Poesia e pensamentos livres


Longe das paisagens rasgadas pela firmeza dos meus passos
Trilho outros caminhos, construo novas histórias
Outras vidas, outras gentes, outros sons ritmos e compassos
Enriquecem e vão enchendo o baú das minhas memórias

Meu imaginário, aglomerado disperso de frágeis existências
Amadurece pela dura visão daqueles a quem falta quase tudo
Seres habituados a iludir com pura alegria infindas carências
Num palco onde a vida é “ontem” e “agora” o único futuro

Mar revolto e tormentoso, este onde meu barco tenho velejado
Ondas feitas crianças deambulando na rua de mãos estendidas
Ventos fortes , feito gritos de quem vive do lixo abandonado
Correntes feitas sons de canções de ilusões há muito já perdidas

Sorrisos que se escondem em corpos marcados pelo tempo
Aparecem de todas as direcções, cruzam-se no meu caminho
Nostalgias efémeras aniquiladas pela inocência do momento
Em que num frágil e tímido cumprimento mostram seu carinho

Estas raízes plantadas no meu ser de uma forma doce e pura
Lutam, resistem à erosão do tempo para que no fim só fique
A memoria, o sonho, o sentimento da saudade feita ternura
Dos caminhos percorridos neste país chamado Moçambique




Que nestes momentos de introspecção, induzidos por uma época de sentimentos que vagueiam num espaço de magia e criação individual, possamos desejar que nada seja como até aqui, se o “até aqui” não é o desejado.
Que os sons desta época, sejam de cânticos de liberdade e revolta contra o que dentro de nós nos sufoca .
Que o despertar de cada um destes dias revele um “arco-íris” de alegria, e nele vejamos as cores de uma felicidade partilhada.
Que o frio que sentimos seja esquecido pelo calor dos corações daqueles que nos enchem de amor e carinho.
Que todos os que nos rodeiam nesta vida, possam ser relembrados pelo belo, eterno, justo, verdadeiro e puro.
Que os que já partiram sejam lembrados pelo contributo que tiveram para o que hoje somos.
Que saibamos ser humildes para valorizar o simples que conseguimos, e não nos deixemos navegar em oceanos de tristezas efémeras, motivadas pelo que não conseguimos ainda ter.
Que o olhar do futuro não nos faça esquecer que o presente exige todo o nosso empenho e dedicação.
Que não tenhamos esse sentimento de oferecer, porque assim está escrito, mas porque isso desejamos e sentimos.
Que sejamos essa criança que recebe um boneco, e com ele constrói um milhão das mais belas histórias.
E não os tiranos da hipocrisia sempre com palavras circunstanciais que não sentimos.
Que a alegria dos que nos perfumam a alma, seja a transcendente glória isoladamente sentida sem a necessidade de ser descoberta.

Porque se nestes tempos existem dias, na vida existe toda uma eternidade que pode, e deve ser vivida, como se em cada momento fosse natal.
E se o devemos fazer sempre, nestes dias não nos esqueçamos de dizer áqueles que o merecem, quanto os amamos e deles necessitamos para viver.

Porque não existe melhor prenda de natal que um verdadeiro abraço caloroso, um sussurrar daquelas palavras com corpo e alma que não tivemos coragem de noutros momentos proferir.

Um abraço de corpo e alma
natal de 2006




Em tempos já saudosos de uma convivência sadia
As palavras surgiam de forma partilhada e pura
Momentos adoçados por uma contagiante alegria
Sentimentos nasciam forjados pelo aço da ternura

As palavras eram vida e despertavam emoções
Maravilhosos pareciam todos os breves silêncios
O Som era o bater alegre de dois jovens corações
Vibrando ao ritmo de embrionários sentimentos

Como tentei ser verdadeiro e o meu ser entregava
Tentei com humildade compreender outras realidades
Mas num mar de inocência meu frágil barco navegava
Ao sabor de ventos oriundos de outras verdades

Essa vida feita imagem de mulher que desejei poder ter
Vivia e agia ao sabor de outras emoções e necessidades
Eu longe da sua linda presença não via nem queria ver
O abismo que existia entre a minha e as suas vontades

Desejei nesses tempos em que só vivi um sonho profundo
Sentir-me seu e do seu natural prazer fazer minha alegria
Desejei ter asas e com ela voar em direcção a um mundo
Idealizado pela minha sã loucura e inesgotável fantasia

Mas rapidamente a vida uma vez mais se encarregou
De provar que afinal neste mundo é quase sempre infeliz
Quem a alguém todo o seu ser sem reservas entregou
Sem perceber a diferença entre o que se faz e se diz

Como é triste verificar nas memórias desses tempos
Que aquela a quem dei minha alma e todas as ilusões
Em quem depositei infindáveis e puros sentimentos
Abraçava com todo o seu ser outras mentes e paixões

