Poesia e pensamentos livres

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Estás ausente!
Nada te pode dar esta minha vontade de dar-te algo.
Dou-te uma solidão que sabes ser tua e só assim a quero.
Dou-te este tempo porque tu és o meu tempo.
Todos os outros tempos não sabem nada de nós.
Dou-te estes momentos no mudo assombro da necessidade de ter o que sempre perco na tua ausência.
Se eu te contasse o que imagino e relembro nestes momentos que me ensinam quanto vale uma demora!
A confusão dos silêncios das palavras que de ti não escuto.
A secura dos meus lábios pela sede de não ter-te.
A escravidão das memórias que são tuas.
Procuro-te em todos os lados, todos os gostos, todos os movimentos de uma cidade imaginária de rostos anónimos.
Procuro-te!
Num papel em branco como um poeta sem caneta.
A tua espera sempre foi assim, contratos feitos com a ausência em que te faço presente.
A minha inteligência odeia-me!
Porque a solidão faz de mim um objecto.
Que me interessa se a mente me critica.
Desejo uma paz que só sentirei no teu regresso.
Até lá a minha solidão é escrava da tua lei.
Agora!
Não tem em mim parte que não fique a passear nos teus recantos.
Agora!
Dou-te tudo o que em mim ainda existe que não me vem de ti.
Dou-te o meu corpo efémero prometido ao desaparecimento e a minha alma eterna.
Agora!
Dou-te a certeza que este tempo e todos os outros são só nossos.
Agora!
Ninguém sabe mais nada, e nenhum outro tempo tem razão.

