Poesia e pensamentos livres


Os sonhos são a procura do oásis esplendoroso
Onde absorvemos uma agua de vida sem parar
São o refúgio do guerreiro nobre e valoroso
Que não recusa uma causa pela qual deva lutar

São as esperanças que teimosamente guardamos
Num recanto especial dentro dos nossos corações
E que despertam sempre que na vida desejamos
Partir numa aventura em busca de emoções

São a possibilidade de experimentar outras vidas
Quando a que vivemos nos causa tanta frustração
De construirmos castelos com as ilusões perdidas
Onde encontramos a paz e aniquilamos a solidão

São a flor que regamos e que não deixamos morrer
Cujo perfume absorvemos sempre que necessitamos
Cuja magia nos embala e nos ajuda a compreender
O mundo por vezes desumano onde nos encontramos

São uma fonte de tesouros de valor incalculável
Porque não são efémeros como a vida nos faz crer
Brotam do interior qual fonte pura e inesgotável
E não devemos imaginar maior tesouro para ter

Com eles descobrimos a nossa verdadeira natureza
Quais alquimistas procurando o precioso tesouro
Experimentamos alegrias e aniquilamos a tristeza
São a nossa forma livre de converter metal em ouro

24/08/2009


Sabes, pensei em escrever-te com o coração, mas entendi que as palavras que brotassem dessa forma pura do meu interior, não serão importantes para ti, seriam ridículas e fora do teu contexto actual, seja ele qual for.
Em vez disso vou escrever-te com uma racionalidade que tenho para mim, e de ti retinha o mesmo, contrária á vida. Vou escrever-te o que não sei se algum dia lerás, uma auto apelidada conversa com minha sombra, palavras nascidas de uma razão da qual não conheço a nascente.
Terei eu perdido o amigo de outrora com o qual palavras desprovidas de razão, eram o ópio que se queimava horas a fio em lugares sem rosto?
Terei eu perdido o guerreiro com o qual travei batalhas para a compreensão do universo onde nos encontramos?
Terá sido fumado por ultima vez o cachimbo dessa paz interior, que permitia o renascer todos os dias da inspiração para uma dialéctica partilhada na busca da pureza e da verdade?
Não!
Recuso-me a admitir que tudo esteja perdido, e por isso aqui estou a travar esta ultima batalha, mesmo que num monólogo condenado a ficar no esquecimento.
Porque terás tu meu amigo que fazer parte de um “jogo” de escolhas?
Por que terás tu que ser uma estrela num céu de alguém, quanto a tua luz brilha isoladamente neste firmamento?
Será que ainda não compreendeste que nesse jogo onde te encontras, se está a perder algo inesquecível, algo maravilhoso, algo único que ainda não encontrei em qualquer outro ser humano, tu meu amigo, sim tu.
Falas do medo de amar, mas tu bem sabes que a vida é composta de tudo isso: perder, ganhar, dor, felicidade, alegria, lágrimas, beleza, paz e guerra, sempre tiveste a clarividência para me ensinar que a vida contém tudo isso, e da mesma forma me ensinaste a com isso conviver e aprender a seguir o meu caminho.
Agora vejo-te a ti a tentar iludir essa realidade que tantas vezes enfrentaste, dentro de um castelo virtual cujos muros são tão altos, que nem deixam ver a luz que tu irradias.
O amor sempre incluirá posse, mas como definir “possessão”?- meu mestre orienta-me no caminho desta definição-, sem a tua ajuda eu só posso dizer que se tu não te pertences como podes pertencer a alguém ou esse alguém a ti?
Se tu não és o dono de ti mesmo, como podes ser de alguém ? nunca estarás preparado para o amor dessa forma meu amigo.
Concluímos em tempos que a nossa ânsia por tudo no seu correcto lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo adequado, não era um prémio para uma mente ordenada, mas pelo contrario, um completo sistema de simulação por nós inventado ainda que inconscientemente, para esconder a fantástica desordem da nossa natureza.
Descobrimos que não éramos disciplinados por virtude, mas como reacção natural à nossa desordem interior, e que tentávamos quase sempre ser prudentes sempre que éramos pessimistas.
E no final, meu mestre, descobrimos que não existe pior escravidão que ser escravos de nós mesmos.
Quantas vezes me ensinaste que a maior descoberta desta vida é a do nosso verdadeiro "eu", e como criticávamos as maneiras que o mundo e as pessoas inventam para se defenderem da dor.
Inventam papeis, mascaras, palavras, faces, sempre com o mesmo objectivo, não sofrer.
Aprendem infelizmente muito cedo que o sofrimento começa quando se expõem diante dos outros como são, e que essa exposição os converte em almas vulneráveis.
Mas tu meu mestre, ensinaste-me uma grande lição, ensinaste-me que tudo isto não passa de uma grande mentira para satisfazer espíritos débeis, ensinaste-me que não existe forma de evitar a dor nesta vida.
Ensinaste-me que quando isso fazemos tornamo-nos reféns de nos próprios, e o nosso coração numa prisão, vivemos numa ilusão de segurança que definitivamente não existe, e perdemos a oportunidade de experimentar inesquecíveis emoções.
Que saudades tenho de ti meu amigo e dos teus sábios ensinamentos.
Amar e outras coisas na vida tem os seus riscos, incluindo o risco de sofrer, mas tu próprio me disseste um dia, que existem outros riscos na arte do amor, o risco de ser amado, respeitado, correspondido sem limites, desejado e tudo o mais que resultar da sublime realização de amar.
Vive a tua vida meu querido amigo e mestre, a tua!, a que sempre desejastes, e que comigo partilhas à muito tempo, ama quanto puderes, quanto sentires, e fica certo que nunca serás menos por isso, bem pelo contrario serás aquilo a que um dia designaste por: o mais bravo guerreiro do amor á face desta terra.
Volta a ser verdadeiro contigo próprio
Eu estarei sempre naqueles lugares sem rosto à espera de fumar uma vez mais contigo o ópio da verdade
Tua sincera amiga
A tua sombra

