Poesia e pensamentos livres

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Nas garras de uma alma ditadora vou em direcção a um destino que é meu, enquanto eu não sou o meu destino.
Começo a sentir o meu corpo a esvaziar-se de vida.
Estou de partida, ausente de mim, passageiro clandestino despido de tudo que lhe possa dar um nome. Sou outra vez turista dentro da minha própria cidade, vagabundo em esquinas com ecos da minha história. Deixo-me levar pelos caudais de um rio sem corrente, numa noite onde tudo é permitido.
Sim! Vou partir.
Viajar no passado e no futuro, para onde quero e com quem quero – sempre agradecerei ao sonho e à poesia essa liberdade –. Vou reaver sonhos acabados e inacabados, tentar parar o vento com palavras que, quando consciente, guardo para mim.
Não tenho qualquer certeza, mas agasalhado em incertezas já sinto o calor das palavras que sempre roubo ao abraço da noite. Estou na fronteira, cumpro os formalismos necessários, bebo o veneno da escravidão, e deixo-me adormecer ao som do “requiem” do condenado. Parto!
Já sinto a poesia...

Por momentos vou viver, com cegueira consentida
Vou deixar-me adormecer, para dar à alma vida.
Ausento-me do meu corpo, sem tempo para entender
Porque rasga o sentimento as entranhas do meu ser.
Vou dizer tudo o que penso sem poder pensar o que digo
Vou rasgar o meu sentimento com tempo para estar comigo.
Na escuridão eu vou ter para os olhos doce luz
Vou morrer para ver nascer o que o sonho produz.
Nestes sonhos vou dizer onde descobri o norte
As forças que venceram cada dia a minha morte.

Mas é assim!
Sempre carregarei uma alma que para explodir de vida, necessita do meu alheamento temporário.
Uso esse tempo para apreciar o belo, o único, todas as manifestações grandiosamente simples de uma eternidade que nos precede e que ficará depois de nós. Sou explorador desse território acidental chamado de ser humano. Essa realidade finita, que na ilusão da sua existência, na ambição egoísta de ser qualquer coisa diante da superior importância do universo que o criou, quer matar a sua pequenez tentando levantar-se, ser alguém!
Quando nascemos, devemos com humildade, assumir a nossa insignificância. Nesse preciso momento, ajoelhamos perante o mundo e a este nos submetemos morrendo a partir daí. Não entender isso é abrir as portas ao constante desespero com a nossa condição de efémeros.
Compreendi!
É o facto de sermos mortais que nos veste de originalidade, que nos explica, que nos faz apreciar cada segundo em que a beleza se manifeste.
Agora que sou condenado a um sono diferente, grito!
Grito as últimas palavras e deixo-me adormecer lentamente.
Aceito! Contradigo-me!
Faço a apologia da vida e entro na escuridão sem esboçar qualquer resistência.
Que posso eu fazer?
Se nesta noite consentida experimento o que de melhor me deram os meus dias. A minha alma conhece-me bem e aproveita-se disso. Prepara-me a ratoeira com o meu queijo preferido e faz-me deambular em mim até ao momento em que não resisto mais e me delicio com esse alimento libertador.
Neste leito onde descanso de mim e do mundo, os meus olhos assimilam uma luz que chega como relâmpagos, flashes de uma vida submersa mos mares longínquos e profundos da memória.
A minha alma vai para a rua num domingo primaveril, fala! Comigo ou para mim, para outros ou com outros, mas não a escuto!
Ela assim o desejou.
Tapo-me de alegria, de saudade, de mentira de verdade, cubro-me pela vida, para a vida, com a vida.
Em cada sonho um porto, cada porto uma lembrança, cada lembrança uma esperança, cada esperança um poema.
Sou soldado que não enfrenta o inimigo, mas este ao dar o seu passeio triunfal no campo de batalha, não terá um único espaço que não esteja coberto de palavras escritas com o meu sangue.
Sangue com o qual construí, palavra a palavra, um hino à amizade pura, ao sorriso que liberta, ao erro que é preciso, ao amor ou desamor, a tudo o que à minha passageira eternidade dá cor.

Nem sempre toquei a lua com os sonhos de criança
Mas dei nome a uma rua, chamei-a de esperança.
Tive sonhos conquistados, tropecei sem dar por isso
Tive sonhos derrotados, mas vivi apesar disso.
Cada dia ao despertar foi ser que enfrentou a natureza
Um dia com coragem, outro como mendigo à mesa.
Chorei lágrimas de saudade, sorri com o coração
Fiz versos de liberdade, pinturas de escravidão.
Comi a comida dos ricos, provei o sabor dos pobres
Caminhei com proscritos, estendi a mão a nobres.
Sofri com a desilusão de gente de alma ausente
Injustiçado sem razão, perdoei humildemente.
Errei por ter arriscado, ser ermitão sem ermida
Mas errar é um pecado, cujo perdão é a vida.
Por vezes alma indefesa, tantas vezes lutador
E se num dia foi presa noutro foi predador.
Admito agora que sempre tive um objectivo
Recusar-me a existir, sem nunca me sentir vivo.
Tive ânsia de experimentar, recusei viver esperando
Vivi! E agora posso contar, o que aprendi caminhando.

Sinto que tenho em mim todos os passos do universo. Saio para a rua, para o mundo, de dentro de mim ou em mim, mas saio! Sou criativo, diverso, planto uma arvore…ou duas…e erro até ao limite da inconsciência.
Errando consegui ver o lado estrelado das coisas, esse lado eterno que sempre quis fazer meu. Arrisquei viver e por isso errei até à exaustão. Errei mais por não desejar o erro de nunca ter errado, por saber que a sua inexistência é ausência de vida.
Não! Nunca senti qualquer arrependimento, seria estúpido sentir isso! Como se o tempo pudesse voltar para traz.
Errar é a consequência da nossa loucura, mas quem a não tem, ou está morto, ou é completamente louco.
Quem está vivo cai! É impossível viver sem saber como cair, e por isso errei! O suficiente para quando senti a lama na face, voltar a vestir aquela roupa acabada de comprar que sempre me faz sentir uma pessoa nova.
Viver é uma outra forma de conjugar o verbo errar.
Conjuguei-o em todas as suas formas.
O dia em que ousar pensar deixar de cometer erros, ou o meu corpo vegeta, ou a alma que o alimenta entrou nessa sonolência vivida por quem se cobre com o manto da vergonha no crepúsculo da desilusão.
Embebedemo-nos de vida e erremos como um desvairado borracho para quem tudo é possível. Quem nunca ousar enganar-se, nunca experimentará a doce melodia de ter acertado. O engano é necessário porque o acerto é imprescindível.
Se algum dia encontrárem alguém que vos diga que nunca cometeu um erro, não percam a oportunidade de lhe perguntar como é viver no paraíso.

Aprendi que nesta vida, o erro a ninguém pára
Apenas abre uma ferida que o próprio tempo sara.
É mestre clarividente, chegada e despedida
É diário confidente, em cada nova partida.
Ouro que não se esgota, riqueza feita memória
De quem arrisca a derrota, morrendo pela vitória.
Estátua de sangue erguida a quem nunca esqueceu
Que só não erra na vida quem nunca nela viveu.
E quem pensa que do erro, já teve sua parte na vida
Está morto, ou o seu enterro, vai descendo a avenida.