01-02-2012



Ombros caídos sucumbem ao peso da desistência.
Corpos cansados definham em mentes perdidas nos corredores sem a luz da esperança.
Solitárias mentes que não encontram uma razão para insistir na luta porque o vazio tomou o lugar do sonho.
Protegem-se fechando-se em si mesmos esqueçendo que o corpo sempre estará acorrentado ao mundo.
Sofrem a dor visceral do esfumar da vida por entre as mãos calejadas de marcas de tempo inútil.
Não entendem, que assim como nenhum moinho escapa à força do vento, não existe ser que esteja realmente vivo fechando as portas à vida.
Parados!
Inertes!
Querem ser diferentes do que foram, do que são.
Ter uma outra sombra a viajar com o corpo.
Mas continuam adormecidos na ideia e tapam-se com o manto do tempo.
Não é na incapacidade da afirmação da diferença que reside o seu descontentamento (tanta diferença existe por aí perdida na vulgaridade…), mas na cobardia de dizer “eu sou!”, “existo!” e vou ser igual a mim mesmo.
Ainda não compreenderam que no meio da agitação do caos quotidiano, somos original sem cópia, luz única, matéria especial!
Nunca ninguém poderá ter o nosso reflexo e suar palavras nascidas dos sonhos da nossa alma.
A nossa história sempre será, Nós!
Partamos à descoberta do universo interior como exploradores desejando vencer a desistência, dando um novo sentido á luta.
Conquistemos o território inóspito da nossa mente, despertando da sonolência que, tantas vezes, transmitimos em bocejos nascidos do ácido corrosivo do vazio.
Interroguem-se!
Que fizemos com passos perdidos na poeira de sonhos adiados esperando o despertar da alma? Para mim a resposta é fácil!
Viveram!
Todos um dia habitamos na cabana do tempo perdido, mas tempo vivido nunca será tempo perdido. Boas e más memórias fazem parte da estrada da vida. Colhemos os frutos de existir mas devemos plantar as árvores do viver.
Tantas vezes surdos pelos ruídos dos nossos silêncios, assistimos ao enfileirar nas gavetas de cartas com sonhos adiados. Livros nas estantes e nenhum escrito com o nosso punho, e passeamos pelos recantos de um espaço vazio de memórias. Tantas perguntas que nunca colocamos, tantas respostas que cobardemente evitamos, tudo deixamos ao fluir de um tempo que nos mata.
Na memória libertada dos momentos de hibernação devemos contudo tentar entender as razões da letargia que tomou conta dos bancos do jardim, onde pacientemente esperávamos o florir das flores.
É necessário questionar!
Que fizemos?
Inventando-nos em contos sem argumento, vestidos com o fato domingueiro da mediocridade.
Parando o tempo sofrendo por um diferente amanha.
Escrevendo poemas tristes, se os sentíamos com um sorriso na boca.
Vergados pela vergonha da desistência desesperando pela luta.
Sendo o rio do desnorte tendo um mar reservado.
Vítimas da inversa alquimia de sonhos extintos nos extremos de pontes que não se cruzam.
Que fizemos?
Num quarto vazio rodeados de flores frias e mortas, desejando o cansaço da atenção.
Em bares sem fome de nomes próprios sem a fusão nuclear da complementaridade.
Tapados com a nudez, acordados existindo só no sonho.
Construindo-nos de matéria transplantada que o corpo rejeitou.
Bebendo o que não mata a sede, comendo o que não alimenta.
Que fizemos?
Amando uma liberdade escrava do alheamento do mundo.
Mantendo a imagem do icebergue se tudo o que é de nós está à superfície.
Desejando uma ilha no mar tendo cidade em terra.
Esquecendo que a vida é o livro da memória, distanciando-nos do que desejávamos perto.
Com medo da queda se sempre experimentamos o perfume sagrado da terra.
Que fizemos?
Esquecendo o passado se nunca conseguimos enterrar os vivos.
Fechando os braços para o abraço se sempre deixamos livre a emoção.
Guardando beijos se a nossa alma é feita de lábios desejando o seu calor.
Deixando de amar se o amor sempre foi a janela dos devaneios da nossa loucura.
Absorvendo a superficialidade quando o eterno sempre foi a impressão digital da nossa alma
Que fizemos?
Cada um encontrará as suas questões e respostas….
Na procura da luz que nos guie para longe dos becos onde só se encontramos a parede que reflecte o oposto de nós, sempre teremos dois caminhos.
Continuar como ovelhas de um rebanho ordeiro, seguindo os passos de um pastor com todos os projectos empacotados na dispensa da memória, ou assumir que não vale a pena viver qualquer tempo que seja dedicado a enganar a nossa essência.
Deixar de tentar enganar a nossa alma é compreender que apesar de todos os erráticos caminhos percorridos, seremos sempre capazes de conduzir a folha de Outono que nos sentimos, até ao repouso desse segundo do lançamento da âncora do “eu” perpétuo.
Basta apenas um instante para tudo perder ou tudo recomeçar! É assim! Tudo se joga na roleta da vida. Mais tarde ou mais cedo chegará o nosso destino, qualquer que ele seja.
Acreditemos! Pois ele pode ser o eco do grito de quem disparou a arma três vezes, mas sobreviveu, e renasceu afastado da medonha rotina imposta por uma consciência adormecida.
É tempo de passar o testemunho para outras mãos, essas que se encarregarão de enxertar os pedaços perdidos nos cantos onde escondemos as consequências da nossa apatia. A mudança impõe-se por respeito a nós, mas sobretudo à vida.
Gostaria de dizer que é fácil, mas não é!
A vida tem tudo para nos dar mas muito para nos magoar.
Pensam que não são capazes? Acreditem ou mintam as vezes necessárias para acreditar na mentira!
Exijam alcançar mais que o comprimento dos vossos braços e ver além do que os vossos olhos permitam. Desejos rasos em sonhos de mendigo só conduzem à mediania. Pensem o tudo e sonhem para além disso. Não existe outro motor da mudança, outra fonte de energia, que não seja esse dínamo construído com as ferramentas interiores da nossa convicção. Acreditem que estão prontos para iniciar o resto da vossa jornada como almas livres, e deixem-se viajar na rima dos versos que a liberdade escreverá.
Acordem as estrelas que povoam o vosso infinito esplendor, e deixem que a vossa cidade se ilumine de todas as dúvidas! Elas trarão a revelação de todos os mistérios do vosso mistério, caminho único para a construção da silhueta com a qual sairão finalmente para o mundo vestidos de vós.
Tenham a calma que a perfeição exige! E a pressa de emergir de tudo onde antes reinava a calma.
A vida é rápida eu sei!
Mas tudo dura o suficiente para poder ser eterno.
Apressem-se nos caminhos e tropeçarão na realidade, permaneçam parados e perderão a vida. Digam à "pressa" para correr devagarinho e à "calma" que nunca se esqueça que tem "pressa".
Avancem! Não existe querer que não custe, fazer sem falhas, sentir que não doa, dor que não passe, beleza que não acabe, saber sem dúvida, estrelas que não morram, fim sem saudade, inicio sem incerteza, conhecido sem desconhecido, felicidade sem luta.
Não existe lei!
Não existe remédio!
Existe esse caminho que nos trará o dia em que, longe de todos os cansaços, dançaremos a valsa da mente livre e partiremos para o inicio do resto de nós.
Talvez nos cruzemos no resto de mim.