24/08/2009

Acredito que momentos mágicos teremos
Para que sejamos nós mesmos de verdade
E na loucura da vida a fonte encontraremos
Para beber os sabores da plena felicidade

Embriagados pelos aromas de querer viver
Sem limites e com jovial loucura viajamos
Para a vida que merecemos e exigimos ter
E não a que nos impõem e nunca desejamos

Seremos livres para nos céus voar
Para outros mundos belos e risonhos
E aprenderemos dia a dia a disfrutar
Viver nos ventos dos nossos sonhos

Este futuro que imagino no meu pensamento
Não é um lamento por derrotas já acumuladas
É um grito interior de ânimo e grande alento
Pelas vitórias que ainda temos destinadas

É que se a prisão onde nos obrigam a respirar
Não tem os aromas que perfumam a nossa vida
Não deixemos que a velhice nos faça acreditar
Que não existia uma outra qualquer alternativa

Esta revolta que agora convosco quero partilhar
É uma esperança para que todos no seu cansaço
Possam algum dia ter forças para poder lutar
Pela felicidade forjada ao ritmo do seu passo




Toco as sombras que me tocam na distância do sentir real.
Ouço vozes que me calam na vontade de falar.
Acordo e durmo, em alternada teimosia de quem insiste em ficar...
Somo todos os meus receios na conclusão que rejeito.
Oh céus...
A quem roubei estas palavras que alguém escreveu por mim?
Que deuses me venderam esta aventura, sem entusiasmo, sem retorno?
Começo a sentir a degradação do meu juízo e temo, pelo requiem da lucidez.
Sobram arrependimentos e pretextos de fugir...
Crescem cortinas e máscaras à intenção dos excessos que não quis!
Os últimos demónios de mim mesmo, brigam entre si na disputa do seu fim.
Vem o luar e a brisa em compassos de aflição...
Vai a maré e o tempo no desperdício da razão!
Fragmentos do meu medo, que se unem em metástase de pavor.
As portas sussurram as saídas e o corredor...
Branco e estreito insinua com timidez o que não vi!
Momentos de dignidade, sopros de alma em saldo!
Senti e corri....
Sorri...
Vivi, fugi...
Perdi...
Sonhei, chorei...
Berrei...
Amei, voei...
Lutei,
Gozei, passei...
Sobrei...
Fui burla,
Logro...
Fui um só momento: a versão humana de um mau investimento.
Olho-me!...
Quem somos, nesta saudade do que não tive?
Neste ciúme do que não fiz?
O ultimo lixo dos outros lixos.
Desperdício do lixo que se diz ser gente...
...e faz da gente, o seu lixo!
Pensar, deixou de ser um exercício de existência...
Passando a ser um verbo do meu passado.
...e a vassalagem que presto à noite, tornou-me súbdito do vazio e do nada.
Sinto-me chamar-me...
Lamentando o facto de não me lamentar.
Sinto-me em volta de mim mesmo...
Querendo beijar-me e fazer-me dormir.
Sinto-me possuir-me na minha própria mente...
Ensinando-me de novo a sorrir!
Sinto-me arder na ânsia de te tocar...
Sinto-me chamar-te ao teu mundo, já sem mundos e sem mim!





Quando alguém parte sentimos uma grande tristeza
Um sentimento de total perda e nada que nos alegre
Mas no nosso coração deve ficar a alegria da certeza
Que a despedida não é um adeus mas um até breve


Não tenhas tristeza na despedida, porque na verdade
Quem agora parte fica eternamente guardado no coração
Daqueles que agora ficam com eterna e sentida saudade
Até que numa outra qualquer vida se retome essa união.

Este adeus que agora pronuncias num silêncio apagado
É querida amiga uma tão simples e efémera saudade
Existira uma nova oportunidade do reencontro esperado
Onde com quem agora parte viverás toda a eternidade



Longe das paisagens rasgadas pela firmeza dos meus passos
Trilho outros caminhos, construo novas histórias
Outras vidas, outras gentes, outros sons ritmos e compassos
Enriquecem e vão enchendo o baú das minhas memórias

Meu imaginário, aglomerado disperso de frágeis existências
Amadurece pela dura visão daqueles a quem falta quase tudo
Seres habituados a iludir com pura alegria infindas carências
Num palco onde a vida é “ontem” e “agora” o único futuro

Mar revolto e tormentoso, este onde meu barco tenho velejado
Ondas feitas crianças deambulando na rua de mãos estendidas
Ventos fortes , feito gritos de quem vive do lixo abandonado
Correntes feitas sons de canções de ilusões há muito já perdidas

Sorrisos que se escondem em corpos marcados pelo tempo
Aparecem de todas as direcções, cruzam-se no meu caminho
Nostalgias efémeras aniquiladas pela inocência do momento
Em que num frágil e tímido cumprimento mostram seu carinho

Estas raízes plantadas no meu ser de uma forma doce e pura
Lutam, resistem à erosão do tempo para que no fim só fique
A memoria, o sonho, o sentimento da saudade feita ternura
Dos caminhos percorridos neste país chamado Moçambique



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