Tenho amigos porque os amigos são comemoração.
São flores plantadas no nosso caminho, para que dele façamos uma constante primavera. Uma porta sempre aberta quando todas as outras se fecham.
Na amizade existirá sempre a poesia muda, a eternidade num momento sem razões que a razão entenda.
Um problema partilhado numa confissão libertadora, felicidade transmitida ou desventura compreendida. Distâncias encurtadas numa negação exigida, beijo adormecido num abraço sem mais nada.
Um amigo é um segredo de boca em boca contado, muitas vezes esquecido, mas tantas vezes lembrado. Um jardim, um refúgio numa longa caminhada, semente plantada nas areias do deserto, que cresceu e se fez árvore para apoio de tudo o que em nós é incerto.
Não tem defeitos nem virtudes, existe! Não precisa dizer quem é, apresentar-se. A sua impressão digital está gravada na nossa alma. Falando ou em silêncio, na luz ou na escuridão, na presença ou na ausência, será sempre a página mais gasta do livro da nossa vida.
Aquele que desconhece que foi o nosso ponto de apoio, leme, ar, contradição, critica e elogio. A outra asa do anjo que voa no nosso corpo, tudo o que nos resta, quando já nada nos resta.
Que aparece quando o nosso coração precisa de ser trespassado pela lança da crença. Quando sentimos a necessidade de ser amados pelo pobre que somos, pela nossa perfeição imperfeita.
Não é luz que guia por estar um passo á nossa frente, é a outra sombra da nossa sombra, porque caminha ao nosso lado. Que nos faz valorizar as estradas já conquistadas, já percorridas, e entender com humildade os caminhos por desbravar.
Um dos objectivos mais importantes que temos na vida, não é poder ser o que somos, mas sim o que podemos vir a ser.
Quem sozinho caminha nesta direcção pode até chegar mais rápido, mas quem caminha com amigos, chegará, nesse desígnio, muito mais longe.

Aprendi que a amizade não escolhe coração
Que para ser de verdade nasce e vive sem razão.
É um constante partir sem precisar de estar
É viajar sem sair é um constante chegar.
Não necessita presença é um nada que tem tudo
É superior à ausência é um belo filme mudo.
É sentimento que perdura aroma que paira no ar
É vida, sonho, é ternura, é um ter sem esperar.
É silêncio em lugar incerto, palavra em espaço trocada
Abraço de coração aberto, momento sem mais nada.

Sorrio!
Quando alguém me oferece o que de mais precioso tem na vida – o seu tempo – expresso o meu agradecimento com algo tão puro e genuíno como um sorriso de ternura.
Não deixo que se note na minha face as marcas das lágrimas que não choro.
Sorrir é a marca de uma alma livre, brilho de um coração que arde em felicidade cuja chama se reflecte na face.
É a manifestação da abertura do jardim da nossa alma para a beleza da vida. Que a nossa boca seja essa estrela que brilha e ofusca no firmamento infinito, em todas as noites que alguém necessitar de um farol no horizonte longínquo. Que a nossa boca seja uma flor que desabrocha todos os dias para conforto das solidões, esperança no desânimo, consolação da tristeza.
Nunca seremos tão ricos para desvalorizar a sua importância, nem tão infinitamente pobres que não possamos experimentar a sensação de dividir um.
Não se compra, não se empresta com ideia de retorno ou rouba por inqualificável inveja.
Vale tudo nesse preciso instante em que o oferecemos livremente, e no dia que alguém o recuse, sorri outra vez! Porque não existirá ninguém mais necessitado de um sorriso do que aquela alma que ainda não aprendeu a importância de sorrir.
Dá-me esse sorriso que pensas que para ti não te serve de nada, mas que explodirá na minha alma, como força redentora para voltar a acreditar em tudo o que em mim já morreu.

Um sorriso é brincadeira da alma
Poesia dum coração em esplendor
Reflexo de um ser livre, em calma
Com o mundo e com o seu interior.
Expressão de humildade confiante
Reflexo de paz com genuína alegria
De quem conscientemente ignorante
Sabe que sorrir é prova de sabedoria.
Conforto que se concede ao momento
Poesia que pode mudar uma vida
Gesto de quem não afasta do seu pensamento
Que nada mais é preciso para sarar uma ferida.
Melodia que o corpo sempre acalma
Forjado na verdade é magia vitoriosa
Terapia para conforto da alma
Bala perdida da arma mais poderosa.

Sou o início de todos os meus inícios e iniciei-me tantas vezes quantas as que amei.
Amar!
Poesia construida de versos nascidos sem qualquer explicação. Conquista feita ao finito no infinito. Invólucro da alma, sangue de um corpo em direcção à eternidade.
Amar!
Hino tantas vezes tocado por melodias de incompreensão, mas quase sempre, proclamado como o mais sublime dos sonhos de um ser findo na sua condição. Poesia e prosa de um livro em constante elaboração. Caminho inevitável de quem deseja ser chegada de outra qualquer partida.
Amar!
Sentimento que tanto revigora como nos enfraquece, prisão e liberdade, segundo e eternidade. Vontade desinteressada de ser, pertencer, completar e completar-se.
Tudo o que carrego na mão que não sendo meu, é de mim o que melhor possuo.
Completar-me em outro, sem que o outro seja meu e eu lhe pertença.
Amar!
Mar imenso, intransponível, forte e avassalador, cuja beleza nos encanta, mas também nos afoga de dor. Renúncia da razão! Quem ama sabe que ama e não tem que encontrar para isso qualquer explicação.
Amar!
Guardar as máscaras que carregamos, e deixar que pintem um retrato de inocência com as cores da nossa verdade despida.
Sentimento que não se inicia num eclipse de vidas, mas no exacto momento em que outra vida passa a existir dentro da nossa.
Amar!
Desejo de permanecer, existir, viver e ser, parte de outra parte nesse momento chamado “sempre”. Um perdão num abraço, numa carícia num toque de pele. Gostar sem maquilhagem, de robe de chinelos e não imaginar um futuro vestido de outras roupas.
Amar!
Ausência dos olhos, presença no pensamento. Desejo, paixão, união, sexo, esse imenso beijo que não cabe na dimensão do corpo.

Mas agora que pretendo escrever sobre algo que nunca viverá de palavras, e a elas sempre será superior, paro!
Invade-me uma cruel tristeza.
Quando começamos a explicar o amor, entendê-lo, defini-lo, somos vítimas de uma irónica certeza!
Não amamos!
E por isso, Silencio-me! Quero permanecer na incerteza.

Amar!
Viagem sempre sonhada em cada estação da vida
Tantas vezes uma chegada, outras tantas, uma partida
Um reino sem soldados, terra sem qualquer dono
Onde todos são escravos, reis e rainhas sem trono.
Felicidade acompanhada, paz completamente a sós
Sentir o coração apertado, mas dar mais força aos nós.
Morrer em tudo o que nos fez, esquecer o que sabemos
E voltar a nascer outra vez, no outro em que vivemos.
Olhos que não querem ver, beleza noutra presença
Que só se abrem para o ser, que lhes dá a sua essência.