05-07-2009


Caminho….
Não tenho um pedaço de terra com sementes minhas.
Passos decididos em direcção incerta, pintam um quadro abstracto atrás de mim.
Dou voltas no mesmo espaço e só encontro vestígios dos passos que já dei, como quem inverte o sentido e regressa ao que já foi.
Não existe definição de mim,fato que me caiba, canção que me cante, chavões que me carreguem!!!
Que me importa!
Se no indefinível estará o melhor que de mim fale.
Esse que quero conhecer pondo-me à prova, submetendo-me aos trilhos da realidade!
e por isso,
Caminho…

Regresso antes de partir
E parto, antes de chegar!
E quando me canso, Paro!
Escuto vozes externas, escuto vozes internas…
Escuto todas as vozes!
As que quero e as que não quero e compreendo:
- Pior que um destino incerto, é a incerteza de destino nenhum.
E o que faço?
Atalhos? Todos!!!!
Becos? Outros tantos!!!!
Bagagem? Lembranças!!!
Direcções? Todas!!!!!!!
As que desejaria tomar, tomo!
As que não desejo…. Tomo na mesma!
Como não vou à procura de nada, e ao encontro de tudo,
todas as direcções são boas.
Penso!
Não encontro uma razão para ficar.
Parto!
Caminho….

Sou esse, sou aquele
Sou o que quiserem!
Parte de mim ou pedaços de qualquer outro.
Mas sou! E como sempre desejo estar e partir.
E quando chegar, sei que sentirei que o melhor mesmo é regressar.
Não tenho a batuta de qualquer simples certeza.
Chego e não encontro nada que me faça, que me construa.
Regresso.
Esqueço. Não penso.
Para quê pensar, se quando começo já não estou no mesmo sítio?
A minha sombra quer ser serva de outro amo.
Evado-me,
Saio de mim
Caminho…

Analiso: Afinal não sou o único sem norte.
Os caminhos que pensava ter desvirginado com os meus passos,
estão impregnados de pegadas de gente como eu….
Ou mais perdidas que eu!
Descubro.
Não estou só!
Não sou o último dos últimos, nem o primeiro dos primeiros.
Sou mais um no meio de uma procissão silenciosa,
sem velas, cânticos ou heróis,
vencedores ou vencidos!
Simples caminhantes cuja única fé é … Caminhar
E por isso,
Caminho…

Trajectórias!
Curvas, rectas, círculos, diagonais, elipses,
Eu que sei!!!, a ter uma,
Infinito.
Aventureiro sem mapa, sem bússola,
Norte, sul, este, oeste…
O mundo é o palco!
As estradas: o objecto!
Estar perdido: o ópio!
Partir: o sonho!
Encontrar-me: a alquimia!
No meio disso, tudo e nada.
Sublime sensação.
Ter o céu como telhado,
O mundo como casa,
Ser dono do destino, e não ser dono de nada!
Viver do que a vida oferece - entre a calma e a pressa,
o barulho e o silêncio -.
Para que servem os caminhos se não para serem
trilhados por caminhantes como eu?
Corro atrás do que nem sequer sei,
do que, quiças, nunca encontre.
Sigo em frente.
Pedras no caminho - como diria Pessoa - "…guardo todas!
um dia vou fazer um castelo…" .
Não sei se o meu será feito de pedras se de sonhos forjados nas paisagens trilhadas pelos meus passos,
enquanto,
Caminho…

