Numa folha colorida
De uma vida arrancada
Vou cantar um hino à vida
Vou compor uma balada
Sons de cantor sem voz
Que da vida faz canção
Num ritmo sempre veloz
Sem qualquer diapasão
Neste trotear de sons
Uma música já ecoa
Não interessam os acordes
Se a palavra for boa
A vida é pássaro ferido
Num imenso vendaval
É um barco perdido
Num enorme temporal
É flor que desespera
Pelo seu raio de luz
É lavrador que espera
Pelo que a terra produz
É sentir-se exilado
Numa terra num país
E sentir-se abandonado
Por quem mais nos diz
São conquistas guardadas
Por temor ou por opção
Por armas disparadas
Com a nossa própria mão
Mesmo que sintamos frio
É preciso não esquecer
Que podemos ser um rio
Que desagua onde quer
É um mar de almas livres
Continuamente a crescer
Que das memórias faz livros
Para que possamos ler
É um palco de esperança
Para quem com vontade
Quiser ser como a criança
Que só sente liberdade
É um belo e imenso mar
Fluindo sem barreiras
Onde temos que nadar
De variadas maneiras
Por vezes é perseguida
Pela força do mais forte
Mas a força desta vida
É maior que a sua morte
Mesmo que tenha passado
Sem que tenhamos conseguido
O que teríamos desejado
Nela ter construído
E por isso ter que pagar
Com lágrimas derramadas
O preço de carregar
Vidas não desejadas
Pensem muito claramente
E com os cinco sentidos
Que no meio de tanta gente
Um dia estivemos vivos
E enquanto respiramos
Saiámos desse coma profundo
De não ser quem desejamos
E lutemos por esse mundo
E se em qualquer canção
Existe sempre um refrão
Esta é a excepção
Que à regra dá razão
24/08/2009
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