Regresso agora de tudo o que vivi sem nunca lá ter estado. Desse abandono do tudo que penso ter, sem nada possuir. Mudo de reino, acabou o eclipse, resgato o homem caído, a criança pintada de sonho, o animal feito presa. O anjo renasce, já sente o troar das trombetas que anunciam a ressurreição. A criança sai para a rua e brinca com o seu peão, o homem já luta pela sobrevivência, procurando nos despojos pedaços de um corpo esquartejado.
Construo-me!
Já me sinto e a minha alma já me consente. Sou outra vez causa e efeito, razão e coração, e lavo-me da camuflagem da sanidade insana da minha consciência.
Como posso ter esta triste e infame ilusão, esta crueldade desnecessária de pensar que posso escrever? Como consigo ficar sereno quando pretendo roubar palavras à vida? Sei que não o faço por ser um vulgar marginal, mas porque não resisto à sua beleza.
Sou um doente! Um condenado que paga o seu crime com o sangue que derrama palavra a palavra, verso a verso. Aceito o meu carrasco e mato-me, em cada segundo, em cada hora, em cada dia. Mas sou livre nesta escravidão e "morro"! Sim "morro"! Mas por mim, à minha maneira. A única que admito, porque de outra forma nunca viveria!
Não tardará que sinta outra vez o doloroso abandono da vida, que meu corpo seja saqueado e esquartejado, mas não importa! Enquanto vítima de uma insana alma, sei que em cada renascer doloroso construo-me e sinto-me sempre, sono a sono, sonho a sonho, muito mais perto de mim.

Em tudo que aqui digo, tudo ficou por dizer
Mas esse é o meu castigo, por ter ousado querer
Escrever da vida conceitos, que só poderão nascer
Em quem sentir seus efeitos, por ter arriscado viver
Nada mais consigo escrever neste meu despertar
Outro dia o meu corpo dormirá para a minha alma sonhar.
Sonhos de vida e de morte, sonhos de caminhadas
Onde o azar e a sorte andam sempre de mãos dadas.
A curiosidade é a autenticidade no meu conhecimento
Barco de liberdade com velas que no infinito têm seu vento.
E no fim sei por defeito, que o facto de estar satisfeito
Poeta de mim não faz!
Agora que já me ilumina a luz que alguém para mim fez
Leio o que o sonho produz e quero adormecer outra vez
Voltar a sentir a paz que essa escuridão me traz.

Amanhã voltarei...Em "morte" consentida ou na vida permitida.
Eu que sei!
Toda a minha vida assisto ao domínio do meu corpo pela mente, mas no fim da minha história, serei subjugado à tirania do corpo.
Por isso agradeço esta alma que carrego e que tantas vezes me aniquila.
Agradeço porque sei! Quando de mim ela for fardo, já não serei nada, terei partido para a uma viagem de onde nunca regressarei.


14-11-2008



alvez, não sei! Não sinto ser capaz!
Tantas exteriores vontades me forçam a entrar no reino das palavras! Tantos os que me querem ver transformado em toscos traços perdidos num papel condenado ao esquecimento. Genuínas e amigas mentes impelem-me para um espaço onde sempre me sinto recluso da sentença perpétua da inferioridade.
Falam-me!
Argumentam!
Despertam-me da hibernação de mim, e vestem-me de coragem!
Impelem-me!
Colocam-me nessa estrada tortuosa de usar a linguagem para gritar o que sempre calo, pintando com sangue de uma ferida que não tenho, quadro de uma eternidade que não sonho.
Obrigam-me a ir contra a minha vontade de não ter vontade.
Querem que seja arquitecto de um edifício que não sei desenhar, e que por momentos, acredite que talvez!
Talvez um dia seja capaz de construir com o cimento das palavras um edifício consistente de incontestável eternidade. Desejam que acredite que não estou distante do dia em que entrarei pelas suas portas, e me sentarei no seu átrio como um conquistador que assume o trono que sempre lhe pertenceu.
Talvez, não sei! Não sinto ser capaz!
E como balanço quando essas vozes em mim ecoam! Elas não sabem (Ou sabem e por isso insistem…) como sou arrebatado pela beleza de todas as mentes livres que ousaram e conseguiram criar imortalidade. Admiro o que é de outrem e destruo desapiedadamente o que é de mim. Não por ser compulsivo destruidor de tudo o que é meu (que sou...), até porque nada em mim existe que mereça essa perda de tempo, mas porque sempre me vejo espelhado na estátua do soldado desconhecido, um peão de outras glórias.
Tenho e terei as minhas conquistas, e delas farei a minha isolada eternidade. Mas ficarão sempre nas histórias secundárias, nos destacáveis, nas últimas páginas, nas curiosidades sobre o enredo principal, e nunca mas primeiras linhas da história sobre a história.
Talvez, não sei! Não sinto ser capaz!
Por momentos invade-me a necessidade, cativa-me a ideia e todos os meus sonhos são partes desse edifício. Portas forjadas de diamantes que projectam sua luz num vasto infinito. Janelas com vista privilegiada sobre uma cidade chamada mundo. Quartos com alma mobilados com peças de eternidade, corredores com as cores da esperança e o silêncio da música de todos os sonhos do mundo. Jardins coloridos com flores perfumadas de liberdade, fontes de paz donde jorra agua dos oásis da memória. Recantos que cantam na melancolia da noite melodias de agradecimento à vida, e despertam com a aurora para o abraço dos passos curiosos e firmes de quem pisa um sonho sonhando o seu.
Tenho a ideia do espaço mas não tenho qualquer espaço para a ideia.
Talvez, não sei! Não sinto ser capaz!
Expludo em sentimentos contraditórios, tenho a simplicidade de quem o que sabe, sabe porque viveu. Não sei inventar o que não me constrói, relatar o que não experimentei, pintar cores que não sinto, transmitir o que não acredito. Não sei musicar sons que não escuto, criar personagens tipificadas que não sejam o espelho da minha alma ou reflexos de tudo o que desejaria ter sido e nunca foi.
Não sei fazer isso!

Não tenho bola de cristal, tenho a vida.
Não tenho o motivo, sou a ausência de razões.
Não tenho o ritmo da emoção! Somente a emoção.
Não tenho páginas de palavras, tenho palavras.
Não tenho método, sou metodicamente desorganizado.
Não tenho prazos, sou o prazo que o tempo me der.
Não tenho início, meio e fim, tenho o caminho.
Não tenho capítulos, tenho momentos.
Não tenho irracionalidade, sou uma razão irracional.
Não tenho drama tenho a esperança.
Não tenho a fatalidade tenho a paixão de acreditar.
Não tenho o sofrimento, tenho a alegria.
Não sou o desencontro, sou a estrada da procura.
Não sou a guerra, sou efémero para ver eternidade nas armas.
Não sou a morte, sou o “Quixote” perdido nos moinhos da vida.
Não sou a constatação, sou a descoberta.
Não sou a imagem sou o reflexo.
Não sou partida nem chegada sou a ponte.
Não sou o objecto sou o sujeito.
Não sou o filme sou o espectador.
Não sou o livro sou a estante.