Caminho enquanto quiser, enquanto puder.
Não quero saber de profetas iluminados,
que se dedicam a apagar as marcas de passos,
que nunca terão a coragem de dar.
Gosto dessa ignorância genuína, que se aventura nos espaços,
e aprende perdida nos becos de liberdade.
Caminho porque sou de mim ignorante,
porque qualquer que seja o meu destino, será descoberto a andar.
Parar!
Pararei! Sim pararei, quando a vida me obrigar!
Até esse momento,
e apesar da minha única certeza ser a incerteza
de ter alguma , sei que,
Meu destino é meu CAMINHO.

31-07-2008


Ah! Se as palavras me ajudassem…

Não! Não vou dar-te um qualquer objecto atado por fitas da cor dessa hipocrisia purificante, de quem embrulha materialismos esperando comprar o que nunca estará à venda.
Neste papel em branco, sem vida, irão fluir pinceladas de sentimentos, serão aniquiladas barreiras que impeçam a minha alma de voar até ti, nas asas de um poema que desejo fazer em mim.
Talvez não tenha o génio necessário para criar "esse poema", mas inicio esta viagem com a força de todos os sonhos do mundo, desejoso que a luz do sol me oriente no caminho, e que a paz da noite me traga a esperança de poder dar um sopro de vida às palavras que te quero deixar num papel eterno.
QUERO dar-te algo que SEJA REALMENTE TEU! Que nasça DO MELHOR QUE EXISTA EM MIM!

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Tudo começou um dia, numa sala dolorosamente ruidosa, onde o tempo parou.
Não existia mundo lá fora! Passado presente e futuro confinado a quatro paredes com cores de dor e esperança. Senti, como nunca tinha sentido até aí, a mais devastadora impotência e soltei todos os meus medos em gritos de silêncio. Entre lágrima e lágrima deixei-me viajar na memória, viagem que fazemos sem nos ausentarmos donde estamos e que tão longe nos leva entre lembranças e instantes vividos.
Revisitei todos os momentos que antecederam aquele momento, A RAZÃO DE ESTAR ALI.
E de repente tudo ficou claro, à minha frente o brotar de uma semente, o desabrochar de uma flor, a doce melodia da inocência nos mais belos olhos que só em sonhos imaginava. Na minha mão senti dedos frágeis, desenhados num sonho de eternidade, e no meu coração ecoava a beleza dos primeiros sons de quem rompeu com coragem as fronteiras de um corpo, abandonou o divino sangue maternal e se fez CRIANÇA.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Recordo a emoção do momento em que nos meus braços senti a fragilidade desse corpo acabado de nascer, a surpresa dos primeiros passos toscos e desequilibrados e a celebração aquando da libertação definitiva da fralda.
Revivo a alegria dos primeiros dentes nascidos e a manifestação de coragem por cada um que tombava como guerreiro morto em campo de batalha, merecedor de um memorial especial honrando a sua bravura… não fosse a fada dos dentes aparecer!
Revisito os tempos em que cantou, dançou e representou, subiu às árvores, magoou os joelhos, sujou o mais possível as roupas rebolando no chão como qualquer criança com direito a sê-lo.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

Deixo-me voar nas memórias desse tempo de partilha dum universo infinito, um mundo sem impossíveis coberto por um céu da mais harmoniosa paz.
Construímos palácios encantados, nos seus jardins colhemos flores mágicas que se convertiam em amuletos contra bruxas malvadas que congeminavam para aniquilar a nossa felicidade. Mas não existia magia eficaz contra os nossos superiores poderes e nada impedia que qualquer história tivesse um final feliz, O NOSSO.
Inventávamos brincadeiras! Naves espaciais construídas de esquecidos e velhos jornais partiam para os planetas mais distantes, lá dentro, dois intrépidos astronautas desafiando esse céu desconhecido. Na dispensa, esse espaço sem vida que existe em todas as casas, vizinhos partilhavam problemas e trocavam objectos, e quando partiam, eu, era esse "touro mecânico", onde desafiavas a gravidade e o equilíbrio.
Lembras-te de quando o poder da nossa mente fazia aparecer os objectos que não sabias onde tinhas deixado? - Vamos puxar forte pai! - Dizias. E quando duas pedras eram os dardos velozes e certeiros – bem... às vezes nem tanto! - que atingiam uma qualquer árvore escolhida na natureza, essa natureza amiga que nos fornecia as personagens necessárias à construção de um universo mágico.

