Poesia e pensamentos livres

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Cada dia me dispo das vestes gastas de mim.
Esqueço o que fui para lembrar-me de quem sou.
Nada me chega completo porque nada procuro.
Experimento tudo vestido desse nada que carrego.
Sou realidade entre o momentâneo e o eterno.
Memória de encontros fortuitos coloridos de eternidade pelo pincel do acaso.
Transfiguro-me todos os dias com rituais tipificados na irrealidade confusa das coisas, num equilíbrio desequilibrado, na ânsia de mim no universo dos erros que cometo.
Mas sei que em mim tudo tem que ser assim.
Consequência de solidão imperfeita que arrisca na perfeita espontaneidade.
Nada será meu que eu não sinta e nada terei que não me construa.
O que disso poderia ficar é um nada de um erro clandestino.
Memórias! Só as que não matam o presente por comparação.
Memórias! Só as que não matam o presente na ânsia de futuro.
Nunca me perdoaria a angústia de pensar em corrigir erros.
Cometo outros.
As possibilidades são infinitas.
Sou maravilhosamente imperfeito e estupidamente momentâneo.
Tenho corpo para sentir o vento e uma alma para admirá-lo.
E só quero continuar a deslumbrar-me fora de mim, sem palavras inúteis, com todos os silêncios de um sorriso de admiração.
E no meio da confusão das coisas, que já não questiono, quem sabe tocar uma outra imperfeição que me complete.
Estou vivo e tudo é consequência.
E só assim me pertenço por destino meu.
Nada mais me interessa!
O meu dia chegará!
Sempre chega!
Por esse lado certo de todo o errado que existe em nós,
A vida.
06-11-2010




Caminho….
Não tenho um pedaço de terra com sementes minhas.
Passos decididos em direcção incerta, pintam um quadro abstracto atrás de mim.
Dou voltas no mesmo espaço e só encontro vestígios dos passos que já dei, como quem inverte o sentido e regressa ao que já foi.
Não existe definição de mim,fato que me caiba, canção que me cante, chavões que me carreguem!!!
Que me importa!
Se no indefinível estará o melhor que de mim fale.
Esse que quero conhecer pondo-me à prova, submetendo-me aos trilhos da realidade!
e por isso,
Caminho…

Regresso antes de partir
E parto, antes de chegar!
E quando me canso, Paro!
Escuto vozes externas, escuto vozes internas…
Escuto todas as vozes!
As que quero e as que não quero e compreendo:
- Pior que um destino incerto, é a incerteza de destino nenhum.
E o que faço?
Atalhos? Todos!!!!
Becos? Outros tantos!!!!
Bagagem? Lembranças!!!
Direcções? Todas!!!!!!!
As que desejaria tomar, tomo!
As que não desejo…. Tomo na mesma!
Como não vou à procura de nada, e ao encontro de tudo,
todas as direcções são boas.
Penso!
Não encontro uma razão para ficar.
Parto!
Caminho….

Sou esse, sou aquele
Sou o que quiserem!
Parte de mim ou pedaços de qualquer outro.
Mas sou! E como sempre desejo estar e partir.
E quando chegar, sei que sentirei que o melhor mesmo é regressar.
Não tenho a batuta de qualquer simples certeza.
Chego e não encontro nada que me faça, que me construa.
Regresso.
Esqueço. Não penso.
Para quê pensar, se quando começo já não estou no mesmo sítio?
A minha sombra quer ser serva de outro amo.
Evado-me,
Saio de mim
Caminho…

Analiso: Afinal não sou o único sem norte.
Os caminhos que pensava ter desvirginado com os meus passos,
estão impregnados de pegadas de gente como eu….
Ou mais perdidas que eu!
Descubro.
Não estou só!
Não sou o último dos últimos, nem o primeiro dos primeiros.
Sou mais um no meio de uma procissão silenciosa,
sem velas, cânticos ou heróis,
vencedores ou vencidos!
Simples caminhantes cuja única fé é … Caminhar
E por isso,
Caminho…

Trajectórias!
Curvas, rectas, círculos, diagonais, elipses,
Eu que sei!!!, a ter uma,
Infinito.
Aventureiro sem mapa, sem bússola,
Norte, sul, este, oeste…
O mundo é o palco!
As estradas: o objecto!
Estar perdido: o ópio!
Partir: o sonho!
Encontrar-me: a alquimia!
No meio disso, tudo e nada.
Sublime sensação.
Ter o céu como telhado,
O mundo como casa,
Ser dono do destino, e não ser dono de nada!
Viver do que a vida oferece - entre a calma e a pressa,
o barulho e o silêncio -.
Para que servem os caminhos se não para serem
trilhados por caminhantes como eu?
Corro atrás do que nem sequer sei,
do que, quiças, nunca encontre.
Sigo em frente.
Pedras no caminho - como diria Pessoa - "…guardo todas!
um dia vou fazer um castelo…" .
Não sei se o meu será feito de pedras se de sonhos forjados nas paisagens trilhadas pelos meus passos,
enquanto,
Caminho…

Caminho enquanto quiser, enquanto puder.
Não quero saber de profetas iluminados,
que se dedicam a apagar as marcas de passos,
que nunca terão a coragem de dar.
Gosto dessa ignorância genuína, que se aventura nos espaços,
e aprende perdida nos becos de liberdade.
Caminho porque sou de mim ignorante,
porque qualquer que seja o meu destino, será descoberto a andar.
Parar!
Pararei! Sim pararei, quando a vida me obrigar!
Até esse momento,
e apesar da minha única certeza ser a incerteza
de ter alguma , sei que,
Meu destino é meu CAMINHO.

31-07-2008

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