Talvez, não sei! Não sinto ser capaz!
Não sou nada e por vezes sinto que o sou o tudo que faz um nada único. E é nesses lapsos de tempo, os poucos em que me engano acreditando, que as vozes que me impelem a construir vêm como as marés, trazendo para a areia o sargaço da dúvida. E nesses momentos construo, não esse edifício onde querem que seja rei sem trono, mas uma jangada de sonhos onde me lanço ao mar desta solitária escravidão chamada escrita.
Resta-me esperar que todas as vozes que em mim ecoam, e todas as outras que em mim gritam, um dia consigam transformar a minha cabana de infinita ignorância num edifício que se ergue nos céus da imortalidade.
Talvez, não sei!
Entre a dúvida acompanhada e o acreditar em silêncio, existirei!
Quem sabe um dia serei capaz!

28-07-2009






A minha alma agoniza
Numa cela confinada
Quer sair, ser na brisa
Pelo vento acarinhada

Isolada em quarto oposto
Às paredes onde habito
Com lágrimas no rosto
Solta amordaçado grito


Grito de quem desespera
Para me ter a seu lado
De quem sabe que na espera
É sangue de corpo emigrado

A minha alma quer partir
Encontrar outro abrigo
Quer ser livre, se evadir
Viajar sem estar comigo

Nas águas de qualquer rio
Deseja um novo baptismo
Servir qualquer senhorio
Que não reze ao quixotismo

Caminha descalça de tudo
Vagueia em estrada sem fim
Sente o seu corpo desnudo
Vai nua sem roupa de mim

Tem frio mas não se tapa
Tudo dela está ausente
Clandestina e sem mapa
Treme em pele que já não sente

Às estrelas do firmamento
Confessa a esperança no dia
Desse novo renascimento
De quem morre na utopia

E nesta aparente calma
De quem pensa que viveu
Por cada lágrima da alma
Sofre ela, sofro eu

Tenho vida e muita história
Dei passos em cada estação
Mas não encontro memória
De não ter paz sem razão

Vivo efémeros sentimentos
Sou um clone de alguém
Tenho inúteis pensamentos
Sem alma não sou ninguém

Sou mendigo em viagem
Não tenho sabor de vitória
Não suo qualquer linguagem
Não vivo qualquer glória

Sou um desesperado refém
Duma máscara de momentos
Para mostrar-me a alguém
Ocultando meus tormentos

Sou o rosto da perdição
Ignoro quem me reclama
Em cada comemoração
Sabor amargo sem chama

Sou esse rio escondido
Que por momentos secou
Sou esse jardim despido
Que o vazio conquistou

Sou um rei sem trono
Amo de gente muda
Sou coração sem dono
Mente que pede ajuda

Meus olhos não queriam ver
Quem sem mim está perdida
Que sem ela sou um ser
Sem razão para dar à vida

Resta-me a consciência
De saber que na verdade
Sem alma a minha existência
Não dá passos em liberdade

Este amor não tem idade
Nem porto nem estação
Tem uma única verdade
Corpo e alma em união

Ecos de um só grito
Partamos à aventura
No fim veremos escrito
Na lápide da sepultura

Fomos maestro e melodia
Corrente e acorrentados
Fado, ópera ou sinfonia
Pelo amor sempre tocados