Ah! Se as palavras me ajudassem …

A vida não pára! Enquanto eu trilhava os caminhos deste mundo, já tu tinhas a mochila às costas e partias com passos decididos em direcção à escola.
Agora, é-me impossível ter outro pensamento que não o mesmo de sempre: CRESCESTE! Ainda há pouco tempo habitavas outro corpo, depois o meu colo, as discussões de quem já diz existo! Agora começas a construir o teu espaço, esse pedaço de “terra” marcada pelos teus passos cujas pegadas construirão a tua história.
Mas és e serás sempre aquela menina doce que dizia – “Caixolixo”, “Cocholate” –,
a minha ETERNIDADE.
A filha que qualquer pai desejaria ter.
A Chuca, Peterpanzinha, Pintarolas, Pitufinha, Furinhos ...
A MINHA FILHA.


Ah! Se as palavras me ajudassem…

Continuarás a ser essa criança ávida de vida que deseja encher o mundo de animais e os campos de flores. Essa criança que contagia com a sua transparente alegria, cativa pela sua inteligência curiosa, assombra com a sua perspicácia, encanta com a sua vaidade e que nos orgulha por tudo isso e pela natureza meiga, amiga e humanamente generosa.
Nada temas! A tua essência irás descobrindo, cultivando, nessa incessante procura pelo teu espaço, pela concretização dos teus sonhos.
Aparecerão pedras no teu caminho, obstáculos e dificuldades – a vida não é o mundo encantado que tantas vezes construímos – mas nunca estarás sozinha nessa luta.
Preserva essas características que são a tua diferença, a impressão digital do teu carácter.
Trilha as tuas estradas ao ritmo de um passo depois do outro, não vivas na ânsia do “partir” e desfruta em cada dia o prazer do “estar aqui”.
A vida não é uma corrida rápida.
A beleza sempre começa na simplicidade das pequenas coisas, a árvore mais bonita brotou de uma frágil semente, as palavras que aqui te deixo foram escritas letra a letra, os oceanos são formados por gotas de água que lutaram nos caudais dos rios para chegarem ao seu destino. Da mesma forma, os sonhos serão construídos com luta, persistência, coragem, sofrimento, compreensão, solidariedade e muitas vezes perdão.

Ah! Se as palavras me ajudassem...

Um dia desabrocharás para a madrugada e partirás...
E nós que te demos a vida, assistiremos a esse “bater de asas” com orgulho e essa tristeza interior que nos chega através do manto da saudade.
Ficaremos como esses veleiros nos portos silenciosos, esperando uma nova partida, uma nova aventura com essa pequena célula que se transformou numa tão bela flor que nos fez viver numa constante primavera.
Mas hoje, aqui, sentado nesta cadeira sem alma, és apenas:
A OUTRA PARTE DE MIM!
Agora é tempo de continuar, falamos amanhã! Quero escutar todos os segredos e novidades que trazes da escola, abraçar-te e dar-te um beijo
Esta folha que começou em branco, foi preenchida com palavras que gritam um nome e um sentimento...
O nome é JOANA, o sentimento AMOR.

