os sonhos.
Natal! A vida pela vida sem tudo o que na vida mata a própria vida.
Natal! O sonho pelo sonho com tempo para sonhar.
Natal! O renascer na matéria da qual somos feitos e que aniquilamos sobre a capa com que a vida escondeu a nossa essência.
Natal! O belo, o único, o eterno, o simples, a união, a família, as crianças, a esperança, a beleza, a partilha, a dádiva, a presença, a ausência sentida, o abraço o beijo, as palavras, os sentimentos com calor humano.
Natal! Momento para ser tudo o que nos esquecemos que somos.
Chego aqui, e tenho uma mensagem de natal na minha mente! Mas antes de enviar um medo me assola. Será que me vou colocar do lado dos que sempre critiquei. Vou ser mais um (ou pelo menos assim entendido…) a enviar essas mensagens que dão a volta ao mundo em segundos. Essas que são feitas de palavras de uma alma que na verdade desconhecemos, mas que fazemos nossas porque perder uns segundos a escrever sentimentos genuínos é sacrifício demasiado?
Não!
A todos que me tocam a vida, aos presentes e nunca comigo, aos ausentes e sempre presentes, aos que partiram e não ficaram, aos que partiram e estão, aos que estão de partida aos que estão de chegada, aos velhos e aos novos, aos de longe e aos de perto, aos das horas difíceis e aos das horas alegres, aos de antes, aos de agora, aos de sempre, recuso-me a enviar algo que não seja MEU.
Se a inspiração não me ajudasse diria um simples “olá” mas seria meu, um “obrigado” mas seria meu, mandaria um “abraço” mas seria sempre genuinamente meu.
Não existe nada na vida que seja demasiado velho e gasto que não possa renascer nas asas de uma nova visão, nos sonhos de outros sonhos, na vida feita de outras vidas. As mais fantásticas descobertas que podemos fazer sobre as coisas, sempre acontecem quando as vemos com uma perspectiva nova, com um olhar diferente, com um coração que sente diferente.
Não!
Aos que comigo respiraram todos os dias do ano, aqueles com os quais me aperfeiçoei como pessoa, não pelo que dei ou recebi, mas pelo que directamente ou indirectamente, me obrigaram a revelar, a conhecer de mim mesmo! Não vou dar o que sempre vomitei quando recebi! Pedaços do bolo dessa mediocridade que alimenta o mundo hipocritamente esfomeado nesta quadra.
Chamem-me o que quiserem, sonhador, idealista, louco, anarquista… o que quiserem! Mas no dia em que se revoltarem contra vocês mesmos, no dia em que se libertarem do que vos mantêm cativos, e deixarem de consumir produtos da lixeira da humanidade, nesse dia meus amigos! Sentirão orgulhosamente a destruição das coleiras da escravidão a que se submeteram, e o mundo começara a compreender a vossa voz.
Como deseja falar para o mundo quem nem sequer fala por si mesmo. Como deseja falar para o mundo quem utiliza palavras de outras gentes para fazer chegar à sua gente, quem envia “lágrimas” que nunca chorou para fazer chorar quem lhe toca, quem pinta aguarelas de esperança com cores de outras esperanças e oferece quadros sem nunca ter vivido as cores nele expressas.
Estou infectado, eu sei!
Tudo o que me chamarem poderei sempre desculpar com o vírus que me mata, mas agora que começo a sentir a liberdade porque aos poucos as palavras me libertam, devo dizer que, estranhamente, já tenho vontade de ser contaminado outra vez.
Não! Não acabei por ficar apaixonado pelo meu invasor (não sofro do síndrome de Estocolmo…) mas compreendi que a sua consequência é uma maior consciência do mundo, que sempre me chega quando algo ou alguém me obriga a possuir a minha própria consciência.
Este vírus ao erradicar a minha infinita ignorância aniquila uma das minhas doenças! Essa cujos sintomas se manifestam numa vida por vezes desperdiçada pelo sono causado pela minha interior cegueira.
Cuidado ao lerem estas palavras!
Estão impregnadas de “vírus”e são altamente contagiosas. Quem as ler, sofrerá para sempre dessa vontade de viver com intensidade a infinidade de possibilidades que nos é dada nesta vida.
Cuidado!
Não se deixam injectar com um vírus que depois não sabem como controlar, com um vírus que aniquilará a mediocridade e vos porá em frente ao espelho para que, de uma vez por todas, vejam a vida com ela é:
EXTRAORDINÁRIA.