24-09-2008



Hoje acordei, e como quase sempre é normal, com vontade de dormir. Cumpri todos os rituais que sempre acompanham cada manhã, cada nascer do sol, cada despertar de voz dormente. Espreguicei-me tantas vezes quantas o meu corpo pediu, enrosquei-me e bocejei vezes sem conta. Agarro o relógio com mãos ameaçadoras e olhos que suplicam clemência. Desejo mais uns minutos! Cada segundo é importante! E contra a tirania de um relógio que não atende as minhas preces e recusa clemência concedo-me esse privilégio.
Claro que pensei! Como penso todos os dias, na irresponsabilidade de utilizar um tempo que não é meu, que vendi mendigando uma liberdade que hipotequei, na esperança de um dia poder voltar à casa de penhores para a ter de volta. Claro que pensei! Como penso todos os dias, na beleza que me espera lá fora, que "um minuto de olhos fechados são sessenta segundos de luz perdida". Pensei nisso tudo! Mas não abri janelas, o sol continuou a ser apenas um fio entrando pelas frestas que não consegui fechar, e continuo escondido nesses lençóis que quando fogem de mim, procuro como a sofreguidão de um condenado à morte vivendo os seus últimos momentos.
Levantei-me quando já não podia mais aturar a minha consciência, que não se cala, que grita uns sons inaudíveis que conseguem penetrar bem fundo, no corpo de um animal em estado de hibernação. Levantei-me com essa lentidão característica de quem deseja deitar-se outra vez, mas já não existe retorno! As minhas pernas conduzem uma alma sonâmbula para o primeiro contacto com a água fria de uma manha como qualquer outra.
O meu corpo e a minha alma são o único vestuário que me identifica, mas coloco em mim roupas tipificadas que nos pintam de inteligentes e credíveis aos olhos do mundo. Essas roupas nas quais nem me revejo, e que me fazem sentir uma alma negociada a desfilar na vida, com traços desenhados pelos escultores do barro mais impuro da humanidade.
Saio para a rua e sou mais um no meio de uma cidade em movimento, elemento de um espaço onde ecoam sons de histórias de mundos paralelos, dimensões diferentes numa interacção continua. Vejo caras que nunca chegarão a ter nomes, mas é assim! Somos reféns de uma indiferença sem sentido e somos mestres na arte do silêncio. E eu, simplesmente mais um! Não busco outros olhos, não estendo as minhas mãos e se alguém que me sinta passa por mim, não vejo, não estou lá, estou de passagem! Continuo o percurso escrito no livro que me serve de guião ao papel que interpreto todos os dias.
A minha anatomia segue o seu automatizado percurso, seguindo – isso sim – uma lógica diferente da minha alma. Essa ainda caminha na neblina, descalça, sentindo o chão e tropeçando nos degraus do esquecimento. Desfruta do seu anonimato, e perde-se na vastidão do silêncio que o seu hospedeiro experimenta. Não se excita na monotonia, no tédio mundano, não tem luz e ainda aproveita a sua sonolência na escuridão e vagueia perdida no supremo prazer do nada.
E chego ao "teatro", começa o PRIMEIRO ACTO.
Papel em cima de uma secretária. Papel sem cor, sem alma, sem vida, sem história sem marcas de lágrimas ou alegrias, qualquer coisa que interesse experimentar e recordar mais tarde. Ali estão! Acumulados pelos dias em que para eles olhei, lhes disse olá, mas nada fiz. Chegam outros para na maior parte das vezes seguirem o mesmo destino. Ficarem inertes até esse momento em que mereçam esse ritual sagrado, que tanto me agrada, de lhes dar o eterno descanso. Quatro horas em frente a uma máquina que condiciona uma parte importante da nossa vida. Gasto os dedos, os olhos, o corpo, a paciência a imaginação e ainda só interpretei o primeiro acto. Almoçar, esse período de liberdade condicional que usamos para umas palavras trocadas sobre este e aquele, sobre o tempo que já não é tão previsível, sobre as estações do ano que um dia teremos que redefinir. Sobre as tradições que são memórias de quem já viveu o suficiente para delas se lembrar. Sobre a violência que assola este país de brandos costumes e a corrupção que nos deixam conhecer. Sobre aquele desgraçado que morreu, mas com seis tiros! Não fosse o infeliz ter sido alvo do esvaziar de um canhão de uma arma raivosa não seria notícia. O tempo que desperdiçamos num filme que nunca terá o nosso nome e nunca fará parte da nossa história. E entre mais uma discussão sobre futebol, uma anedota, que para gáudio de um tradicionalista ainda é sobre alentejanos, e qualquer ironia sobre mulheres, surge o som dessa campainha que nos avisa que vai iniciar o SEGUNDO ACTO
É tempo de cumprir mais quatro horas de pena na "solitária". Repete-se o enredo, talvez tenhamos a sorte de ver novos figurantes mas a história, terá os mesmos actores, o mesmo publico, o mesmo monótono ritmo, algo entre a sonolência de Fassbinder e o tédio total de alguns novos filmes portugueses, mas com uma diferença! Com justiça para os anteriores, o final será, mais uma vez previsível.
E eis chegado o momento do fechar da cortina! Sem glória, não aplaudo, aliás ninguém aplaude! Comemoro o seu final sem ruídos nem euforias que possam ser visíveis, mas com a alegria infindável de quem é outra vez dono do seu tempo. Terminou a peça por hoje! Amanhã o teatro abrirá outra vez e tudo se repetirá, mas por agora volto a ser amo e pajem de mim mesmo, é tempo de colocar a minha natureza onde ela chora para estar, do sublime encontro entre a alma e o corpo, tempo de liberdade,
TEMPO DE UM NOVO DESPERTAR.
Sentia-me um náufrago, um poeta sem poesia, um intruso numa vida alheia que invadi porque sou um vendido. Perdido entre a necessidade de viver um tempo que não se repete e a necessidade de voltar a sentir a chama dentro de mim. Prisioneiro das saudades do “ontem” vivido em liberdade e do “hoje” que sonhei no “ontem” livre.
Prisioneiro desse sentimento frustrante de quem deixou escapar por entre os dedos o dia de hoje, porque nunca o conseguiu ter entre mãos.
Parece que acordo de um sono que nunca experimentei, no qual vivi uma vida que nunca existiu, soletrei palavras que nunca chegaram a ser escritas, sofri pensando que sorria, brinquei de estátua com movimentos, cantei canções sem melodia, escrevi o que não foi lido, plantei o que nunca sairá da terra.
Desta vez “desperto” sem dificuldade, porque por mais cinzento que o dia posa ter sido até este momento, ele ainda poderá ter a cor que eu lhe desejar dar.
Levanto-me da "cama" onde "dormi" sem pedir licença ao corpo, sacudo a areia dos farrapos que me cobriam e me asfixiavam e guardo-os para a próxima sessão. O sol parece mais reluzente, volto a sentir o perfume das flores vindo do jardim e consigo escutar o cantar dos pássaros.
Um novo dia acaba de nascer!
Encho meu coração de esperança, sou invadido por uma paz que pinta de todas as cores as paisagens que agora sou capaz de VER e deixo-me voar neste novo dia que será depositário de todos os sonhos que lá couberem.
A minha alma finalmente soltasse do espartilho de valores que não sente, vomita a indiferença, está viva! E em todas as faces existe agora um rosto, um sorriso um nome.
Acabou de passar um tempo que não se repete que passou enquanto desejava outro. Mas não importa! A alma não envelhece, adormece por vezes, mas desperta num qualquer momento do dia. A minha acabou de despertar, para a vida para a morte, para o azar ou para a sorte, para tudo e para nada, mas exclusivamente para MIM.

18-09-2008



H! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Agigantastes uma pátria adormecida com o sonho da universalidade. Conquistastes o desconhecido e chegastes ao topo dessa colina sagrada onde vivem os imortais, e do seu cume decidistes que parte do mundo era vosso.
Nem sempre as velas de vossas naus se moveram por ventos de nobres motivos, mas ecoarão eternamente hinos aos vossos gloriosos feitos.
A vossa herança são hoje páginas de histórias de um povo visionário que construiu um império.
De um David que ousou ser Golias.
Esta terra que hoje pisamos, tão longe está daquela construístes, viveste e pela qual destes a vida.
Somos vítimas de um processo de extermínio promovido pela ausência de consciência. Derramamos agora lágrimas em locais sem “sangue de guerra”, lágrimas feitas gotas de água de um mar que dominastes, mas no qual nos sentimos exilados, atirados à tragédia do nosso próprio destino.
Nas suas areias, debaixo de um manto de vergonha, já não sonhamos com outros horizontes, e simplesmente nos escondemos à sombra como almas do outro mundo tementes do sol.

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Não queremos ser esses cobardes que simplesmente esperam, que vêm a vida a passar pintada de cores e não lhe podem tocar.
Queremos correr e saltar, tocar o arco-íris.
As nossas feridas, são lancinantes marcas de uma luta que não ocorreu, de uma guerra sem palco que nos mata.
Vivemos na incerteza atordoados por carrosséis de imposturas.
Não nos deixam entrar no campo de batalha
– Cobardes –
Não desejam o corpo a corpo.
Os escudos são forjados na hipocrisia.
As lanças untadas na sua ponta com o veneno da indiferença.
As Flechas construídas de mediocridade, voam certeiras e trespassam corpos que ecoam cânticos de libertação ao se verem mortalmente atingidos.
As espadas já não têm código de honra, são empunhadas por esses carrascos que nos leitos das suas concubinas, nesses lençóis acetinados que alimentariam uma aldeia completa, se deleitam com sentenças nascidas em orgasmos de poder.
A justiça é agora de facto cega, tapada pela venda da mais infame cobardia que não ousa olhar de frente os condenados.

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
No nosso sangue já pouco resta do vosso.
Mas ainda somos soldados!
Soldados sem rosto.
Sem exércitos.
Sem monumento.
Heróis anónimos.
Tombamos numa guerra surda pelo direito a ter um pedaço dessa terra adubada com o vosso sangue.
Pelo direito a andar e não estar sempre no mesmo lugar.
Temos que vestir o fato do guerreiro, não para conquistar os mais longínquos oceanos, mas para defender o nosso charco enlameado e a pele dos homens como nós.
Não lutamos para ampliar impérios, mas contra as ambições desmedidas, de quem nos quer tirar a capacidade de sonhar o sonho, de quem nos obriga a partir porque nos asfixia na nossa própria terra.
Conquistaremos cá dentro o que vocês procuraram nos quatro continentes.
Somos o que sempre fomos na nossa história, Destemidos Soldados, e lutaremos contra esse Golias que nos quer confinar aos lugares onde a luz da nossa harmonia nunca estará presente.