08/07/2008



Momentos, tempos de introspecção...
Pela noite vagueio na escuridão da insolência folgando o corpo fatigado de insanidades. Ostento o pudor da minha vislumbrância e o fulgor dum corpo remexido a madrugada. Meus olhos brilham cores sangrentas como bandeiras duma guerra perdida. De tão longe chegam estes sons entorpecidos, vozes plangentes que clamam a retumbância de tambores vazios.
Este meu jeito às avessas de fazer as coisas... Essa tortura, a demora por entender-me – uma brasa dormente, um desejo escondido, gota de sangue guardada num qualquer canto de um corpo que não me pertence.
Confusão! Descuido bem cuidado, perda... estranheza às vezes absurda.
Mas é assim que eu, um bicho arisco, assustado, grito minha vida na timidez das palavras, pisar no lodo, chafurdar na lama, cara no vento flauteando flores, inocência... não saber de amores... não se queimar na perigosa chama...
Pular, correr, viver com desatino, livre, sem dor, ansiedades...
Não ter paixões... jamais sentir saudade!
Apreciar a vida simples de menino: Pião na mão e nunca pensar..., viver na brincadeira, nunca guardar rancores ou lembrança.
Vivo esta minha vontade de ser criança!
Pela manhã quanta metafísica existe no viver inconsequente, no voar tão sem propósito desses pequeninos pássaros matutinos tão ingénuos e tão tolinhos! Não, não me atormentem mais com inúteis e complicadas questões existenciais, a vida é em si mesma a única questão incompreensível que tanto insisti em interpretar num rosto que jamais vi, como um retrato do Profeta que jamais foi pintado.
Uma alma sem corpo, sangue sem vida, desejos íntimos e sonhos secretos trancados na antessala da luz no limiar duma consciência que jamais encontro.
Amanheci abrindo a porta do mistério no qual guardo a minha vida enquanto durmo, procurando nele o meu sorriso matutino, meu olhar sereno e deslumbrante, minha intenção mais genuína e solidária, e também, minha alegria renascida.
Mas por mais que busque nas gavetas e nos restos da noite que finda, nada achei pendurado nos cabides a não ser a lembrança de outros tempos e - atónito ante a ausência de mim mesmo, sentindo-me num beco sem saída - apertei o gatilho da memória, e correndo até o espelho da esperança, meti nele minha sombra amarrotada e lá estou, esperando-me sentado até a hora de voltar, nem sei de onde.
A nuvem veio e o sol parou.
No intervalo da sombra quantos pensamentos houveram?
Quanto esqueci, quanto sonhei?
Na volta da luz, fuga da nuvem não foi mais eu que o sol iluminou.
O que vemos das coisas são as coisas. Não há sentidos ocultos, nem segundas intenções na natureza.
Há somente uma certeza: tudo está sendo o que realmente é!
Acordo de noite subitamente. No cais da escuridão sem limites, não há portos de luz nem palavras. É como se a vida fizesse um intervalo, um corte no seu ciclo de horas, na sofreguidão do dia.
Acordo de noite subitamente como se acorda na morte. Temo o destino nada é certo as tragédias sobrevêm em marés e a razão não explica o mundo.
Um plano de mistérios foi arquitectado por alguém que não sonha como nós e não tem qualquer compromisso com a poesia. Sinto possível o ser um sonho de outrem numa noite mal dormida: quando acordar desaparecerei como uma nuvem e o amanhecer do seu dia será a minha morte. Num espaço falso entre o que fui e o que sou, perduram as frases que eu não disse, aqueles gestos que eu não quis fazer, e toda a história da minha vida que o destino não pôde escrever.
Mas se te dei algum contentamento e, se algum dia em algum momento, me vistes como meu coração me vê e eu não mais sinto, guarda de mim como eu guardarei de ti pela eternidade, pequenos fragmentos de saudade deste sangue que um dia teve corpo, deste ser que voou nas asas dos teus sonhos, desta criança que perdida na sua caixa de brinquedos perdeu o seu verdadeiro sangue, sangue dos que me amavam e que qual tirano ousei derramar.
E todas as manhãs do resto dos nossos tempos, que as nossas almas partam eternamente em busca de novas esperanças, sejam elas qual forem, e quem sabe um dia descobrirei que o errado não foi pensar que não te amava, mas sim que poderia algum dia ousar pensar viver sem ti.
E nessa manhã serena talvez nos encontraremos outra vez como seres que nasceram para partilhar a aurora de uma juventude forjada na agonia do desejo de nunca estarmos ausentes.
Isso se nesse dia o nosso verdadeiro sangue não pertencer a outros corpos



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