E se o objectivo desta contaminação era fazer sair de mim uma mensagem de natal, aqui me liberto totalmente da minha doença ……

“Vivemos para lembrar e ser lembrados. Onde quer que exista um coração que me recorde aí! Exactamente aí! Será o meu Natal. Por cada alma que pronuncie o meu nome neste tempo de memórias, uma estrela viverá e brilhará na minha árvore de natal. Contemplando o seu brilho entenderei se a minha vida até aqui valeu a pena. Qualquer que seja a dimensão da tua, existirá nela uma estrela a brilhar intensamente, A MINHA. E agora, unicamente quero que saibas que uma parte importante do teu natal está no meu coração. Desejo que tenhas uma espectacular árvore de natal e que tenhas seguro que a minha alma será parte importante do seu brilho. Que a sua luz ofusque os teus olhos para que sintas que a tua vida é plena”

E para ter uns momentos mais prolongados de paz, aqui deixo uma mensagem de ano novo…

Se o natal é um período de charneira entre dois anos … (uma nova definição cheia de ciência….), como sempre brevemente, chegarão os votos para o novo ano. Sejam qual forem os vossos, tenham sempre presente neles uma realidade!
Quer queiram quer não, só existirá um “ano novo” se rejuvenescer-mos dentro de nós.
De nada vale vestir roupas novas, ter esperanças em mudanças acreditando que algo ou alguém fará por nós o que nunca fomos capazes de fazer por nós mesmos. Se não existirem ideias novas, sentimentos novos, esperanças novas, sonhos novos, caminhos novos, se não entender-mos que a felicidade não é ter tudo na vida (seja qual for o nosso conceito de tudo….) mas criar dentro de nós o espaço, o vazio necessário, para ter motivos para algo novo na vida, o ano, meu amigo, será outra vez um “ano velho”. Por isso, a única coisa que vos posso desejar é:
Reinventem-se e renasçam de facto para um “ano novo”

24-12-2009



Ah! Se as palavras me ajudassem…

Não! Não vou dar-te um qualquer objecto atado por fitas da cor dessa hipocrisia purificante, de quem embrulha materialismos esperando comprar o que nunca estará à venda.
Neste papel em branco, sem vida, irão fluir pinceladas de sentimentos, serão aniquiladas barreiras que impeçam a minha alma de voar até ti, nas asas de um poema que desejo fazer em mim.
Talvez não tenha o génio necessário para criar "esse poema", mas inicio esta viagem com a força de todos os sonhos do mundo, desejoso que a luz do sol me oriente no caminho, e que a paz da noite me traga a esperança de poder dar um sopro de vida às palavras que te quero deixar num papel eterno.
QUERO dar-te algo que SEJA REALMENTE TEU! Que nasça DO MELHOR QUE EXISTA EM MIM!

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Tudo começou um dia, numa sala dolorosamente ruidosa, onde o tempo parou.
Não existia mundo lá fora! Passado presente e futuro confinado a quatro paredes com cores de dor e esperança. Senti, como nunca tinha sentido até aí, a mais devastadora impotência e soltei todos os meus medos em gritos de silêncio. Entre lágrima e lágrima deixei-me viajar na memória, viagem que fazemos sem nos ausentarmos donde estamos e que tão longe nos leva entre lembranças e instantes vividos.
Revisitei todos os momentos que antecederam aquele momento, A RAZÃO DE ESTAR ALI.
E de repente tudo ficou claro, à minha frente o brotar de uma semente, o desabrochar de uma flor, a doce melodia da inocência nos mais belos olhos que só em sonhos imaginava. Na minha mão senti dedos frágeis, desenhados num sonho de eternidade, e no meu coração ecoava a beleza dos primeiros sons de quem rompeu com coragem as fronteiras de um corpo, abandonou o divino sangue maternal e se fez CRIANÇA.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Recordo a emoção do momento em que nos meus braços senti a fragilidade desse corpo acabado de nascer, a surpresa dos primeiros passos toscos e desequilibrados e a celebração aquando da libertação definitiva da fralda.
Revivo a alegria dos primeiros dentes nascidos e a manifestação de coragem por cada um que tombava como guerreiro morto em campo de batalha, merecedor de um memorial especial honrando a sua bravura… não fosse a fada dos dentes aparecer!
Revisito os tempos em que cantou, dançou e representou, subiu às árvores, magoou os joelhos, sujou o mais possível as roupas rebolando no chão como qualquer criança com direito a sê-lo.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Deixo-me voar nas memórias desse tempo de partilha dum universo infinito, um mundo sem impossíveis coberto por um céu da mais harmoniosa paz.
Construímos palácios encantados, nos seus jardins colhemos flores mágicas que se convertiam em amuletos contra bruxas malvadas que congeminavam para aniquilar a nossa felicidade. Mas não existia magia eficaz contra os nossos superiores poderes e nada impedia que qualquer história tivesse um final feliz, O NOSSO.
Inventávamos brincadeiras! Naves espaciais construídas de esquecidos e velhos jornais partiam para os planetas mais distantes, lá dentro, dois intrépidos astronautas desafiando esse céu desconhecido. Na dispensa, esse espaço sem vida que existe em todas as casas, vizinhos partilhavam problemas e trocavam objectos, e quando partiam, eu, era esse "touro mecânico", onde desafiavas a gravidade e o equilíbrio.
Lembras-te de quando o poder da nossa mente fazia aparecer os objectos que não sabias onde tinhas deixado? - Vamos puxar forte pai! - Dizias. E quando duas pedras eram os dardos velozes e certeiros – bem... às vezes nem tanto! - que atingiam uma qualquer árvore escolhida na natureza, essa natureza amiga que nos fornecia as personagens necessárias à construção de um universo mágico.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