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Voltemos a desfraldar essas velas da liberdade e sonho, que um dia partiram no desconhecido.
Voltamos a ser pequenos mas existimos e não desistimos.
Não temos as tuas ”Tágides “ oh Camões venerado
mas temos a força dos humildes, herdada da fúria desses Oceanos que trespassaram com a vossa ousadia.
Não temos armas, mas temos a força de corações oprimidos que tocam o tambor da justiça.
Não temos hinos grandiosos, mas temos a coragem de não ser hipócritas nos prazeres que buscamos.
Não temos bandeiras, temos a força da revolta de quem se senta numa mesa imposta, adornada pela decadência de quem serve esmolas de hipócrita humanidade.
Nunca seremos história, mas temos a honra da humildade
A alquimia da felicidade
A febre da vida
A ânsia da beleza
A visão de quem sonha.
O desejo de querer mais
A AMBIÇÃO DAS DESCOBERTAS

OH! Guerreiros grandiosos! Vos evoco
Desejamos o repouso destas guerras, não queremos ser donos do céu ou senhores da terra. Queremos ancorar nossos barcos num pedaço de terra em que possamos por fim tirar esses sapatos de soldado e encontrar a paz.
Queremos viver num qualquer lugar que seja nosso e ser cobertos na morte por uma terra que trabalhamos com a força das nossas mãos.
E se para isso tivermos que morrer lutando como o fizestes outrora, se tivermos que nos afogar nas ondas forjadas na raiva de um qualquer Adamastor,
ao menos morremos num mar de sonhos e não viveremos morrendo por os não ter.
Unam-se a nós os que já desistiram, ainda estão a tempo de desistir da desistência.
Não nos restam quaisquer duvidas de que, como para todos esses gloriosos conquistadores,

A MORTE SERÁ UMA AVENTURA
A MORTE SERÁ QUASE COMO A VIDA

09-06-2008












Tão longe estou do que de mim sempre esteve perto.
Quantas estradas percorri para me afastar donde nunca parti.
Quantos voos num céu feito de nada para ter coisa nenhuma.
Quantos passos em terras distantes ao som de outras músicas, umas com ritmos de uma abundância que nada valoriza, outras com a musicalidade fascinante de quem é extremamente feliz na ausência de quase tudo.
Mas ironia da vida! - É quase sempre nos sons da simplicidade que me deixo viajar dentro do meu universo à procura de mim. Dessas gentes retenho a alegria dos rostos, a transparência do olhar, a nobreza dos corações, a incrível - praticamente em extinção… - alegria do “dar” sem esperar receber.
E nesses momentos, quase sempre me sinto regressar à minha cadeira da escola primária, para mais uma vez aprender uma lição: assumir com realismo o que temos e não temos, e apesar disso viver em perfeita harmonia dentro e fora de nós.
Nesses momentos sinto o quanto somos privilegiados em poder “caminhar descalços” sentindo o pulsar da terra, porque tenho diante de mim quem caminha “sem pés”.
E nessas viagens recordo a criança que brincava no meio da natureza com um qualquer pedaço de madeira caído no chão e desse objecto fazia a mais mortífera das espadas contra inimigos imaginários a vassoura veloz de uma bruxa que amaldiçoava todos os que impediam qualquer história de ter um final feliz; o motor de uma roda de metal invencível em todas as corridas; o perfeito barco que velejava em qualquer caudal de água por mais seco que pudesse estar; com umas panelas furadas ou amassadas que sempre se encontravam nos lixos de outros lixos, tinha a mais perfeita das baterias e sentia-me o maior baterista do mundo….
Não tinha nada, e nada era impossível para ter tudo.
Recordo-me do quanto era feliz nesses momentos. O que a vida não me dava, a imaginação e a criatividade compensavam, e por isso compreendo (creio que com alguma autoridade ….) a alegria dos rostos estampados daqueles cujo passado, presente e futuro é esse simples “pedaço de madeira”.
Sou assim - imagino que como muitos outros… -, “réu” da vontade de aventura, adito terminal da experimentação, e alienado por esta droga, experimento tudo e por vezes regresso mais vazio do que quando parti. No fundo talvez seja esta a essência de “viajar”, nunca saber o que encontrar, deslumbrar-se com o que de nós se afasta, na ânsia de dessa forma enriquecer o baú da “experiência".
Mas tanto já viajei, tantas aventuras já vivi, que me pergunto qual a razão porque nisso penso agora?
Se a minha essência me impele a fugir do que é meu, porque me castiga agora, com a necessidade de compreensão das razões dessa consciente “fuga”?
Talvez nunca consiga entender esta necessidade silenciosa, mas ao tentar faze-lo, entro numa espécie de aventura mais perigosa e difícil que todas as outras. Perigosa porque não tenho bem claro que a obter respostas as mesmas me agradem, difícil porque não existe nada mais imprevisto que viajar dentro de nós para chegar ao nosso mais profundo “eu”.
Mas quem sai sempre há-de chegar e quem foi sempre há-de contar, para quem ficou, que o importante é viajar, seja a bordo de uma jangada ou num sonho colorido.
É no fundo como que entrar no mundo da poesia, que tanto gosto de dizer que é parte importante do sangue que me corre nas veias.
Porque a POESIA é dar luz à alma quando a escuridão desfila! Deixar que o sonho penetre no calor do um corpo adormecido e esquecer-nos do mundo!
Cada viagem é tempo que não se repete, vida que não mais teremos, gente que se cruza nas nossas vidas de uma forma efémera ou para sempre. É tudo aquilo que consciente ou inconscientemente vai mudando a nossa visão do mundo, e a forma como com ele lidamos.
É um fluir de emoções, sentimentos, momentos e situações, que vão construindo o nosso carácter, a nossa real essência ou nos seus efeitos mais preversos, somos transformados noutro qualquer ser, que se não nos dermos conta a tempo, começamos a acreditar ser o nosso verdadeiro "eu".
Partir de nós, para chegar a nós, não é infelizmente como realizar uma viagem à volta do mundo em 180 dias, é um périplo tão eterno quanto o seja a própria vida. Nunca conseguiremos chegar ao perfeito conhecimento de quem realmente somos, e as razões porque de certa forma vivemos.
O porquê sentimentos “cinza” num dia colorido, solidão por vezes acompanhada, tristeza isoladamente sentida sem razão aparente, alegrias que se desvanecem no segundo anterior ao primeiro sorriso, passos em estradas que terminam em becos sem saída, dificuldades ultrapassadas que aparecem sobre outras formas e que nos fazem pensar que para nós nada é fácil, lágrimas que não saem porque nos recusamos a exteriorizar a desolação que em nós habita.
E por isso, continuaremos sempre a sair de dentro de nós numa constante “alquimia” pela procura da nossa real natureza.
Mas um destes dias que felizmente ainda vão passando por nós, num qualquer espaço longe dos turbilhões mundanos, voltamos a pegar nesse “pedaço de madeira” mágico e regressamos ao inicio de todos os inícios. No nosso sangue corre outra vez a verdadeira substância de que somos feitos, nosso coração volta a sentir a perfeita harmonia de quem não pode sonhar maior tesouro para ter do que o seu barco, a sua vassoura, a sua espada e bateria.
E chegado esse dia, talvez seja o momento de - antes de desejar fortemente uma coisa - perguntar primeiro a quem a tem o quanto é feliz por isso?
Nesse dia compreenderemos que o nosso maior erro foi ter esse “pedaço de madeira”, e na sua ponta colocar um lança para lutar pela valorização do efémero em detrimento do eterno.
Entenderemos que as nossas lágrimas são (não raras vezes) o resultado da frustração hipócrita de quem tanto deseja o que não tem, e que nunca aprendeu a valorizar e apreciar o muito que já conseguiu.
Compreenderemos que sempre tivemos a capacidade de olhar, mas nunca conseguimos efectivamente “ver”.
Que procuramos sempre longe de nós o que sempre esteve perto, que todas as riquezas do mundo não nos pertencem, e que o único “ouro” exclusivamente nosso é o que brilha dentro da nossa alma.

