By Placido De Oliveira on segunda-feira, agosto 24, 2009
Toco as sombras que me tocam na distância do sentir real.
Ouço vozes que me calam na vontade de falar.
Acordo e durmo, em alternada teimosia de quem insiste em ficar...
Somo todos os meus receios na conclusão que rejeito.
Oh céus...
A quem roubei estas palavras que alguém escreveu por mim?
Que deuses me venderam esta aventura, sem entusiasmo, sem retorno?
Começo a sentir a degradação do meu juízo e temo, pelo requiem da lucidez.
Sobram arrependimentos e pretextos de fugir...
Crescem cortinas e máscaras à intenção dos excessos que não quis!
Os últimos demónios de mim mesmo, brigam entre si na disputa do seu fim.
Vem o luar e a brisa em compassos de aflição...
Vai a maré e o tempo no desperdício da razão!
Fragmentos do meu medo, que se unem em metástase de pavor.
As portas sussurram as saídas e o corredor...
Branco e estreito insinua com timidez o que não vi!
Momentos de dignidade, sopros de alma em saldo!
Senti e corri....
Sorri...
Vivi, fugi...
Perdi...
Sonhei, chorei...
Berrei...
Amei, voei...
Lutei,
Gozei, passei...
Sobrei...
Fui burla,
Logro...
Fui um só momento: a versão humana de um mau investimento.
Olho-me!...
Quem somos, nesta saudade do que não tive?
Neste ciúme do que não fiz?
O ultimo lixo dos outros lixos.
Desperdício do lixo que se diz ser gente...
...e faz da gente, o seu lixo!
Pensar, deixou de ser um exercício de existência...
Passando a ser um verbo do meu passado.
...e a vassalagem que presto à noite, tornou-me súbdito do vazio e do nada.
Sinto-me chamar-me...
Lamentando o facto de não me lamentar.
Sinto-me em volta de mim mesmo...
Querendo beijar-me e fazer-me dormir.
Sinto-me possuir-me na minha própria mente...
Ensinando-me de novo a sorrir!
Sinto-me arder na ânsia de te tocar...
Sinto-me chamar-te ao teu mundo, já sem mundos e sem mim!
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