A vida não pára! Enquanto eu trilhava os caminhos deste mundo, já tu tinhas a mochila às costas e partias com passos decididos em direcção à escola.
Agora, é-me impossível ter outro pensamento que não o mesmo de sempre: CRESCESTE! Ainda há pouco tempo habitavas outro corpo, depois o meu colo, as discussões de quem já diz existo! Agora começas a construir o teu espaço, esse pedaço de “terra” marcada pelos teus passos cujas pegadas construirão a tua história.
Mas és e serás sempre aquela menina doce que dizia – “Caixolixo”, “Cocholate” –,
a minha ETERNIDADE.
A filha que qualquer pai desejaria ter.
A Chuca, Peterpanzinha, Pintarolas, Pitufinha, Furinhos ...
A MINHA FILHA.


Ah! Se as palavras me ajudassem…

Continuarás a ser essa criança ávida de vida que deseja encher o mundo de animais e os campos de flores. Essa criança que contagia com a sua transparente alegria, cativa pela sua inteligência curiosa, assombra com a sua perspicácia, encanta com a sua vaidade e que nos orgulha por tudo isso e pela natureza meiga, amiga e humanamente generosa.
Nada temas! A tua essência irás descobrindo, cultivando, nessa incessante procura pelo teu espaço, pela concretização dos teus sonhos.
Aparecerão pedras no teu caminho, obstáculos e dificuldades – a vida não é o mundo encantado que tantas vezes construímos – mas nunca estarás sozinha nessa luta.
Preserva essas características que são a tua diferença, a impressão digital do teu carácter.
Trilha as tuas estradas ao ritmo de um passo depois do outro, não vivas na ânsia do “partir” e desfruta em cada dia o prazer do “estar aqui”.
A vida não é uma corrida rápida.
A beleza sempre começa na simplicidade das pequenas coisas, a árvore mais bonita brotou de uma frágil semente, as palavras que aqui te deixo foram escritas letra a letra, os oceanos são formados por gotas de água que lutaram nos caudais dos rios para chegarem ao seu destino. Da mesma forma, os sonhos serão construídos com luta, persistência, coragem, sofrimento, compreensão, solidariedade e muitas vezes perdão.

Ah! Se as palavras me ajudassem...

Um dia desabrocharás para a madrugada e partirás...
E nós que te demos a vida, assistiremos a esse “bater de asas” com orgulho e essa tristeza interior que nos chega através do manto da saudade.
Ficaremos como esses veleiros nos portos silenciosos, esperando uma nova partida, uma nova aventura com essa pequena célula que se transformou numa tão bela flor que nos fez viver numa constante primavera.
Mas hoje, aqui, sentado nesta cadeira sem alma, és apenas:
A OUTRA PARTE DE MIM!
Agora é tempo de continuar, falamos amanhã! Quero escutar todos os segredos e novidades que trazes da escola, abraçar-te e dar-te um beijo
Esta folha que começou em branco, foi preenchida com palavras que gritam um nome e um sentimento...
O nome é JOANA, o sentimento AMOR.

08/07/2008


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