E nesse dia regressaremos outra vez à nossa cadeira da escola primária, fecharemos os olhos e partiremos outra vez para a floresta com esse “pedaço de madeira” em busca da nossa paz.

11-11-2010



Talvez as relações amorosas devessem vir acompanhadas de um manual de instruções em varias línguas, porque na era do amor sem barreiras geográficas tal seria importante.
Todos dedicamos ao tema do amor muito tempo das nossas vidas, quer em conversas nos mais díspares espaços e com os mais diversos interlocutores, quer nos momentos em que isoladamente tentamos (pobres que nunca compreendemos que é impossível…) definir o seu conceito.
Desistimos sempre desse desígnio de qualificar o inqualificável, e contentamo-nos -quase sempre - em listar uma séria de factores que o mesmo deverá incluir seja qual for a sua definição.
Tanto tempo dispendido com esta temática, que deveríamos num determinado momento das nossas vidas ser apelidados de “gurus” do AMOR, e ser convidados a dar palestras nas universidades da vida.
A verdade é que sabemos sempre começá-las, agarramo-nos aos inícios com a sabedoria dos mágicos, operámos transformações milagrosas em nós próprios e no objecto do nosso amor, de repente tudo nos é fácil e grato, sentimo-nos com asas de falcões, nas nossas costas cresce uma capa encarnada e carregamos no peito o símbolo do Super Homem, tudo é óbvio visto assim, o mundo aparece aos nossos olhos como um jardim florido.

Não há nada melhor do que começar uma relação.

O novo é irresistível. Descobrem-se coincidências que vão desde a mesma colecção de cromos, às músicas que escutamos, aos gostos culinários (o sushi que detestávamos até que nos começa a parecer o melhor petisco dos deuses…). Descobrimos o prazer que não tínhamos numa saída com gente que nada nos diz, e drogamo-nos com todas as palavras que escutamos, e que sempre pensamos merecer.

É a primeira vez, outra vez em tudo.

Descobrimos o outro em nós e nós no outro.
Descobrimos que afinal sabemos cozinhar e até uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos (antes entediante) nos parece de um imenso romantismo.
No início de todos os inícios sentimo-nos tão estupidamente felizes que seríamos capazes de morrer a seguir, porque achamos que atingimos o ponto máximo da felicidade.
Mas o pior, o pior mesmo, vem a seguir, como dizia o Picasso "…bom mesmo é o início porque a seguir começa logo o fim…". E quando o fim chega já é tarde demais para voltar atrás. (e como faria falta o tal manual para saber como com ele lidar)
É sempre tarde demais, porque isto do amor é mesmo uma coisa complicada, começa-se do nada, vive-se na ilusão que se tem tudo, mas o que fica quando o amor acaba é um nada ainda maior.
E o pior (dizem os comuns mortais) é que na primeira oportunidade repetimos os mesmos erros à espera de resultados diferentes (o que até me agrada pois é um bom sintoma de demência).
Aos poucos vamos vendo o amor perdendo-se, acabando...sentindo a cada dia mais distância do outro.
O seu sorriso já não é o mesmo, já não aceita a rotina como antes, já não nos olha com tanta ternura, e já não faz questão de esconder o descontentamento...
Sentimos uma grande saudade do que fomos, do que juntos sonhamos, de tudo o que com felicidade construímos. Não sabemos nada dos sentimentos da alma que um dia julgamos gémea da nossa, sabemos apenas do nosso coração, que sente medo, que foge dos sentimentos, que não se entrega mais e que vive atormentado de culpas a perguntar:
Porque?
Num determinado momento compreendemos que: o que mais nos dói é saber que o nosso “eu” e outro “eu” nunca construirão o “nós”.
E quem se considere imune a tais disparates e nunca tenha passado por estas avarias sentimentais, que atire a primeira pedra…
Alguém (desses eruditos que estão sempre seguros de tudo.....) escreveu "… primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que aparece onde antes estava a intimidade …."
E pronto, já está tudo estragado. Acaba-se a festa, o delírio, o fogo de artifício, o sabor da novidade e onde vamos parar? Ao vazio. Ao abismo. Ao grande buraco negro dessa coisa horrível e inevitável que se chama depois, DEPOIS DE SE APAGAR A CHAMA.

Mas esta é a condição humana, doa a quem doer.

Ou então, a ironia da vida separa os amantes para sempre e o fim do amor é o início do mito do amor eterno. Pedro e Inês foram sepultados de frente um para o outro, para que se pudessem ver, caso regressassem ao mundo. Romeu e Julieta nunca mais se separaram no imaginário Ocidental. Dante viveu para sempre ao lado de Beatriz, a Penélope recuperou o seu guerreiro depois de 20 anos de espera.
O amor esse mistério que antecede a vida e sobrevive à morte, reina como um tirano por cima de todas as coisas, mas poucos são os que o conseguem agarrar. É mais difícil de alcançar do que o Olimpo, porque não está nem no céu nem na terra, paira como uma substância invisível, mais leve que o ar, mais profundo que toda a água dos oceanos.

Pode até ser apenas uma invenção dos homens para fugir à morte, ou uma realidade para dar razão à vida.
Mas! Ilustres e comuns cortais, tudo o que é belo é digno das nossas lutas, e por isso fujamos dessa terra sem esperança, onde habitam os crentes de que na vida não existe sofrimento, esses que ainda não descobriram que nos caminhos do amor qualquer sofrimento vale a pena.

“ …ainda pior a convicção do não, ou a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase….”

É o “quase” que nos deve entristecer, "...que nos mata trazendo tudo o que poderíamos ter sido e não fomos. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam entre os dedos, nos momentos que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no Outono. Perguntamo-nos às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna, a resposta está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços na indiferença dos “bons dias”, quase que sussurrados. Sobra a covardia e falta de coragem até para sermos felizes..." (Sarah Westphal)

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
De nada adianta economizar a alma, um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Ah! Ânsia de amar Febre bendita...É Inevitável! Um dia perderei outra vez a lucidez e voltarei a amar.