Continuarei alquimista não sonhar é deixar de viver
Morre um sonho outros renascem e lindos florescem
Acredito no amor e em dar sem nada esperar receber
Acredito na vida e em momentos que não se esquecem

Quando um dia as dificuldades me obrigarem a sentir
Saberei serenamente as adversidades enfrentar
Porque não existe qualquer vergonha em um dia cair
A vergonha existe quando não nos sabemos levantar




Estou nos meus sonhos a voar nos teus sentimentos
Tenho na memória cada mensagem sentida enviada
Todos os pequenos mas mágicos e alegres momentos
De uma efémera alegria e partilha nunca imaginada

Cada sorriso silencioso cada suspiro de pura alegria
O corpo que treme invadido por uma serena calma
Desejo que a distância nunca aniquile esta magia
De te sentir ausente e tão perto da minha alma

E se um dia lado a lado na vida pudermos contemplar
E no calor inocente de um abraço sentir tua presença
Quem sabe o momento não será para sempre recordar
Quando no silêncio do meu ser sinta a tua ausência

E quando esta loucura for um sublime acto de amor
De pontes atravessadas à descoberta de um caminho
Conhecerás finalmente o mais belo e nobre sabor
Das formas em que desejo dar-te todo o meu carinho




Solidão, palavra tão isoladamente proferida, sentimento tão profundamente experimentado, por vezes conveniente “álibi” para a incompreensão da nossa realidade, do nosso caminho e da fragilidade no domínio da nossa existência.
Ninguém nega que em momentos essa palavra não seja consistente com o sentir da nossa alma, nem questiona a sua intermitente existência, mas poucos conseguem entender a sua essência, e ver nela um universo de ensinamentos sobre quem de facto somos.
É que, quase sempre, não entendemos que a nossa solidão, ou pelo menos o que julgamos como tal, tem o seu embrião em nós mesmos, nos mares profundos do nosso ser.
Cresce protegida pelo facto de em determinados momentos, mais ou menos prolongados da nossa vida, em vez de construirmos “pontes” mais não fazemos que construir “paredes”, onde recriamos com uma excelência que até desconhecemos que existe, o micro clima ideal para a sua sobrevivência.
E é aqui que quase sempre tudo começa, principio e por vezes fim de nos mesmos, causa e efeito, dia e noite de uma existência que poderá nunca mais vir a ser a mesma.

Porque nessas “paredes” douradas onde nos refugiamos vivemos uma existência…
…… Perdidos na comodidade da ignorância.

Rodeamo-nos do que nos surge, não pensamos, estamos cansados demais para esse processo que acreditamos não nos dar a chave da saída.
Agimos sem intenção de construir, e destruímos sem nos apercebemos do efeito dessa destruição (na verdade até acreditamos nada ter para destruir).
Existimos sem preocupação de viver, mas pensamos que vivemos existindo, acreditamos que descobrimos a nossa essência na facilidade do fluir do tempo, sentimo-nos superiores a todos os que não podem realizar tal proeza de viver a despreocupada magia do efémero.
E nunca compreenderemos que a verdadeira nobreza esta em trilhar um caminho que nos leve sempre a sermos superiores ao que éramos antes.
Valorizamos o conjuntural esquecemos o eterno, rendemos homenagem ao acordo fácil e nunca à palavra discordante mas pura, preocupada e amiga, e vivemos com aqueles que pensamos nos privam da solidão, mas que nunca nos farão “companhia”.

Vivemos um mundo de não verdade, qual “Matrix” revisitado, e cometemos o erro de não compreender que essa verdade é a que desejamos ver, mas não a que de facto existe.
Desculpamo-nos com o que a vida nos vai dando, nunca assumimos a nossa responsabilidade, tudo é culpa de terceiros - da vida, das pessoas, dos amigos, dos conhecidos, da sociedade, da conjuntura - mas nunca! Mesmo nunca assumiremos que “não são as ervas daninhas que matam as boas sementes, mas sim os erros de um desleixado agricultor”.
E como o lento caminhar das águas de um rio até ao mar, perdemo-nos nas curvas, evaporamo-nos no percurso, chocamos contra as rochas e caímos na terra.
Caímos de precipícios, por vezes somos desviados para alimento de outras terras férteis, outras vezes prendem-nos em muralhas construídas para não nos deixarem seguir.
Em todo este percurso experimentamos tudo e por vezes perdemos completamente a esperança, e dessa forma a possibilidade de chegar ao tão desejado mar da liberdade.

Mas se um dia estivermos num sítio onde as águas de um rio desaguam num qualquer mar, verificaremos que existem gotas de água que todas juntas formam um belo rio, e que conseguem chegar ao seu destino apesar de todos os obstáculos colocados no seu caminho.
E assim fizeram porque nunca perderam a esperança, qualidade que adquiriram com a verdade, constância e coragem, com repetidos esforços e uma longa paciência.
É que para manterem a esperança, essas aguas sabem que têm conviver com o desespero e ir para além dele, perderão muitos amigos nesse percurso, mas também têm presente que nas nuvens negras que por vezes avistam, existirão chuvas de agua pura que trarão outros para ajudar nessa batalha.
E no seu fluir continuo pelos caudais aos quais estão confinadas, têm a certeza que no final de uma noite vencida, existirá uma aurora, e quem sabe a deslumbrante vista de uma mar puro e eterno para viver.
Estas águas dão-nos uma lição de vida! Sabem que não podem desistir, esse é o seu destino.
Sabem que não podem cair nessa doença de carácter que tem por sintomas a falta de firmeza para tudo, a leviandade no agir e no dizer.
Essa leviandade com a vida, que torna os nossos planos de cada dia tão vazios, que se não reagimos a tempo fará de nós bonecos mortos e inúteis, qual marioneta que só ganha vida impelida pelos movimentos que alguém lhe quiser dar.
E se assim pensarmos, talvez compreendamos que é diferente tentar ser alguém de intrínseco valor, do que alguém com efémero sucesso.
Que primeiro na vida temos que decidir o que queremos para obter isso mesmo, que à beira de um precipício só há uma maneira de andar para a frente: dar um passo atrás, que tudo o que fizermos hoje tem consequências e pode condicionar o nosso futuro.

Nunca existirá esquecimento para as pegadas que escrevemos na alma, e sempre que nos enganamos a nós mesmos cometemos a maior fraude possível na vida, e a partir daqui, todo o pecado é fácil.
E só saberemos quanto estamos perdidos, no momento em que verificamos que já não conseguimos suster-nos com os dois pés na profundidade do rio onde navegamos.

Recompensem com uma fonte inesgotável quem vos presenteou com uma gota de água.

Se fizerem um favor, não o recordem; se receberem um favor, nunca o esqueçam”.

Façam um favor a vocês mesmos convertam-se nessa gota de água que conseguiu desaguar num qualquer mar, e que hoje é tão cristalina, pura e forte, que sempre que aparece, nos perdemos na admiração da sua beleza.

11-11-2010




Nunca sabemos quando é a altura indicada para o fazer, mas deve existir sempre um momento em que devemos parar para fazer um balanço da nossa vida.
Que caminhos já percorremos?
Que objectivos já alcançamos?
Que pessoas se cruzaram na nossa vida e ainda a partilham seriamente?
Que dificuldades sentimos e fomos capazes de ultrapassar?
Porquê elas se nos colocaram?
As paixões e amores que vivemos?
Como nasceram como cresceram, como se mantiveram e morreram?
Que sonhos não fomos capazes de realizar?
Que mundo é o nosso?
Quem temos á nossa volta em que depositamos confiança para trilhar outros caminhos seja qual a for a relação que nos une?
Somos felizes?
Gostamos de nos ver como somos actualmente?
Estamos conformados ou continuamos a lutar?
Temos força para alterar o que achamos que esta mal?
É possível fazer melhor e modificar a nossa vida?

Este exercício é fundamental para entender o nosso presente e mentalmente verificar se existe um grande abismo entre o que somos, o que temos e onde estamos, relativamente aquilo que gostaríamos de ser, que desejaríamos ter e como queríamos de facto ver-nos.

É este o desafio que vos proponho, quem sois?
o que desejais de facto ?
Com quem de facto contais?
Que sentimentos fazem mover os vossos passos e trilhar caminhos nem sempre fáceis?
No fundo da vossa alma por quem chora o vosso coração?
Qual o nome ou nomes que quando fechais os olhos surgem no vosso subconsciente?
Que vida desejais?
Que necessitais para alcançar a felicidade?
Que é necessário para que quando olhem para o espelho tenham um infinito orgulho no que vêem?
Como se imaginam no futuro que desejam?

Todas estas perguntas deverão ter uma resposta na vossa mente, essa resposta gerará necessidades, estas necessidades resultarão em sonhos, estes sonhos na vossa luta quotidiana, este luta no vosso carácter, este caracter no vosso futuro.

Não podeis levar este momento de reflexão com leviandade, é a vossa vida que esta em jogo.
Não temos o direito de desperdiçar a nossa vida com incertezas, superficialidade, amores e paixões efémeras, egoísmo e hipocrisias, ódios sem sentido.

A vida não é um tudo de ensaio onde fazemos provas esperando encontrar a poção mágica para os nossos problemas.
Sente-se, imagina-se, inventa-se, sonhasse, alcançasse.

É sério este desafio.
Não desperdicem a oportunidade de que a vida seja consistente com os vossos lindos sonhos.








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