11-11-2010


Sabes, pensei em escrever-te com o coração, mas entendi que as palavras que brotassem dessa forma pura do meu interior, não serão importantes para ti, seriam ridículas e fora do teu contexto actual, seja ele qual for.
Em vez disso vou escrever-te com uma racionalidade que tenho para mim, e de ti retinha o mesmo, contrária á vida. Vou escrever-te o que não sei se algum dia lerás, uma auto apelidada conversa com minha sombra, palavras nascidas de uma razão da qual não conheço a nascente.
Terei eu perdido o amigo de outrora com o qual palavras desprovidas de razão, eram o ópio que se queimava horas a fio em lugares sem rosto?
Terei eu perdido o guerreiro com o qual travei batalhas para a compreensão do universo onde nos encontramos?
Terá sido fumado por ultima vez o cachimbo dessa paz interior, que permitia o renascer todos os dias da inspiração para uma dialéctica partilhada na busca da pureza e da verdade?
Não!
Recuso-me a admitir que tudo esteja perdido, e por isso aqui estou a travar esta ultima batalha, mesmo que num monólogo condenado a ficar no esquecimento.
Porque terás tu meu amigo que fazer parte de um “jogo” de escolhas?
Por que terás tu que ser uma estrela num céu de alguém, quanto a tua luz brilha isoladamente neste firmamento?
Será que ainda não compreendeste que nesse jogo onde te encontras, se está a perder algo inesquecível, algo maravilhoso, algo único que ainda não encontrei em qualquer outro ser humano, tu meu amigo, sim tu.
Falas do medo de amar, mas tu bem sabes que a vida é composta de tudo isso: perder, ganhar, dor, felicidade, alegria, lágrimas, beleza, paz e guerra, sempre tiveste a clarividência para me ensinar que a vida contém tudo isso, e da mesma forma me ensinaste a com isso conviver e aprender a seguir o meu caminho.
Agora vejo-te a ti a tentar iludir essa realidade que tantas vezes enfrentaste, dentro de um castelo virtual cujos muros são tão altos, que nem deixam ver a luz que tu irradias.
O amor sempre incluirá posse, mas como definir “possessão”?- meu mestre orienta-me no caminho desta definição-, sem a tua ajuda eu só posso dizer que se tu não te pertences como podes pertencer a alguém ou esse alguém a ti?
Se tu não és o dono de ti mesmo, como podes ser de alguém ? nunca estarás preparado para o amor dessa forma meu amigo.
Concluímos em tempos que a nossa ânsia por tudo no seu correcto lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo adequado, não era um prémio para uma mente ordenada, mas pelo contrario, um completo sistema de simulação por nós inventado ainda que inconscientemente, para esconder a fantástica desordem da nossa natureza.
Descobrimos que não éramos disciplinados por virtude, mas como reacção natural à nossa desordem interior, e que tentávamos quase sempre ser prudentes sempre que éramos pessimistas.
E no final, meu mestre, descobrimos que não existe pior escravidão que ser escravos de nós mesmos.
Quantas vezes me ensinaste que a maior descoberta desta vida é a do nosso verdadeiro "eu", e como criticávamos as maneiras que o mundo e as pessoas inventam para se defenderem da dor.
Inventam papeis, mascaras, palavras, faces, sempre com o mesmo objectivo, não sofrer.
Aprendem infelizmente muito cedo que o sofrimento começa quando se expõem diante dos outros como são, e que essa exposição os converte em almas vulneráveis.
Mas tu meu mestre, ensinaste-me uma grande lição, ensinaste-me que tudo isto não passa de uma grande mentira para satisfazer espíritos débeis, ensinaste-me que não existe forma de evitar a dor nesta vida.
Ensinaste-me que quando isso fazemos tornamo-nos reféns de nos próprios, e o nosso coração numa prisão, vivemos numa ilusão de segurança que definitivamente não existe, e perdemos a oportunidade de experimentar inesquecíveis emoções.
Que saudades tenho de ti meu amigo e dos teus sábios ensinamentos.
Amar e outras coisas na vida tem os seus riscos, incluindo o risco de sofrer, mas tu próprio me disseste um dia, que existem outros riscos na arte do amor, o risco de ser amado, respeitado, correspondido sem limites, desejado e tudo o mais que resultar da sublime realização de amar.
Vive a tua vida meu querido amigo e mestre, a tua!, a que sempre desejastes, e que comigo partilhas à muito tempo, ama quanto puderes, quanto sentires, e fica certo que nunca serás menos por isso, bem pelo contrario serás aquilo a que um dia designaste por: o mais bravo guerreiro do amor á face desta terra.
Volta a ser verdadeiro contigo próprio
Eu estarei sempre naqueles lugares sem rosto à espera de fumar uma vez mais contigo o ópio da verdade
Tua sincera amiga
A tua sombra

24/08/2009


Gosto de passear em ruas desertas nas horas estupidamente mortas das gentes, estar preso ao chão libertando pensamentos nos silêncios de uma cidade vazia.
Despir-me da roupa que veste os preconceitos e falar para todos os ausentes, porque as vozes que tenho dentro são gritos de força, liberdade e poesia.
Um lamento que não solto, um medo que não digo, uma lágrima num breve espasmo.
Fascina-me os caminhos da escrita, mas como escrever se de nada estou seguro?
Tenho urgência das palavras como a angústia que se solta no momento do orgasmo.Quando escrevo duvido, desconheço meus limites, mas nestas minhas ausências no universo das letras, todos os meus sentidos absorvem pedaços de vida dispersos que pinto num papel com alma.
Sou composto por urgências, por verdades desequilibradas, por emoções intensas, coloco-me em exílio voluntário, mas na minha alma explodem todos os mais belos sonhos da vida.Sou dominado por sentimentos que nascem em desconhecidas fontes inesgotáveis, por mais poesias frustradas que possa escrever.Sou um náufrago condenado a viver numa ilha banhada pelo mar turbulento da realidade, sem qualquer esperança de vir a ser descoberto através das ideias.Mas o importante não é escrever mas sentir!
Como qualquer louco continuo a acreditar que momentos de irreal paixão, são filhos adoptivos da nossa realidade e pais legítimos da nossa essência.
Fora da agitação das multidões, só! Intensamente só com a minha complicada mente, caminho tranquilamente procurando uma estrada com o meu nome gravado.
Escrevo e não peço menos que o infinito.
Vivo entre a lucidez e a loucura.
Sou um sem abrigo, desterrado, que nos sentimentos faz turismo.
Tudo o que é obscuro tem para mim a beleza inigualável do incerto.
Agora apetece-me mandar passear os pensamentos, apagar as ideias luminosas e fazer voto de silêncio.
Não pretendo ser mais um entre iguais, porque isso é ser nada!
Nivelado, raso!.
Nunca serei mestre.
"Grande não é o poeta e sempre será a poesia".

E revisitando Descarte “Penso logo existo” eu digo “Penso e como cansa! ”
E por isso vou descansar! Mais tarde eu volto a existir.

11-11-2010


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